Odeio amar você

FIVE

                     Point Of View Carolina

   Fui dormir exausta de tudo que aconteceu no dia e na madrugada, os pensamentos me cercaram por bons minutos antes de finalmente apagar. Eu acho mesmo que Bárbara precisa de uma ajuda intensa psicológica, não faz sentido nenhuma ela me tratar como se eu fosse a vilã da história, quando na verdade eu fui a vítima. E por culpa dela. Resolvi não mais me cansar com isso e desliguei a minha cabeça por alguns minutos, conseguindo pegar no sono. No outro dia acordei quebrada, meu braço que eu bati na boate ainda doía um pouco, mas nada muito extremo. Minhas pernas também estavam parecendo que eu passei horas dançando e eu nem sei dançar.

Levantei da cama com o toque tenebroso do despertador do meu celular e me dirigi ao banheiro para fazer minha higiene matinal, com muito esforço me convenci a tomar um banho. Sinto minha barriga roer de fome e já me preparo internamente para tomar coragem de descer, encarar todos e tomar café. Mas meu problema é mais com Bárbara e Bak, meu estômago revira em vergonha só de imaginar. Coloco um short jeans, uma camisa branca simples e uma rasteirinha qualquer, não preciso de muito arrumação para isso.

— Bom dia, gente! - Falei tão baixo que parte das pessoas ali presente nem ouviram. Não quis repetir, já falei e isso está o suficiente.

— Bom dia, Carol! Infelizmente você não dormiu comigo. - Bak falou em tom alto e sorriu malicioso, ele foi um dos que não me ouviu. Senti minhas bochechas queimarem em vergonha e baixei a cabeça escutando as risadinhas ao redor. — Não precisa ficar arrependida, amor, a gente pode resolver isso hoje. - Corei mais violentamente ainda e desejei a todo o custo que ele calasse a porra da boca.

— Para de babaquice, Bak. A garota já tá sem graça e pelo visto também não quer mais nada com você. - Gs falou empurrando ele pelos ombros e ele resmungou, mas não se manteve quieto.

— Claro que ela quer, isso aí é vermelha de tesão pelo garoto aqui. - Disse e eu levantei bruscamente da cadeira, não querendo mais ouvir tantas asneiras.

— Não, Voltan! Fica aqui, quem vai sair é ele. - Bárbara se pronunciou ríspida me surpreendendo, é a segunda vez que ela me defende.

— Não vou nada, ainda nem tomei café, garota. - Bak disse e se acomodou encostado em uma parede.

— Bora dar uma volta, mano. - Coringa o empurrou pelo ombros cozinha a fora e ele resmungou mais um pouco antes de sair.

— Essas atitudes do Bak são típicas de energia de pau mole. - Bárbara falou e todos da cozinha gargalharam, inclusive eu.

— E se não for de pau mole, é de pau pequeno. - Gilson completou. — Você tá bem, Carol?

— Eu tô bem, gente. Obrigada!

— Carolina, tem treino hoje em 40 minutos. Posso falar com você em particular? - Ela me pediu e eu assenti receosa com o que ela queria falar. Seguimos para a varanda perto da cozinha, mas sem visão da mesma e dei permissão para que ela falasse. — Eu não gosto de você e não quero ser sua amiga, mas pelo menos no jogo precisamos ter sintonia. Você vai ser anunciada publicamente em alguns dias e a maioria das nossas lives serão em dupla, então eu vou tentar ser gentil se você prometer fazer o mesmo.

— Eu concordo. - Assenti com a cabeça olhando para ela pela primeira vez no dia, ela estava de regata preta, um short de moletom e descalça. É uma roupa tão simples que estranhamente combina muito com ela. — É só você não agir como uma babaca egoísta de novo.

— Você me chamou de que?

— Babaca egoísta, é o que você é.

— Eu estou tentando fazer isso funcionar, mas se você me desrespeitar mais uma vez eu juro que te faço ser escorraçada daqui. - Respondeu com sangue nos olhos e eu quis rir, ela irritada chega ser fofo olhando em consideração a altura e o porte físico. — Do que você tá rindo?