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Dormi ou fiquei desmaiada por todo o caminho e por umas horas á mais. Não sei como Taehyung fez pra entra em casa comigo, me banhar e trocar minhas roupas. Lembro-me vagamente de alguns flashs de memória em que ele está acariciando meu cabelos ou beijando minha testa. Na verdade, creio que sejam coisas ilusórias criadas por mim. Taehyung nunca me daria carinho dessa forma. Nem mesmo sei como é ser tratada assim. Meus pais pararam de me mimar depois que viram que eu não queria isso. O último beijo ou abraço que recebi vindo deles, deve ter sido em meu aniversário de onze anos. Após isso, nenhum ser teve coragem de sr gentil comigo como ele e Hyunjin foram. A diferença, é que eu não senti essa formigação com os toques de Hyunjin.

Quando abri meus olhos, meu professor estava sentado em sua poltrona próxima a janela. A cabeça caída pro lado indicando que dormia, ou cochilava.

Agora ele sabe sobre meu segredo que eu não fazia questão de esconder. Pela primeira vez, depois de tudo o que aconteceu em minha vida, eu me sinto tão vazia, que dói. Isso mesmo, dói. Sei que sou do jeito que sou, por culpa unicamente minha. Pensando bem, talvez eu não tenha nascido assim, sem sentimentos e medos. Eu me fiz assim. Amar demais sufoca, e amar de menos machuca. Talvez, no fundo, eu sempre soube que eu não queria amar.

Amar machuca. Amar seu pais, machuca. Eles vão embora um dia, vão te deixar. É a lei da vida, não tem como mudar. Eles se vão, e você ficará para trás com a terrível dor no peito de não ter mais para onde correr. Por mais que eles não pareçam tão confiáveis e saibam ver seu verdadeiro eu, você sente a dor quando os perde. Quando deixam de existir, quando seu porto-seguro se vai, você sente todo o seu corpo morrer aos poucos com a dor da perda. Eu não senti isso, doeu, ainda dói, mas não como deveria. Aprendi desde cedo, que não devo amar nada nem ninguém.

Não devo amar meu irmão. Pois eu sempre soube, que ele me deixaria. Que ele não estaria ali quando eu precisasse de um ombro ou um abraço. Jungkook não enxugou minhas lágrimas quando mais precisei. Eu precisei? Acho que não. Afinal, eu também nunca o amei como deve-se amar.

Nunca amei ninguém. E isso inclui a mim mesma. Não sei o que amar significa. Eu evitei a todo custo esse sentimento. O prendi a sete chaves. Se eu não amar, não vou perder nada. Ninguém me fará sofrer, chorar e me lamentar. Posso ser vazia, podre por dentro. Contudo, nunca fiquei horas acordada em desespero por alguém ter ido embora.

Não amo a vida, não amo as pessoas ou coisas, não amo mim mesma.

E estou bem assim. Estou bem em não amar.

Ainda assim, por que dói? Por que meu peito dói? De uma forma que eu nunca senti antes, que eu nunca quis sentir, que eu lutei todos os dias para não sentir. É a dor que eu evitei, a dor da perda. Da solidão e saudade. A dor que se sente quando você lembra, que apesar de tudo, meus pais estiveram lá. Que por mais que eu tivesse deletado de minha mente, eles um dia me pegaram no colo e me amaram. Todas as vezes em que eu chegava em casa dolorida, drogada e fedendo a álcool, eles me acolheram, me banharam, me alimentaram e me colocaram pra dormir.

SInto a dor da culpa. Se eu não estivesse doente, eles nunca teriam pegado aquele avião. Eles nunca teriam caído, nunca teriam sido dados como mortos, de fato, nunca teriam perdido suas vidas. Pessoas boas, com corações bons que perderam suas vidas por causa de demônios como eu.

A dor de que Jungkook me abandonou, de que todos que eu convivia me abandonaram. De que meu irmão, desistiu de mim como eu mesma fiz.

E principalmente, a maior dor de todas. A dor de se apaixonar, de amar. A dor que eu sei que vai doer mais que todas, e que eu tento, evitar a todo custo. Taehyung foi o único que me notou. Isso é doentio, e sem noção e lógica. Não existe uma regra fixa a se seguir quando se trata de amar, e eu sei bem disso. O amo? Não tenho certeza já que nunca senti tal coisa. Minha obsessão por ele começou com meu ódio. Ainda não estou pronta para admitir que no fundo, sempre foi interessa amoroso. Contudo, ele fazia questão de me punir, de me seguir e prestar atenção no que eu fazia. Eu vi bondade nele, e isso me machucou. Me machucou saber que alguém como ele tinha cruzado meu caminho.

Yes, TeacherOnde histórias criam vida. Descubra agora