13

1.2K 115 27
                                    

   Mesmo o tendo em meus dedos, nas palmas de minhas mãos, eu ainda queria mais. Sou diferente, nunca me contento com pouco. Sempre desejo mais e mais, até ter tomado tudo. Quero massacrar Taehyung. Meu ódio ainda continua o mesmo, no entanto, com desejo acima. Posso me divertir e acabar com ele. Sexo e destruição. Prazer e decepção. É tudo o que sei. Tudo pelo qual fui criada. Tenho certeza de que roubei da morte antes de nascer. Devo ter pegado uma parte dela. Afinal, a morte me segue todos os dias. 

  Observei minha mão com sangue recém saído de mim e suspirei. Foi apenas uma tosse. E quando olhei além, meus dedos estavam cobertos de sangue espesso e escuro. Uma lembrança, de que tudo estava prestes a acabar. Uma lembrança de que eu deveria me adiantar por aqui. Fazer logo o que quero e não enrolar com joguinhos. Mas não é assim que desejo prolongar meus últimos dias. Quero continuar como sempre, sem pressa, sem pular etapas. Meu objetivo está começando a ser concretizado e eu não vou apertar o botão de avançar. 

   Sorri, um sorriso vazio, sem alma e sem nenhum sentimento. Se eu estava de fato, morrendo, de dentro pra fora, eu não deveria me importar se um sorriso deve ser sincero ou não. De que adianta afinal? Do que importa o que faço? Em um mês, ou dois, talvez três se eu for muito sortuda, eu estarei enterrada abaixo da terra. Engolindo aqueles grãos e não respirando mais. 

   No inferno talvez, deve ser pra lá que eu vou, caso ele exista. Algo sempre me disse, que o inferno e o céu, como dizem nas igrejas e bíblias religiosas, é a vida. Onde estou agora, é a junção dos dois. Ao mesmo tempo, em que existe as coisas boas, existe as ruins. Ao mesmo tempo que posso cair em tentação e me envolver com os desejos carnais, existe a salvação e a paz. As prostitutas podem representar as damas do inferno, enquanto as freiras, os anjos do senhor. Não importa no fim, se vivemos na junção do céu e do inferno, o que existe além? E quem vive nos dois? Como Kim Taehyung? Isso é possível. Ser duas coisas ao mesmo tempo. E ele é. De fato. 

    Me olhei no espelho por um longo minuto. Patético. Mesmo sabendo, ainda sei que minha expressão se abalou pelos lábios curvados. Levante menina, você sempre esteve pronta pra isso. Pra morrer. Desde que nasceu, você soube. 

    Porém, entendo sua surpresa. Ninguém de fato, está esperando pra morrer e fica feliz com isso. Ainda existe muito caos que você queria comandar. 

   Lavei minhas mãos com a água corrente e sabão. Me certificando de limpar bem, tirar todo aquele sangue nojento. Eu gosto de sangue fresco, vindo de outra pessoa. Meu próprio sangue, é estranho, me embrulha o estômago. Ainda mais, um sangue podre como o meu. Não pelo câncer, ele apenas contribui. Eu sou podre. Meu sangue é podre, meus órgãos, minha pele, meu cheiro e meu toque. Minhas roupas são podres e meu corpo inteiro. Já fiz tantas coisas ruins, que elas grudaram em mim e não saem nem pelo mais poderoso dos sabonetes. 

    Mortes. Tráficos. Torturas. Prostituição. Drogas. Sexo. Estupro. Roubo. 

    É uma lista longa, e nem me lembro da metade. Na calada da noite, eu me transformo em outra pessoa. Uma ainda pior da que sou pelo dia. Ryujin é uma porca maldita. E uma rainha da morte. Meus crimes e pecados estão marcados em meus pulsos, meus braços, pescoço, língua e face. Um lembrete de quem sou. O que faço com Taehyung, não é nem de longe comparado ao que já fiz. 

   O nome dela era Won-young. Tinha apenas 14 anos quando nos conhecemos. Ela era filha de um vizinho na minha antiga casa. Linda. Perfeita. Os cabelos escuros como carvão desciam como cascatas por suas costas magras. O corpo, fino e pálido como eu sempre gostei. Não se enganem achando que a amei. Não, sempre foi desejo, apenas desejo. E ela sempre me ignorou. Minhas investidas, meus flertes, minhas mãos bobas em momentos indevidos. Como vizinha, e filha de amigos dos meus pais, ela sempre estava presente em nossos jantares. 

Yes, TeacherOnde histórias criam vida. Descubra agora