Yes, Teacher

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De fato, a vida é uma grande merda.

Não importa quantos dias passem, quantos meses se vão, ou até mesmo anos, séculos, minha opinião continuará a mesma. A vida é uma grande merda e isso nunca vai mudar.

No entanto, existem situações e pessoas que tornam ela um pouco menos fedida.

*

-Senhorita Shin? Senhorita Shin Ryujin? - Revirei os olhos escutando a voz rouca e grave do meu querido professor de música tentando chamar minha atenção. Vocês precisam saber algo sobre mim: Eu detesto música clássica, não consigo nem mesmo escutar meros segundos, e no meu maravilhoso colégio, isso faz parte do nosso plano de ensino. Sou obrigada, todas as terças e sextas, a vir pra sala do Taehyung e tocar algum instrumento maldito para conseguir uma nota. E mesmo assim, nunca é uma nota boa. Sempre, uma vermelha.

Penso até que esse homem deve ter algum problema pessoal comigo, ou um tipo de obsessão já que é sempre ele quem me pega nas piores situações e justamente quando estou me divertindo. Semana passada, enquanto eu estava ensinando uma aluna do primeiro ano a melhor utilidade de seus dedos no vestiário feminino, o misterioso senhor Kim, apareceu como um fantasma batendo na porta e eu fui expulsa por uma semana, retornei apenas hoje e vejam só, ele já está procurando um motivo pra me deixar em casa novamente.

Sem contar é claro, de quando eu peguei um mês inteiro de suspensão por fumar escondido. Ele tirou fotos minhas durante cinco dias, gravou vídeos e até áudios onde eu estava usando meu anti-estresse e entregou tudo aos diretores. Ele me perseguiu por uma semana, inteira, juntou todo tipo de prova contra mim e até catou alguns dos meus tocos como principal arma do meu crime. Isso me trouxe graves consequências, todas as suspensões e expulsões, me fizeram voltar um ano e agora, eu sou como uma criminosa nesse colégio, sendo vigiada o tempo inteiro. O único motivo de não terem me tirado de vez, é que meu irmão mais velho e o único vivo em minha família, é um grande doador, as novas obras na piscina e nas salas de aula, só foram possíveis pelo dinheiro dele.

-Será que devo mandá-la pra enfermaria senhorita Shin? Acho que sua audição está danificada. -Encarei aquele rosto estupido por um longo minuto, cada detalhe daquele ser deplorável me causava repulsa. As sobrancelhas sempre bem feitas, a pele bem tratada e com cheiro de hidratante, os lábios levemente rosados e um pouco carnudos, os cabelos castanhos penteados com um topete ridículo encharcado de gel, a barba nunca por fazer, e aquele maldito sorriso de satisfação que nunca deixa seu rosto quando fala comigo. Tudo isso, eram características peculiares do Senhor Filho Da Puta Kim Taehyung.

E eu nem comentei sobre suas roupas e o restante de seu corpo. Eu sei cada detalhe dele, apenas por olhar. Sei como ele funciona, e sua personalidade apavorante foi criada. E é por esse motivo, que eu mais o odeio.

Eu pesquisei cada segundo da vida desse grotesco e não existe uma falha sequer, além de seu nascimento, é óbvio. Pais ricos e bem sucedidos, irmãos ricos e influentes, casa extremamente cara em um dos melhores condomínios da região, uma puta BMW X1 preta estacionada na garagem junto de seus outros três carros, que nem vendendo todos os órgãos do meu corpo eu conseguiria comprar, e a melhor parte, nos fins de semana, ele faz trabalhos voluntários em hospitais com crianças em estado terminal de câncer ou abrigos de moradores de rua.

O cara não tem uma ficha criminal, uma prisão, uma passagem, ou um envolvimento em briga sequer. Formado com as melhores notas no jardim de infância, adolescente prodígio no colegial, e número 1 na faculdade. Além do mais, ele já tocou com grandes artistas coreanos simplesmente por ser ele.

Não tem como eu me vingar desse desgraçado, por mais que eu tente, eu não consigo encontrar um furo minúsculo na sua ficha de vida perfeita.

-Acho que é melhor o senhor procurar a enfermaria professor, tenho certeza que o senhor deve ter algum perturbo mental pra encher tanto o meu saco. -Respondi a altura, como sempre faço. Risos foram ouvidos pela sala e isso o deixa ainda mais irritado. Ele detesta ser feito de palhaço, e eu, sou dona de um circo que adoraria contrata-lo.