삼십일 Aespa

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{Como dito no lembrete, aqui está meu presentinho!}

Merry Christmas
One Shot - Aespa Karina

Dezembro, último mês do ano, com absoluta certeza o clima predominante nesta fase final do ano é divergente dos esquecidos onze. Enquanto nos onze a mente é escravizada a processar o mundo e de quebra a sociedade sufocante que vive, dezembro traz alívio e conforto para todo aquele que inala oxigênio.

Infelizmente este sentimento não contagia a todos, aquele que desde a véspera na sacada das casas luzes são penduradas e longos textos de reflexão despencam como cachoeira nas redes. Tristemente, no apartamento 457.B não existe espaço para o clima natalino que invade os corações, igualmente o Papai Noel que desce pela chaminé trazendo presentes para os mocinhos (as).

Na decorada sala de estar nenhuma árvore de natal chama atenção, nem a pomposa lareira está em brasa. As canecas estão todas limpas, a mesa vazia e no forno nada quentinho. Um pavoroso silêncio prevalece, a poluição sonora necessária para Karina sai da música que escuta no aparelho celular conectado ao fone.

Karina já se acostumou com sua realidade até demais, a solidão se transformou em companheira fraternal nos dias cansativos do trabalho como nas noites sem aglomeração. Mal recorda quando se vestiu dignamente para perder-se pela noite inesquecível num fim de semana em LA.

A música para, a mente desenterra lembranças internas e a alma é ferida novamente. Quando ainda se lamentava pela situação deplorável que se afundou, Karina é surpreendida pelo som da campainha tocando por seu lar.

"Desde quando possuo campainha?"

Acendendo as luzes chegou-se até a porta segurando a maçaneta dourada limpando a garganta. Quem é? Pergunta ao ser "sem rosto" atrevido que interrompeu sua sessão de auto piedade.

Sou sua vizinha da frente...imaginei que estivesse só esta noite e cogitei visitá-la - porque? Indagou Karina

Porquê? - descarada pergunta sobre a pretensão deste encontro repentino

Por que estou sozinha também

Sem perceber Karina sentiu pena da mulher, a solidão que insiste em manter é por escolha própria, mas está também a escolheu? Ou simplesmente foi colocada sobre seus ombros?

O silêncio fez a mulher dar alguns passos preparando pra voltar de onde veio, todavia ouviu a porta ser destrancada e o rosto de Karina sobressair da greta.

Espero que não se importe com a completa inexistência de alimento - Karina cede passagem a vizinha fechando a porta novamente

Tudo bem - mentiu, esperava encontrar algo sobre a mesa de jantar - eu trouxe vinho - entregou a garrafa

Vou pegar duas taças - em segundos Karina foi e voltou sentando no felpudo tapete que logo sua vizinha a acompanhou

Derramou do líquido avermelhado transpassando minimamente do meio estendendo a taça para a visita presente na sala. Ela aceitou quase esvaziando de primeira a taça, a atitude transparecia nervosismo e insegurança.

Ambas mal se olhavam nos olhos, Karina permanecia mudando seu olhar de canto em canto, mas devidamente nenhuma no rosto feminino ali existente.

"Porra fala alguma coisa! Diz logo! Vamos"

Oie - Karina tenta mostrar seu melhor sorriso, já não faz isso a certo tempo

Oi - ela responde tímida

Novamente silêncio, "que constrangedor" pensou Karina enquanto repunha o vinho em sua taça juntamente da sua visita.

Eu realmente não sei como fazer isso - sussurrou encolhendo os ombros tentando inutilmente desaparecer após se confessar

O que disse? - ela estica o pescoço pra ouvir melhor

Eu realmente não sei como fazer isso - reafirmou audível

A mulher achega-se mais da morena repousando a mão sobre a dela encarando o rosto rubro. Naquele instante Karina teve seu peito preenchido por uma boa sensação, algo quentinho se fez presente naquele lugar causando um sorriso espontâneo em ambas.

Nada precisava ser dito, mas sim feito. Assim como Karina a jovem atrevida - como Karina preferiu chamá-la mentalmente - foi contagiada pela sensação quentinha no peito. Elas precisavam de contato físico, afeto humano, aproximação e compartilhamento de calor.

Não precisa fazer nada, apenas sinta - novamente elas sorriem cúmplices

De repente a sala ganha cor, iluminação que provinha da janela aberta da sacada no apartamento. Cada vez mais o brilho invade o local ganhando a atenção das moças, aproveitando-se disto Karina sai e volta rapidamente com seu celular, a jovem repara nos movimentos alheios até o celular ser colocado na mesinha fazendo ser ouvido a música.

No começo Karina mexe os ombros para os lados aos poucos rendendo a música, mesmo que estivesse ridícula naquele instante ela realmente não dava voz a sua insegurança na presença dela.

Quando se deu conta sua visita também estava lhe acompanhando no desleixado movimento dos membros que compõem o corpo humano, mais chamado de dança. Nada precisava ser dito, apenas sentido, e elas estavam sentindo aquele quentinho se transformar em brasa.

A música acaba, mas o clima predominante naquele lugar era de pura energia. Os lábios possuíam sorrisos de orelha a orelha - certamente as maçãs do rosto iriam doer logo - e os olhos brilhando como estrelas.

Eu sei que estamos nos divertindo, mas eu realmente estou morta de fome - Karina gargalha alto da confissão

Quer saber, eu também estou. Podemos preparar algo...juntas? - Karina estende a mão convidativa, sem demora é agarrada pela outra

Com aquela euforia toda elas conseguiram molhar o chão da cozinha, eliminar a garrafa - antes esquecida - de vinho, ouvir outras dez músicas e entortar uma colher - isso por decidirem fazer miojo com salsicha.

Olha! - aponta para o relógio - já deu meia noite - diz espantada com o horário

Sério? Já é natal? - Karina limpa a boca com a costa da mão - é melhor você ir. Tem que dormir bem pra celebrar com sua família amanhã - Karina recolhe a louça

Karina gostaria que sua visitante escolhesse ficar, até propor dormir ali naquele começo de madrugada consigo, mas achou melhor não abusar dela.

Tem razão. Obrigada por ter ficado comigo Karina - Karina sorri vendo a jovem atrevida sumir de sua residência

"De qualquer forma não iria durar"

Dezembro, último mês do ano, com absoluta certeza o clima predominante nesta fase final do ano é divergente dos esquecidos onze.
Neste mês colocamos nossa melhor máscara, aquela que guardamos no fundo do baú e utilizamos apenas neste específico momento do ano.

Nele vemos a falsa alegria rondando uma farta mesa na casa de um parente, observamos um teatro de boas ações serem encenadas e aplaudidas.

Karina não sabe ao certo se a atrevida lhe acompanhou por pena, mas não quis arriscar alimentar aquela brasa para novamente ver mais uma máscara em vez de um rosto humano.

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