Uma atitude de se render

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🌼 Açucena 📚

Passei em casa para guardar o vestido de madrinha e fui direto para o hospital, chegando lá pedi para a Dona Glória ir para casa ficar com a Aruna, e eu ficaria até amanhã de madrugada. Já eram 22 horas, e a cirurgia foi um sucesso graças a Deus, e depois comprei um biscoito de água e sal e era bem caro. Quando voltei eu vi as enfermeiras ajeitando as coisas (o soro, a maca..) mas de mal jeito, de forma agressiva e faziam a mesma cara quando atenderam a minha mãe. Com nojo e raiva.

-Poderiam usar um pouco de cuidado? Ele é um paciente de risco.- Solicitei e elas reviraram os olhos.

-A mocinha deveria ter escolhido um pretendente melhor.- Resmungou uma delas de forma rabugenta.

-E a senhora deveria ter escolhido uma profissão melhor, já que enfermagem é um trabalho de cuidar e ter respeito pelos seus pacientes independente de suas diferenças.- Respondi seriamente e elas ficaram assustadas com a minha audácia.

-Escute aqui mocinha, eu não te devo satisfação e eu faço o meu trabalho como eu bem quiser.- Ameaçou a mais velha se aproximando de mim, e a outra a repreendeu com o olhar.

-Está bem, mas se for indiciada, por maus tratos, por não respeitar os direitos humanos, e ser demitida por negligência médica, saiba que eu te avisei. E pelo jeito não serei a única a reclamar, foram anos de trabalho... então anos de maus tratos? Faz acepção de pessoas? O que te fez tornar assim?- Questionei e elas me encaram surpresa e olharam para os lados talvez procurando alguma câmera. -Não estão sendo vigiadas, mas espero que não seja necessário que chegue nesse nível, né?-

Depois que falei sentei na minha poltrona de acompanhante, liguei para a dona Glória, eu tinha que abrir a creche... eu estava pingando de sono. Aguentei mais um pouco para ver ele acordar, e acabei dormindo no banco do corredor pois o médico veio para verificar a cirurgia, até que a Dona Glória me acordou.

-Que horas são? O Danilo saiu?- Questionei limpando a baba na minha bochecha.

-Calma menina, ele está apagado. Eu pedi pro Mizael levar a Aruna para a creche. Pode ir tranquila, se ele acordar eu te aviso. E são 4:15 da manhã.- Explicou ela ajeitando o meu cabelo.

-Não deixa de me ligar, até daqui a pouco.- Pedi dando um abraço e indo embora.

Cheguei na creche, verifiquei se não tinha deixado nenhum rastro, principalmente na enfermaria, tomei um banho e fui abrir as portas da creche. E lá se foi um dia meio normal, eu estava resolvendo uma papelada quando o meu celular tocou... mas infelizmente não era a dona Glória. Era meus pais... eu estava lascada. Não aguentei ocultar os fatos por muito tempo. Saí da minha sala para não atrapalhar as minhas secretárias.

-Oi paizinho...- Falei sem graça.

-Se falou paizinho então é que fez uma besteira dona Açucena, queria saber porque sumiu domingo, eu sei que foi buscar o vestido com a Jéssica. E o pessoal da igreja daí viu você entrando num uber com algumas pessoas quando eles voltavam da igreja. O que está havendo?- Interrogou minha mãe, agora eu literalmente entendi que tem pessoas que vão tomar conta de você. Mas não pensava que estava sendo tão monitorada.

-Estão sentados?- Perguntei saindo para fora da creche. Não podia deixar mais uma pessoa descobrir sobre isso.

Então contei tudo. E recebi muita bronca. Muita mesmo. Eles disseram para confessar as coisas para polícia antes que descubram e eu seja presa por acobertar um fugitivo.

-Mas por que fez isso? Esse tal Danilo não era o pertubado?- Questionou meu pai e a minha mãe gritou que estava óbvio a razão.

-Eu o perdoei pai.- Expliquei e a minha mãe riu... só não sabia se aquela risada era de felicidade ou de ironia.

A Necessidade De Perdoar - CONTO (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora