🌼Açucena 📚
Segunda Feira, nunca fiquei animada pelo início de semana como hoje. Tanto que acordei às 5 horas da manhã e conversei com as professoras antes de liberar a portaria. Claro que por não conhecerem o local algumas crianças choram ou por ver a mãe indo embora. Depois de alguns barreiros coletivos tudo se acalmou. Acompanhei os grandinhos no refeitório para o Desjejum, algumas estavam famintas e conversei com algumas delas. Algumas não quiseram falar mas outras me explicaram (por não terem ou por dizerem que na escola ia dar). Anotei tudo com o meu bloquinho.
E logo depois disso tive que me reunir com as professoras da noite, expliquei um pouco dos nossos métodos, claro que cada professora podia adaptar do seu jeito, mas nos projetos e em sua grande parte é a metodologia Montessoriana. Conferi algumas coisas com algumas professoras.
-Meninas aqui estão os seus uniformes, segundo o número que me falaram.- Falei distribuindo e chamando por nome.
Cada camisa tinha a logo Creche Efraim na frente. E sua função na creche atrás.
-Essa ficou meio apertada.- Falou uma das moças mais novas.
-Pode me entregar. Meninas, isso tem que ficar folgadinho em vocês, pois é uma camisa fresca e caso sujem será mais fácil para secar. Se quiser trocar me fale agora para não dar problema depois.- Falei e fui observado uma por uma com as blusas.
Apenas duas queriam trocar por um número maior. E eu entreguei as blusas delas para as outras que coubessem. Depois eu ia distribuir a próxima remessa para que todas tenham 3 uniformes. Aproveitei e alertei que só era permitido usar calça ou bermuda até o joelho. Nada de saias, vestidos ou shorts. E caso me desobedecesse irão ser demitidas. Sou bem rigorosa, a creche pode ser pública mas eu quero dar o melhor para essas crianças.
E no horário de almoço fui a Delegacia da mulher que ficava próximo, se eu perdoei? Claro que sim, mas eu tinha meus direitos, e pelo que a Jessica me contou no domingo, ela conversou com algumas irmãs da igreja (até mesmo aquelas já saíram) que eu não fui a única. Então assim eu exigi os meus direitos, e com um advogado (também da igreja) e consegui uma medida de distanciamento.
Quando voltei para a creche decidi ficar na diretoria por um momento, ajustar alguns documentos. Quando alguém me ligou:
-Açucena, bom dia.- Falou do outro lado da linha... eu conhecia muito bem a voz.
-Bom dia irmã Evanilde. Em que posso te ajudar?- Perguntei já que nós conversamos poucas vezes e ela não podia ajudar no projeto da creche por conta da sua saúde.
-Poderia sim. Retirando a ordem judicial de distanciamento.- Falou ela e não sei se estava mais impressionada com a atitudes dela (claro que ela é mãe mas não se passa mão na cabeça nesses casos) ou pela rapidez do processo (Também é um dos advogados que me ajudaram com a prefeitura para creche).
-Desculpe mas não irei retirar. O que o seu filho fez foi assédio e tentativa de estupro, isso é crime, está contra os mandamentos de Deus. E ainda por cima houveram outros casos que ele provavelmente ameaçava elas para não contarem.- Falei calmamente, essa senhora que me acolheu tão bem não iria atrapalhar o meu dia e nem me ludibriar.
-Mas Jesus disse para perdoar.- Rebateu ela irritada.
-E eu perdoei. Mas independente de qualquer coisa ele precisa responder pelos seus erros. Até porque tudo que plantar, colherá. E é melhor passar por isso agora do que no inferno, pois o pecado leva a morte, e quando morre a senhora sabe se não se arrepender.- Falei respirando fundo diversas vezes.
-Você que se arrependerá.- Falou ela desligando na minha cara.
Respirei fundo. Onde fui me meter? Fico pensando se eu não esperasse o não de Deus e me entregasse. Como seria minha vida com esses dois? Ainda bem que me livrei.
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A Necessidade De Perdoar - CONTO (Revisando)
SpiritualAçucena é uma garota cristã, nascida no nordeste do Brasil que foi morar no Rio, mas com a morte de seus pais, acabou sendo adotada por um casal da igreja que frequentava, e desde pequena foi criada nos ensinamentos de Deus. Sempre foi zombada com o...