Uma correria muito doida

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📚 Açucena 🌼

Como eu estava nesses últimos meses? Uma pilha de nervos e cheia de coisas para fazer, conseguir liberação da prefeitura, a construção da creche, mobiliar ela, arrecadar dinheiro, ajudar na divulgação e conversar com o dono do morro (vulgo meu primo), contratar e avaliar o rendimento de funcionários necessários para a creche, fazer o cadastro no site da prefeitura para contabilizar os alunos, comprar materiais... resolver problemas de água, luz e resolver a retirada de lixo do estabelecimento.

Depois de voltar da prefeitura do Rio de Janeiro, me joguei no sofá, deixando as minhas bolsas cair no chão. Bateu até saudade de quando tinha apenas 8 anos... mas ao me lembrar dessa época me veio todas as coisas ruins. Tirei isso da cabeça e respirei fundo.

Não tenho tempo para remoer o passado, me estiquei para pegar o meu celular e acabei caindo no chão.

-Ahhh desgrama!- Falei sentindo dor de ter batido de cara.

-Que foi menina? Tudo bem?- Perguntou Hosana, minha mãe postiça entrando na sala.

-Tudo só beijei o chão.- Falei me levantando... estava em total desgaste.

-Desmaiou?- Perguntou ela e eu neguei. -Você precisa descansar. Antes que você venha desmaiar de sono.-

-Ainda preciso resolver os preparativos para inauguração.- Falei pegando finalmente o meu celular e tinha várias mensagens, de irmãs da igreja me perguntando sobre a creche e candidatas para o trabalho.

-Nada disso, pode deixar que a inauguração cuido eu.- Falou minha mãe tirando a minha bolsa do chão e me repreendeu com o olhar por estar com tênis dentro de casa.

-Não precisa...- Comecei e ela logo me repreendeu com o olhar e aproveitei para tirar o sapato. -Oxe, tá bom, mas qualquer coisa me diga.-

-Não precisará se incomodar, tem muita coisa para assumir. Agora vai tomar um banho, comer e dormir. Pelo menos por umas 7 horas.- Falou Hosana jogando a toalha na minha cara.

Esse é seu jeito de cuidar de mim. Se bem que ela parece aquela tia que pergunta dos namoradinhos. Na verdade ela já me apresentou para cada um que só Deus na minha causa. Se não fosse pela proteção do Claisson (meu pai postiço) eu já estaria casada.

Então obedeci ela, tomei um banho o que foi relaxante no meio do calor do Rio, claro que não se comparava a minha cidade natal, preciso tirar um dia para visitá-los, vai que o coração deles amoleceram? Preparei um fubá suado (cuscuz amarelo) com coco ralado e enchi de leite condensado. Hosana prefere salgado desde que eu mostrei esse fubá. Mas ao invés de dormir fiquei respondendo as mensagens a qual não eram poucas.

-Eu não acredito nisso que você não está dormindo Açucena!- Falou Hosana entrando no meu quarto arrumando os seus cachos. -Vamos me dá. Pode ter 26 anos mas está me desobedecendo como uma adolescente.-

Entreguei e levei um tempo para dormir pois estava listando na minha cabeça o que eu teria que fazer amanhã. Os pensamentos foram tantos... que comecei a me questionar se eu encontraria alguém da escola que eu havia estudado... esqueça isso você não está mais no 4° ano.

Ao acordar anotei todas as coisas que tinha que fazer na minha agenda, a primeira era ir até a faculdade para levar os documentos que faltavam. Minhas aulas seriam EaD até porque eu não daria conta de uma creche e de fazer mais uma faculdade presencial.

Peguei tudo o que eu precisava e ao tomar café com seu Claisson (vulgo pai adotivo) estava lendo sua bíblia.

-Filha come devagar, se não vai passar mal. A faculdade não vai sair do lugar.- Falou ele vendo eu enfiar a metade da fatia gorda de bolo na minha boca. Era o meu bolo favorito, o de fubá e depois o de cenoura.

A Necessidade De Perdoar - CONTO (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora