Capítulo 3

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"Você precisa amar demais uma pessoa para conseguir odiá-la com a força que eu te odeio."



Assim que conseguiram uma das mesas coladas à janela, com os sofá vermelhos, Beatriz sentou-se de um lado e ficou feliz ao ver Dave sentar do outro. Distância tornava tudo mais aceitável e menos complicado.

– Você disse que íamos comer algo crocante e ilegal para dietas. Quero vê-la cumprir o trato. Já me prometeram isso e na hora tive de encarar alguém com aquela cara de sofrimento enquanto engolia uma salada e todo mundo no recinto se deliciava com pratos bem mais interessantes.

– Ai, não. Salada eu como em casa ou peço de entrada.

– Eu sempre soube que você era das minhas –Ele sorriu.

– E você é dos meus. Conheço caras que são mais frescos do que eu. Não conseguem ser felizes nem por um dia na semana.

Enquanto estava ocupada olhando o menu, Beatriz virou levemente o rosto e viu Harry sentado no balcão. Ela não podia acreditar que ele havia mesmo vindo. Ele era maluco! E estava falhando miseravelmente em olhar para a mesa dela de forma discreta. A sorte é que Dave estava de costas para ele.

Agora ela estava com uma vontade imensa de rir e levantou um pouco o menu para tentar esconder a boca.

– Juro que não vou entediá-la – prometeu Dave naquele tom que servia para ser usado num canto mais reservado, com um vinho à mão e uma lareira por perto.

Ele percebeu que ela estava sorrindo, mas ela mordeu o lábio para não rir e apertou o menu.

– Eu acredito – ela nem estava lendo o menu.

– E uma cerveja, você encara comigo?

– Minha nossa, essa seria a noite das novidades. Faz muito tempo que não bebo uma cerveja acompanhada de um hambúrguer como jantar.

– A cerveja eu sempre bebo, combinam demais com sextas à noite. Mas o resto, você e tudo isso, é minha noite das novidades. Parecia impossível conseguir tirá-la do modo profissional.

– Se quiser, posso começar a falar das cores que pretendo usar no seu escritório.

– Não faça isso comigo, vou precisar de mais que uma cerveja – ele riu.

Harry estava para morrer. Estava ali sentado no balcão bebericando um drink e sentindo gosto de isopor líquido. Nem conseguira ler o menu direito. E agora os dois ali estavam numa conversa divertida. 

Ele sabia que Beatriz era ótima quando se dispunha a bater papo e que Dave era charme puro. Num mundo ideal eles poderiam até ser amigos, sinceramente, pareciam se dar bem.

O problema é que aqui, no mundo real, Dave queria levar sua amiga para a cama e mantê-la lá o resto do final de semana. 

E Beatriz não ia dormir com ele, não só porque ela não estava interessada nessa parte, mas havia algo na vida dela chamado Justin Bieber que também atendia pelo apelido de "marido", com o qual ela estava tentando se acertar. E este ser podia arrancar a cabeça de Dave Campanale com uma faquinha cega.

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