Odeio amar você

NINE

                   Point Of View Carolina

Eu e Babi estamos mais amigas até mesmo do que éramos nos velhos tempos, a única diferença é que agora é sem Khali e Lince, o que não posso dizer que não faz falta porque faz. Perdi tanto tempo odiando Babi de forma gratuita que me recusei a transferir essa raiva para a Lince, ela é minha amiga e estou disposta a descobrir um dia o que a fez agir daquele jeito.

Dividir quarto com Bárbara vem sendo incrível, sempre morri de medo de dormir sozinha e ficar no mesmo cômodo que ela me conforta mais. Só estamos tendo que dormir na mesma cama por um tempo enquanto a gente pensa em uma forma de conseguir colocar a minha aqui dentro, a preguiça de fazer isso é maior que tudo. E de forma alguma estou reclamando, amo ficar na mesma cama que a mesma, eu realmente odeio dormir sem ninguém. E inclusive, aqui nesse quarto escuro e escutando a chuva lá fora, me lembrei dos velhos tempos:

* flashback on *

— Já está ficando com sono?

— Ainda não, mas Babi, se você estiver com sono, pode ir dormir. Tá tudo bem!

— Claro que não, vou te esperar. - Respondeu do outro lado da linha telefônica e eu sorri largo deitada na minha cama, abracei meu travesseiro e me confortei mais escutando sua respiração. — Como foi seu dia? Você não contou.

— Foi legal, só senti falta de conversar com você. - Respondi e escutei ela suspirar, tenho certeza que ela também está sorrindo. É bizarro como ficamos tão bobas uma com a outra.

— O mesmo aqui.

— Vai matar a saudade durante a madrugada porque ainda não estou nem perto de ficar com sono. - Falei e ela riu, ri junto e ficamos em um silêncio por alguns segundos.

— Eu nem me importo, você sabe disso.

— Como você me atura? Tipo, como você tem paciência? você nem me conhece pessoalmente. - Perguntei baixo, realmente curiosa para a resposta.

— Ué, loirinha, que tipo de pergunta é essa? Eu não estou te aturando, precisa fazer esforço para aturar algo e ter você na minha vida é a coisa mais simples do mundo. Você sabe que não sou de enrolar para falar algo, mas o quão fácil e natural é o quebrar das ondas?

— É muito natural. - Respondi ainda sem entender onde ela queria chegar.

— Ter você na minha vida é a mesma coisa, Carol. Da mesma forma que as ondas se quebram no mar sem precisar fazer nenhuma força, eu também não preciso fazer para te amar. Amar você é a coisa mais tranquila e natural do mundo, difícil seria se eu não amasse. Eu só tenho paciência porque tenho você, eu não deveria colocar minha paz em uma outra pessoa, mas eu só me sinto leve porque sei que te tenho para mim. E a gente só não se conhece pessoalmente ainda. - Deu ênfase no "ainda" e continuou. — Porque eu faço questão de prometer que vou te encontrar um dia, prometo que vou te proteger de noite e prometo que nunca vou me cansar de você.

— Eu amo muito ter você, Bárbara.

— Eu te amo mais, loirinha.

* flashback off *

Meus pensamentos são cortados por uma trovoada tão alta que sinto até mesmo o quarto tremer, me encolho mais do meu lado da cama já morrendo de medo do barulho e da forte tempestade lá fora. O barulho logo se repete ainda mais alto e fecho meus olhos com força, a chuva está tão forte que é difícil até mesmo conseguir escutar os meus próprios pensamentos. Me sinto desconfortável deitada aqui com aqueles estrondos do lado de fora, parece que a qualquer momento o chão vai abrir e eu vou cair dentro. Olho para Babi e ela dorme tranquila, ficou um pouco menos preocupada por não estar sozinha, mesmo ainda estando com medo. Quando menos espero, sinto a mão de Bárbara me puxando mais para próximo dela. Me aconchego nos seus braços e ela me abraça fazendo um leve carinho em meus cabelos, sinto meu corpo relaxando aos poucos com aquele ato. O barulho lá fora continuou, ouso dizer até mesmo que a chuva piorou, mas saber que ela estava ali esvai todo o meu receio.