Capítulo 4

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Genya

  Eu caminhava silenciosamente pelos corredores Zodíaco segurando o frasco com o líquido de odor forte. Eu não havia me arrependido de fazer aquilo com eles; nós ganharíamos tempo, e o tempo era precioso.

A brecha da porta denunciava o cômodo iluminado, mas mesmo assim bati uma vez antes de entrar.

O escritório era enorme; digno de um rei ravkano, mesmo que empoeirado e repleto de teias de aranhas. Não que os últimos reis merecessem um luxo como aquele.

Lá, estava um Nikolai que eu nunca havia visto, incrédulo, com uma mão apoiando sua cabeça. Ele estava sentado numa poltrona de veludo vermelho adornada com ouro, observando juntamente com Zoya e David uma pequena folha amarelada, com um anel enorme de esmeralda servindo como peso.

"Está feito", eu disse séria.

Observei David por alguns segundos. Ele tremia muito, mais que o normal. Dei um sorriso fraco para ele, e o mesmo apenas olhou para mim apreensivo. Era engraçado como nós dois éramos diferentes em todos os sentidos, mas eu o amava, eu o amava muito, e ele também me amava.

"Tem certeza que funcionou?" Zoya me encarou, cruzando os braços.

"Se não acredita, verifique por si mesma, Zoya", bufei para ela, colocando o frasco que trouxe na escrivaninha de Nikolai.

Mas Nikolai apenas olhou para David, dando um leve aceno, pedindo que ele confirmasse.

"Eles estarão bem longe daqui quando o efeito passar..."

"E os três?" Nikolai perguntou, referindo-se a Tolya, Tamar e Maly.

"Bem, é lis'iy yad", ele respondeu trêmulo, ajeitando o óculos numa tentativa falha de evitar o contato visual com qualquer um ali. "Eles mal poderão se mexer nas primeiras semanas."

"São pesos mortos", Zoya reclamou.

"São bons guerreiros, e nossos amigos", Nikolai retrucou, afastando-se bruscamente da escrivaninha, ficando de pé em seguida. "Não iremos deixá-los para trás. Eles só precisam... esfriar a cabeça."

"Você sabe bem qual vai ser a primeira coisa que o Oretsev irá fazer quando acordar"

"Então um mar de distância não o impediria de qualquer forma." Disse antes de voltar para a poltrona.

Era bonito ver Zoya e Nikolai discutindo. Eles tinham uma química interessante, pareciam gostar de debater independente da situação; era como se eles encaixassem perfeitamente, como um rei esperto e uma general destemida.

"Mas podíamos ficar aqui. O Darkling pode pensar que o lugar está deserto, e simplesmente desistir daqui." Ela disse enrolando um dos cachos negros irritantemente perfeitos e sedosos

"Não é assim que funciona", eu disse.

"Não podemos simplesmente desistir!" Ela aumentou seu tom.

David recuou nervoso, porque eu e Zoya estávamos prestes a discutir, mais uma vez na última hora.

"Não estamos desistindo", Nikolai disse, mas não havia ironia em seu tom, só a mais pura frieza de um estrategista. "Estamos recuando. Devemos aproveitar cada segundo que Alina nos deu, porque são poucos que conheço que já se arriscaram como ela está agora."

"Alina Starkov deserdou para o lado do Darkling", Zoya disse, com um tom cortante e imponente que fez com que David se afastasse mais ainda, e foi naquele momento que Nikolai me encarou, porque só nós dois sabíamos sobre o que realmente tinha acontecido naquela noite. "Só não percebem porque há um dia atrás ela era uma Santa que precisava ser protegida a qualquer custo, como se não pudesse partir a porcaria de uma montanha ao meio. Vocês a subestimaram."

"Não fale coisas que não sabe, Zoya", eu disse, mesmo que soubesse que não havia um pingo de mentira em cada uma de suas palavras duras.

Ela só não sabia que naquela noite, Alina me contou tudo naquele chão da cozinha, e pediu que eu confidenciasse apenas para Nikolai.

Ela contou que foi ao encontro dele; que a conexão a puxava cada vez mais para ele.

Naquela noite, Alina contou que a conexão a atraía; e o atraía também; que de alguma forma, os tornava mais fortes. Os dois. Ela disse que nunca derrotaria o Darkling, porque ela não era mais poderosa que ele, e mesmo com um terceiro amplificador, eles sempre seriam iguais, era uma balança constante que os alimentava a cada segundo.

Disse que enquanto ainda houvesse esperança, Ravka ainda poderia ser salva; e que talvez a melhor solução não fosse uma batalha.

Naquela noite... naquela noite, Alina iria para o coração do nosso maior inimigo, e se tornaria nossa inimiga também, se tornaria algo que sempre esteve ecoando como um chamado dentro de si, para que tudo acabasse de vez.

Disse que deveríamos ir para longe até que a hora certa chegasse, porque ela nos ajudaria de alguma forma, quando menos esperássemos; e impedir que Maly a seguisse, porque ela ganharia tempo para que nós evacuássemos todo o Zodíaco, porque sabia que o Darkling apareceria ali alguma hora; ela só sentia.

E eu repeti tudo para Nikolai assim que ela entrou naquela túnel. Concordamos em começar a mandar todos para as colônias do Sul, evacuar o lugar inteiro o mais rápido possível.

Envenenei a água com a ajuda de David, uma erva rara chamada lis'iy yad; alucinógeno que entre muitos dos efeitos provocava uma paralisia nos músculos por semanas. O tempo suficiente para que os fanáticos Soldat Sol que vieram conosco estivessem longe o bastante para não voltar e lutar contra os volcras. Todos os outros dentro do Zodíaco também iriam, muitos dos grishas, não só os aeros, ajudaram a colocar os soldados dopados nas embarcações voadoras de Nikolai.

Já para Maly, Tamar e Tolya, Nikolai pediu que David e eu colocássemos outras drogas no kvas que eles beberiam. São muito dispostos, esses três, Nikolai dissera como justificativa. E eles iriam conosco.

Alina contou também que queria salvar Ravka, e faria coisas de que não poderia se arrepender, mas também precisava daquilo, porque era como respirar. Que talvez o destino dos dois estivesse em usarem aqueles poderes juntos; não contra o outro, mas essa parte eu não contei para Nikolai. Ele não precisava saber daquilo, porque foi um desabafo de Alina. Não estava incluso no "conte para Nikolai".

"Para onde vamos, então?" Eu perguntei, meu tom saiu mais aflito do que eu esperava.

Todos nós encaramos Nikolai ao mesmo tempo, quando ele pegou a esmeralda Lantsov e apreciou-a com o olhar ao dizer:

"Ketterdam."

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Glossário:

lis'iy yad: "veneno de raposa"

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Oi gente! Então, eu acabei que perdi o documento com os 15 primeiros capítulos da história kkkkkk, consegui recuperar esse porque estava em outro documento. Quando eu perdi os capítulos que já estavam prontos eu acabei desanimando, já que tinha dado trabalho desenvolver uma história de AU que batesse com os acontecimentos do livro e fizesse sentido, que era o que eu queria tanto. 

Agora que eu estou com mais tempo livre, eu vou tentar refazer o trabalho perdido e também tentar postar regularmente aqui, mas ainda não sei o período, então não vou me precipitar; 

Obrigada a vocês que estão lendo e sendo atives aqui, isso ajuda muito, porque me motiva a continuar escrevendo algo que eu imagino que possa confortar alguém.

Enfim kkkk, desculpem por qualquer erro, e espero que tenham gostado desse pov da genya, vejo vocês no próximo capítulo!!

Light and Dusk- an alternative ending for the grisha trilogyOnde histórias criam vida. Descubra agora