Capítulo XI - Desaparecimento

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Acordo com o telemóvel a tocar, levanto-me de repente e parece que a minha cabeça pesa mil toneladas. Observo o ambiente à minha volta e só depois de alguns segundos percebo onde me encontro. Todas as memórias da noite passada reaparecem na minha mente como uma bomba nuclear. Fecho os olhos em desgosto. 

Procuro o telemóvel a vibrar na mesa de cabeceira, está escuro e não consigo ver perfeitamente. Sinto quando embarro em algum objeto, que não faço ideia do que seja, e várias coisas caem ao chão fazendo um barulho absurdo. Ouço Steph a reclamar do meu lado.

- Tessa... – Steph chama. - Desliga isso! - ela aumenta o tom de voz e uma dor latejante atinge a minha cabeça. Finalmente pego no telemóvel e atiro-o para ela, ouço-a a bufar mas ignoro.

- Molly? - ela atende. Abro os olhos assustada. Porque me está a ligar?

- Não... ela está aqui comigo, não te preocupes. – Steph responde. Tento colar a minha cara ao telemóvel para poder ouvir mas ela afasta-me.  

– Sim. Ah, não sabia. O Hardin? Hum... - ela olha para mim aflita e eu arregalo os olhos. – Ele encontrou-se lá connosco mas foi embora cedo. Hum... Ainda não? Que estranho.

Depois de mais uns cinco minutos a morrer de curiosidade para saber do que estavam a falar, Steph finalmente desliga a porra do telemóvel.

- QUE FOI? – pergunto assustada.

- Hum... - ela parece preocupada.

- Meu deus, ela sabe!? Sabe não sabe? - pergunto em total pânico, levanto-me da cama e começo a andar de um lugar para o outro no meio do quarto. O que é que eu fui fazer?

- Não... calma. Ela não sabe... infelizmente. – Steph diz julgando-me. Abaixo os olhos para o chão. – O  Hardin não foi para casa ontem. E ela não sabe dele até agora. Nem sequer lhe atende o telemóvel.

O quê? Não foi para casa porquê? Sinto uma sensação estranha dentro de mim, ansiedade talvez. Tento manter-me calma e pensar com clareza. 

- Não tenho nada a ver com isso também. - tento parecer indiferente apesar de sentir o oposto. A minha vontade é pegar no telemóvel e ligar-lhe.

- Tessa, não sejas ridícula. Ambas sabemos que essa máscara que estás a tentar colocar já veio um bocado tarde. - vejo-a a revirar os olhos. 

- Que queres dizer com isso? - pergunto magoada com as suas palavras.

- Que toda essa atuação de "ai, eu odeio o Hardin... O Hardin isto, o Hardin aquilo" não passa de uma fachada ridícula que tu queres transparecer para não assumires a ti mesma que tens algum tipo de sentimento por ele.

Outra vez arroz? Será que ela não pode parar de me fazer questionar esta merda? Eu não quero gostar dele! Bufo irritada com toda a situação. 

- Foda-se, eu conheço-te Tessa!  Sê verdadeira uma vez na vida - Steph exalta-se e levanta-se da cama. Sai do quarto e bate a porta com demasiada força. 

A dor no meu peito aperta derivado da sua atitude para comigo. Noutros tempos ela nunca falaria assim comigo, nem agiria desta forma. Destruí a nossa amizade por causa de um gajo. Um filho da puta de um gajo. 

Pego no meu telemóvel e vejo as mensagens que tenho. Reparo que o Hardin me ligou pelas seis da manha. O que é que poderia ele querer aquela hora? Retorno a ligação mas cai na caixa-postal. Tento várias vezes mas acontece sempre o mesmo. Será que está tudo bem?

Saio do quarto e vou ter com a Steph que está sentada na mesa da sua cozinha a beber um café. 

- Hum... Steph... - chamo-a timidamente, não consigo perceber em que pé estamos e sinto dificuldade em agir normal perto dela. 

ENTRE QUATRO PAREDESOnde histórias criam vida. Descubra agora