FOUR

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                      Point Of View Bárbara

   Como era bem tarde, o primeiro uber a aceitar estava ainda bem longe. Saímos da boate e continuamos dando uns beijos enquanto esperávamos que o carro chegasse. Olhei ao redor pela primeira vez desde que saí e enxerguei uma Carolina Voltan de cabeça baixa, abraçando o próprio corpo contra si e balançando os pés como se estivesse muito nervosa para algo. Não pude deixar de perceber um rapaz estranho a olhando de em cima abaixo do outro lado, aquilo me incomodou profundamente já que ela parecia estar desconfortável com aqueles olhares também. Mesmo que eu não goste dela, eu tenho consciência.

— Ei, você vai para casa agora? - Perguntei ainda longe dela que se contentou em apenas assentir com a cabeça. — Acabamos de pedir um uber, quer vir com a gente? Está meio tarde para você ficar aqui fora sozinha.

— Não, valeu! Estou tranquila aqui. - Respondeu ríspida sem me olhar, revirei os olhos e tentei ao máximo ignora-la e deixar ela se virar ali sozinha, mas não consegui. Não conseguiria dormir sabendo que ela ficou aqui. Nesse momento um vento frio bateu e senti ela tremer ainda mais seu corpo. A loira que eu ainda não sabia o nome parecia já entediada com toda aquela falação e sentou em um banco ali disponível.

— Se você ficar, eu vou ficar também. Não vou te deixar aqui sozinha esse horário. - Falei olhando o rapaz que nesse momento já comia Voltan com os olhos, entreguei minha jaqueta para ela que mesmo não querendo, aceitou. Ela deve estar com muito frio mesmo, já que está apenas de cropped e short.

— Eu vou então. - Respondeu simples enquanto colocava a jaqueta.

— Acho que vou entrar entrar de novo, ... - A loira deu abertura para que eu falasse meu nome, o que logo eu fiz. — Bárbara. Legal! Meu nome é Eliza e acho que vou entrar de novo, Bárbara. Mas esse é meu insta, você pode me chamar depois, amei a noite com você. - Disse após anotar seu instagram no meu celular, me dar um selinho e voltar lá para dentro.

Para ser sincera, agradeci mentalmente por ela ter entrado novamente, acabou completamente o clima. Depois de mais alguns minutos o uber finalmente estava mais próximo e eu já sentia o álcool sair do meu corpo, estava praticamente sóbria. Estou nesse momento sentada no banco que antes estava Eliza, concentrada em um joguinho quando escuto uns murmúrios.

— Eu já disse que não quero! - Voltan falou mais alto e irritada, quando tentei entender o que estava acontecendo o rapaz que antes a encarava, estava agora com as mãos em sua cintura. Levantei em um salto.

— Qual foi, gatinha? Eu sei que você também está afim. vem cá, vem. - O nojento a puxou mais para perto e percebi que ela tentava se desvencilhar dos seus braços.

— Cara, solta ela! - Falei em alto e bom tom empurrando ele para longe. Ele tropeça em seus próprios pés quase caindo, se mantendo em pé apenas por um porte ali presente. É nítido que ele está muito bêbado.

— Vocês são namoradas ou algo do tipo? - Ele perguntou malicioso e senti meu estômago revirar em pensar nessa hipótese. - Se forem, não tem problema, eu não tenho ciúmes. Tem espaço para as duas aqui.

— Se você chegar mais perto, eu juro que quebro a sua cara. - Falei indo em sua direção com sangue nos olhos, nunca me senti tão irritada, acho que é o acúmulo das coisas que aconteceram no dia. Ele me fala mais algumas coisas e aperto meus punhos pronta para avançar nele e fazer o seu rosto de saco de pancadas, até sentir um toque suave em meu pulso e uma voz baixa sussurrar: "Não vale a pena, você sabe que não vale a pena". Normalmente isso nunca iria me fazer parar, odeio que me desrespeitem, mas por alguma motivo me parou. Apenas dei dois passos para trás e avistei o uber já ali parado, abaixei a cabeça ainda tentando entender porque fiquei tão vulnerável com aquilo e me dirigi ao veículo.

Odeio amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora