26 - Parte 1

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Mesmo com as mãos trêmulas, eu ainda mantinha o revolver nelas. Minha mente estava confusa e levemente despesa, mas eu faria isso. Taehyung precisa morrer para que eu morra em paz, sem sofrimento e de uma forma digna. Desde o início, eu pensei que seria castigada por meus crimes com a morte. Com a não esperança de viver. Nunca imaginei que seria castigada amando alguém que não devia. Que não poderia.

O amor está me castigando. Me fazendo amar alguém que tem uma vida inteira pela frente, uma vida de sonhos e que pode simplesmente viver! Viver de verdade, com alguém de verdade!

Quando conheci Kim Taehyung, ele transformou minha vida em um inferno. Me fez odiá-lo cada vez mais conforme os dias iam passando. Repeti no colégio por culpa dele, me tornei uma pessoa cruel por conta dele. Ele era meu maior problema e sempre foi.

Então como pude me apaixonar justamente por ele? Aquele que por muito tempo me causou repulsa e sofrimento.

O destino é perito em causar essas peças. Em torna tudo tão irônico e impossível.

Agora, estou aqui, esperando esse homem entrar por uma porta para matá-lo. Matar aquele que me ajudou a fugir, que me deu esperanças de que eu poderia viver, aquele me me amou quando ninguém mais conseguiu. Que cuidou do meu coração ferido e do meu corpo de uma maneira que eu nunca pensei que seria possível. Kim Taehyung, meu verdadeiro e único amor.

Que morrerá em meus braços. Que levará um tiro de mim, aquela em que ele confia.

Por favor, que de todos os meus pecados esse seja o que nunca será perdoado. Eu mereço queimar eternamente pelo fogo do inferno pelo que pretendo fazer. Sei que é necessário. É necessário. Não posso deixar que ele viva depois de tudo que aconteceu. Não quero morrer sabendo que fui fraca, que me deixei levar pela ilusão e não fiz nada contra isso.

Kim Taehyung deve morrer para que eu, Shin Ryujin morra também.

Escutei o barulho do carro parando em frente a casa. Em velocidade brusca. Algo estava errado.

Me aproximei até a janela e encarei-o pelo vidro. Kim Taehyung praticamente pulou do veiculo e subiu os degraus da escada de entrada de dois em dois. A porta foi praticamente tirada do lugar pela sua força.

-Precisamos ir. Hoseok nós entregou. Centenas de policiais então vindo para cá agora mesmo!

Era mesmo o fim. Acho que desde o momento em que abri meus olhos pela manhã, eu sabia que hoje seria o dia. O dia do Julgamento final. Se eu não morrer agora, serei presa.

-Me ajude a pegar somente os itens importantes. -A voz de Taehyung estava alterada conforme ele andava de um lado para o outro pegando o necessário. Continuei de costas para ele. Não conseguia encarar seu rosto. E ele percebeu isso. -Ryujin, está me ouvindo?

Lentamente escutei seus passos se aproximarem de mim. Meu dedo se prendeu no gatilho. Eu atiraria, assim que ele me tocasse, eu me viraria e dispararia sem pensar duas vezes. Sem recuar. Apenas um tiro certeiro. Apenas um.

-O que está acontecendo? Precisamos ir! - Sua mão tocou meu ombro e me virou. No mesmo instante, apontei em direção a sua cabeça. O cano na mesma linha de sua testa.

A expressão em seu rosto me despedaçou. Um misto de surpresa, medo e a pior de todos, decepção. Ele se decepcionou comigo e com toda razão. Mas ainda assim, ver a forma como ele me olhou, me quebrou.

-Não diga mais nada Taehyung. -Minha voz vacilou. A Ryujin fraca estava tentando se convencer de que isso não era preciso. De que Taehyung merecia viver.

-Vai me matar. -Sua voz estava trêmula. Me surpreendi com a forma em que ele afirmou que eu iria matá-lo. Ele sempre soube? Sempre desconfiou de mim?

Estou com uma arma em mãos, mas isso não significa que irei matá-lo. Posso estar fazendo apenas uma brincadeira. Como ele pode achar que eu iria matá-lo sem hesitar? No fundo, Taehyung sempre teve receio de estar ao meu lado?

-Não confia em mim? -Odiei como minha voz saiu. O tom de tristeza era inevitável.

-Tenho meus princípios para não confiar.

Naquele momento, com aquele sorriso ladino nos lábios. Me lembrei do Taehyung, meu professor de música que me odiava. Aquele que me expulsou tantas vezes do colégio que tive de repetir o ano. Que fez o inferno em minha vida.

O Taehyung amoroso, estava distante. Aquele que cuidou de mim durante todo esse tempo, estava escondido embaixo daquela pessoa arrogante.

No fim, terminamos da mesma forma que nos conhecemos.

Tudo que aconteceu esse tempo, foi uma mentira.

Não consegui esconder meu sorriso. De alegria por saber que morrerei como eu mesma.

-Ande logo com isso, prefiro morrer nas suas mãos do que nas de um policial.

-Tudo foi apenas uma aventura, não é?

Ao fundo, pude escutar o barulho das sirenes dos carros de policia se aproximando. Hoseok foi mesmo um grande covarde. Não entregou apenas a mim, e sim seu grande amigo. A amizade deles parecia ter uma longa e bela história. Ele deve ter recebido uma grande quantia por nossa localização. Espero que o dinheiro tranquilize seus pesadelos. é claro que ele os terá, ninguém entrega um amigo e consegue dormir tranquilamente todos os dias.

-Sequer me amou de verdade?

Ele não respondeu. Continuou me olhando nos olhos enquanto o cano do revolver estava colado em sua pele quente. Um tiro certeiro. Eu só preciso apertar o gatilho. E tudo terminará.

No entanto, precisava ouvir de sua boca, saindo de seus lábios que ele nunca me amou e tudo foi uma mentira. Ninguém é tão bom ator assim. Ninguém consegue forçar tantos sentimentos sem ter um pingo de verdade.

-Me diga. Me amou? - Encontrei seus olhos pela primeira vez desde que chegou. A vida que corria neles, não existia mais. Embora eu atire em sua cabeça, ele já estará morto. Pois desde que entrou nessa cabana, e me viu com uma arma em sua direção, ele morreu sem nem mesmo ter sido atingido.

-O amor é algo que apenas pessoas boas merecem. Nunca foi boa. Então acha que poderia ser amada?

O gosto de sangue e ferro estava em minha boca. Eu queria vomitar sangue. Meu copo estava expulsando aquilo pra fora. Quão ruim devo estar? Quão Ryujin ainda me sobrou? Quero matar este homem, mas não tenho coragem para matar a mim mesma.

Lágrimas de sangue escorreram por meus olhos. Lágrimas grossas de sangue preto.

Meu fim. Esse é meu fim.

-Sempre foi um monstro Ryujin, e sempre será.

Taehyung estava certo. Não posso negar.

Ri com aquilo. E de meus lábios jorrou sangue. Uma tosse fez com que eu cuspisse no chão algo branco e gosmento. RI mais ainda. Comecei a rir como nunca antes. Estava doendo. Muito. Só não sabia se era porque estava morrendo ou se pelo fato de que meu coração foi esmagado com as mãos do homem que amo.

-Sou um monstro.

Sempre fui e sempre serei. E sempre soube disso.

Mas agradeço a Taehyung, pela primeira vez na vida ter feito com que eu me sentisse a mocinha de minha história e não a vilã. É como dizem, vilões são aqueles que suas histórias não foram contadas.

-Saiba que eu te amei. Não foi uma mentira.

Minhas últimas palavras foram a única verdade em minha vida.

Se serve de conselho, você realmente vê a luz quando está morrendo.

Quando apontei a arma para minha cabeça e apertei o gatilho sem hesitar, a última coisa que vi, foi o desespero no rosto de Taehyung e sua pressa em tentar chegar rápido o suficiente para impedir que o tiro fosse executado.

Não impediu.

E quando cai em seu colo, suas lágrimas se misturaram com as minhas, a diferença, era que as suas sempre foram puras e límpidas, as minhas sempre foram como agora, sangue podre.

Yes, TeacherOnde histórias criam vida. Descubra agora