Capítulo 20

74 4 5
                                    

"Eu soube que ia perdê-la no momento que me apaixonei por você. Assim
como soube que ainda ia amá-la quando o fim chegasse. Falta pouco para euperder minha consciência, meu autocontrole, meu orgulho e toda a minhadignidade. Não vou mais encontrá-la, nunca mais vou olhar pra você, então venhame beijar antes do nosso fim."

Justin saiu do seu closet e deixou mais algumas camisas caírem na terceira mala que fazia.

Depois ele abriu a gaveta do criado mudo e não se preocupou em olhar, simplesmente despejou tudo na mala de itens pessoais.

Mas assim que olhou o conteúdo ele viu algo que lhe chamou atenção. Ele largou a gaveta sobre a cama e pegou o papel, o desdobrando.

Aquele maldito 221 o encarou de volta do papel, como se pudesse ameaçá-lo só por estar pintado ali.

Quem quer que o fez, se esforçou em dar pinceladas vermelhas sobre o papel branco antes de fazer o trabalho negro em números. Como se lhe avisasse que ela ia sangrar quando aqueles números fossem gravados em sua pele.

Era só mais um pequeno lembrete, um estímulo para ele tomar coragem e dar o passo mais certo e doloroso da sua vida.

Ele havia sangrado, mesmo que só houvesse sentido a dor depois que o efeito da droga passou. O tatuador podia ter um belo desenho, mas não se preocupava em não machucar suas telas. Talvez até fizesse de propósito.

Ele havia dado o outro papel a Jared, porque estava escrito à mão, quase como uma provocação. Mas o "vai ficar lindo naquela pele macia" ia assombrá-lo eternamente.

Se o seu plano atual falhasse, era provável que ele nunca mais conseguisse dormir sem ajuda de algum remédio. Ou como dormiu essa noite, segurando Beatriz em seus braços.

Mas ele não podia segurá-la vinte e quatro horas por dia e nem em todos os lugares que ela fosse.

Nem impedi-la de se relacionar com outras pessoas e muito menos era adivinho para saber quem seria o próximo filho da puta que acabaria enganado para levá-la a uma armadilha.

Justin tinha uma missão em duas fases.

Uma já devia ter sido feita, ele sabia disso. E era isso que queriam, não é? Doentios.

Ele sabia que eles eram assim, não adiantava só maltratar fisicamente, eles sempre gostaram de ir mais longe e deixar uma marca na alma e na mente. Ele tinha que acabar aquela história e sumir para encontrar o último que ainda não conseguira matar.

Depois, os que sobrassem seriam todos novos no grupo.

Conseguindo ou não, a menos que desse a sorte de sumir com todos eles, era só mais um pedaço no quebra cabeça.

***

Beatriz passou no triplex de tarde para tomar um banho e se trocar, pois tinha um compromisso mais tarde. O coquetel para a inauguração dos novos espaços da Campanale seria apenas para os convidados internos, só amanhã o público veria. Por causa do acidente dela, Dave cancelara a data anterior e deixara para essa noite.

Só que por causa daquela noite, ela não tinha mais a liberdade de ficar sem seguranças em locais com segurança interna. Don ia ficar lá dentro, em algum canto e com os olhos sobre ela o tempo todo.

Era óbvio que ela não gostava, mas entendia. E não pretendia ir a lugar nenhum sem ser o interior da Campanale; provavelmente, nessa sua primeira saída à noite, ia ficar com receio até de ir ao banheiro.

Ela escondia muito bem, mas estava nervosa por estar de volta às ruas. Era uma sensação muito ruim. Você se sentia incapaz e amedrontado.

Num minuto estava tudo bem e no outro, alguém o apagava, amarrava e simplesmente levava, num piscar de olhos. Ela passara por isso por uma hora, nem chegara a ficar num cativeiro. Isso a fazia pensar o tempo todo no que havia acontecido com Justin.

TRUSTOnde histórias criam vida. Descubra agora