🛠 Danilo 🧹
Dentro de um mês eu acho ou dois (às vezes eu me perco no tempo já que não tenho calendário e nem celular). Ismael chegou com a Açucena. Nunca pensei que precisava tanto ver ela, quando ela veio correndo me abraçar. O seu cheiro, sua voz e seu jeito.
-Estava cheia de saudade de ocê!- Confessou ela ao me soltar e eu não tinha palavras, seus cabelos castanhos cresceram um pouco, tem uma nova ruguinha na testa mas tão linda.
-Também estou.- Contei admirando ela e depois olhei para a minha filha que estava no carrinho, minha mãe estava na porta com o Ismael.
-Adivinha quem fez um aninho?- Questionou a minha mãe e eu não acreditei no que eu ouvi.
-Não acredito!- Berrei pegando a minha filha que estava tão linda, seus braços estavam cheios de dobrinhas e sua bochecha dava vontade de morder. -Você fez 1 aninho, minha filha... quanto tempo eu estou aqui? Já perdi a noção.-
-Tem três meses. Não conseguimos liberação para visitas de início, mas pela sua filha fazer um ano. Consegui nessa semana mas não temos muito tempo.- Avisou Ismael seriamente.
Olhei para minha filha, me sentia triste por perder o seu desenvolvimento... perderia sua primeira palavra, seus primeiros passos, os dentes nascendo e caindo. E segurei o choro, então senti uma mão me tocar. Me virei para a Açu.
-O bolo estava lindo antes daqueles brutamontes revirá-lo.- Informou ela colocando na mesa um bolo um pouco destruído.
-Você não enfrentou os carcereiros não né?- Perguntei ela que desviou o olhar.
-Dessa vez ela se comportou. Mas na hora de pedir sua liberação eu vi a Açucena desafiadora.- Afirmou a minha mãe e olhei seriamente a minha namorada... será que ainda somos? Se ela encontrou alguém nesses 3 meses? -Ela deveria ser policial.-
-Meus pais teriam um ataque, mas estou me controlando viu, senhor Danilo.- Garantiu ela piscando para mim.
Logo cantamos parabéns e tiramos fotos (o policial apreendeu temporariamente o celular da minha mãe). Depois me despedi da minha filha devidamente e por último a Açucena...
-Açucena...- Chamei segurando a suas mãos. -Muito obrigado pelo carinho com a minha família e vir me visitar mesmo sendo ocupada...-
-Nem termine, não é nenhum sacrifício e... se depender de mim te visitarei mais vezes.- Confessou já ficando vermelha.
-Mesmo?- Perguntei.
-Não duvide dos meus sentimentos por ocê.- Falou ela se aproximando e abracei fortemente. -Danilo, vai com calma.-
-Desculpa, a insegurança bateu forte.- Revelei soltando ela, que me repreendeu com o olhar. -Açucena, você é uma flor rara e tão linda, que me sinto indigno de sua paciência e cuidado.-
-Ocê tem sido transformado por Cristo, um ótimo pai e alguém que vale a pena amar.- Declarou ela pertinho secando minhas lágrimas, então a beijei, tentando não ir além, pois se dependesse da carne e da saudade, misericórdia. -Melhor eu ir... e você está lindo com essa barba grande.-
E voltei para cela, feliz da vida e levando alguns pedaços de bolo, após revistarem novamente.
-O que tem ai branquelo?- Perguntou Golias ao ver a sacolinha que a minha mãe fez de marmitinha.
-Bolo revistado. Hoje foi o aniversário da minha pequena. Nem me lembrava e ganhei um calendário.- Comemorei ao sentar na minha cama. Deixei o calendário perto da minha bíblia e a foto da minha família. -Querem?-
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A Necessidade De Perdoar - CONTO (Revisando)
SpiritualAçucena é uma garota cristã, nascida no nordeste do Brasil que foi morar no Rio, mas com a morte de seus pais, acabou sendo adotada por um casal da igreja que frequentava, e desde pequena foi criada nos ensinamentos de Deus. Sempre foi zombada com o...