Com amor, Azriel 🌌♥️.

Capítulo 5 - A Caverna

                   
  Azaya

O Cheiro delicioso de café da manhã invade minhas narinas, me fazendo despertar, me remexo no sofá, resmungando baixinho enquanto abro os olhos e me espreguiço. Odeio acordar tão cedo, mas o ronco do meu estômago me faz querer ir direto para a cozinha, me coloco sobre meus pés, ajeito minha roupa e passo as mãos por meu cabelo, e deixo que o cheiro maravilhoso guie meus passos.

Quando chego às portas da cozinha me deparo com Azriel de costas preparando algo no fogão, ele parece bem concentrado e se nota minha presença não demonstra, continuo  observando- o, suas sombras continuam ao seu redor, porém bem menos densas do que no último momento em que o vi ontem, sentado sozinho à mesa, quando ele parecia completamente entregue à seus pensamentos,,, suas enormes asas negras fechadas rente às costas contrastam perfeitamente com a camisa branca que agora ele usa, afasto a pontada de tristeza que ameaça surgir em meu peito ao ver a peça de roupa, não permito que as lembranças surjam em minha mente; um sorriso fraco transpassa meus lábios quando vejo que ele usa suas próprias calças, as do armário provavelmente ficarão pequenas,, é,,, com certeza ficarão,,, vejo como suas asas se movem milimetricamente enquanto ele se move com precisão em frente ao fogão, fecho meus olhos quando o cheiro delicioso me atinge novamente e um suspiro baixo escapa dos meus lábios, quando abro meus olhos vejo que agora o macho me observa, seus olhos atentos encontram os meus, seus cabelos despenteados o deixam ainda mais bonito, me esforço ao máximo para manter a expressão neutra.

- Bom dia, sua voz ainda rouca pelo sono quebra o silêncio, sua expressão é neutra, mas seu tom transmite calma.

- Bom dia Azriel,,, respondo e noto como ele inclina levemente a cabeça para o lado quando digo seu nome, um movimento quase imperceptível, e se vira novamente.

- O cheiro está delicioso, digo em uma tentativa de puxar assunto, e entro no cômodo, vejo algo como uma torta salgada em cima da mesa, uma jarra de suco e algumas frutas picadas em uma tigela, quando Azriel se vira novamente noto como seu peito se movimenta e sua respiração sai em um suspiro, enquanto ele pisca algumas vezes, talvez seja o movimento mais próximo de um sorriso que eu verei em seu rosto.

- Obrigado, ele diz de forma simples e direta, e eu desvio os olhos dos seus, por um momento o silêncio toma conta do ambiente.

- Por favor sente-se, ele continua, chamando minha atenção novamente,  -Permita- me que eu a sirva.

Faço o máximo para evitar que a surpresa em ouvir suas palavras transparessa tão claramente em meu rosto, meu olhar alterna entre a comida e o rosto do macho à minha frente, que contém uma expressão um tanto quanto apreensiva enquanto aguarda algum sinal de resposta. Penso na possibilidade de que talvez seja sua forma de agradecer por ter salvo sua vida, o que parece a opção mais viável, decido então aceitar. Meneeio um aceno em confirmação, e me sento á mesa, e o olho enquanto ele pega pratos, xícaras e talheres e os dispõe sobre a mesa, em seguida pega mais um dos pratos do armário e o serve com as panquecas que a pouco ele preparava., Enquanto o observo não consigo conter um pensamento de como seria bom ter alguém que preparasse meu café todos os dias pela manhã, talvez fosse um desejo um pouco exagerado, mas se eu ao menos tivesse companhia as vezes,,, bom,,, isso também era pedir demais. Afasto para bem longe todos os pensamentos ilusórios, e me concentro em meu prato, em que Azriel colocou uma bela fatia de torta, e uma panqueca, acompanhados de um copo do suco que também parecia bom, e o outro com as frutinhas picadas, o gosto é ainda melhor que o cheiro, sinto os sabores explodirem em minha boca quando como um primeiro pedaço de torta, meus olhos se fecham novamente, e sinto meu corpo se remexer na cadeira, como em uma dancinha discreta de aprovação, é o alimento mais saboroso que eu como em meses. Seguimos comendo em um silêncio confortável.