Helena se encolheu assim que ele a soltou, suas roupas estavam molhadas o que irradiava um frio dolorido até os seus ossos. Corvel andava pelo quarto pegando seus livros do chão.
— Esse vaso foi um presente. — Ele disse se aproximando dos restos dele que estavam no chão.
Helena não o respondeu, apenas abraçou o corpo com mais força tentando achar algum calor no gesto.
Corvel parou de andar vendo Helena tremer de frio. Balançando a cabeça ele foi até a porta, um rapaz passava com um balde e um esfregão.
— Você! — O garoto se assustou deixando o balde cair, espalhando água suja até os pês dele. — Vá até os porões e encontre alguma roupa de mulher nos baús roubados. Depois limpe essa sujeira! — Ele apontou para o próprio quarto.
Corvel foi até a cama e pegou o cobertor que a forrava, ele o jogou em direção a Helena que engoliu o orgulho e se enrolou nele.
— Fique no quarto, um garoto vai trazer roupas limpas e secas para você. — Ele começou a se despir, jogado a roupa molhada pelo chão.
— O que pensa que está fazendo? — Helena se virou de costas com o rosto corado como um tomate.
— Me trocando, pelo que sei esse é o meu quarto. — Ele se vestiu rapidamente.
Helena foi pega pela sua curiosidade, e tentou espiar sobre o ombro, tudo que viu foram as costas dele.
Cicatrizes marcavam toda a pele morena, rasgos brancos em várias direções. Ela se virou, imaginando quais feridas fizeram marcas tão horríveis.
— Fique no quarto, vou colocar homens vigiando a porta, ninguém entrara aqui sem minha ordem. — Ele disse com um leve rosnado no final.
Ele estava furioso, ela percebeu extremamente grata de sua fúria não ser direcionada a ela. Porque o que ela viu no olhar dele, era feroz e primitivo. Algo que ela só achava existir em animais selvagens.
Corvel sai do quarto marchando pelo convés, os homens o encaravam apreensivo. Todos sabiam o que acontecia com quem não cumpriam as ordens.
— Traga-os! — Todos abriram caminho.
Os irmãos que atacaram Helena eram empurrados por Arthur, que apontava uma espingarda em direção as costas deles.
Ele sorriu vendo o estrago que ela conseguira fazer neles. Um estava com um corte feio no rosto que atravessava de um lado a outro. Já o outro segurava as costelas e gemia a cada passo, ela deveria ter o chutado com força.
— Todos aqui sabem as leis desse navio, e todos conhecem o preço a pagar. — Os homens estavam em silêncio, esperando o inevitável. — Escolham?
Corvel retirou a espada da bainha, esperando os homens escolherem seu fim, pela lamina ou serem jogados ao mar ao seu próprio destino. Eles permaneceram em silêncio.
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Diário de bordo de Helena Herondele
Romance"Livro baseado nos cenários e tradições do século 19, os locais e regras citados nesse livro são frutos do imaginário da autora." Helena Herondele herdeira de umas das propriedades mais prósperas de Burgo era uma dama nada convencional, perdera os p...