Capítulo VI - Missão Double date

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Não posso acreditar que o Hardin acabou mesmo de fazer isto. Muito menos posso acreditar que eu permiti que chegássemos a este ponto, na cozinha, em casa, com a Molly no quarto.

Sinto-me mais humilhada do que aquilo que achei alguma vez possível. Aquele filho da puta... Não, a mãe dele não tem culpa nenhuma do monstro que ele é. 

Enfurecida, agarro nas minhas roupas o mais rápido possível e corro para o meu quarto. Estou praticamente nua e se a Molly me vir nestes preparos com certeza não iria entender a situação. Nem eu entendo e sou eu a vivê-la.

O meu coração bate a mil por tudo que acabou de acontecer e por estar demasiado fodida, envergonhada e irritada por me ter descontrolado daquela maneira e ter voltado a cometer mais um erro. Logo depois de ter decidido que ia sair de casa e que não ia permitir que coisas como estas acontecessem de novo.

Eu simplesmente deixo de pensar... Não consigo arranjar outra desculpa. A verdade é que o Hardin tem um poder sobre mim que eu não entendo. Como é que é possível se ainda há alguns dias atrás não o podia ver à frente? Mas não posso deixar isto acontecer de novo, nunca mais! 

Decido-me acalmar. Visualizo mentalmente mil e um planos de vingança mas sei que nunca os poderia colocar em prática. Visto de novo o meu pijama e saio do quarto para voltar para a cozinha e acabar de arrumar aquela merda. 

Encontro Hardin sentado à mesa a comer o resto de pizza que sobrou e arrependo-me automaticamente de ter voltado a sair do quarto. Dou por mim a ficar surpresa ao reparar que a cozinha já está toda arrumada. Sem nenhum vestígio do que aconteceu à alguns minutos antes.

Ele já deve estar habituado a limpar as provas dos seus crimes.

Assim que me vê, sorri para mim como se nada tivesse acontecido. Reviro os olhos e volto para o meu quarto trancando a porta de seguida. Ele não me respeita, não respeita a Molly, não respeita ninguém.

Deito-me na cama e tento adormecer. Viro-me e reviro umas quinhentas vezes. Não consigo dormir, estou demasiado alterada. Sinto o ódio a fluir pelo meu corpo... Olho para o meu telemóvel na mesinha ao lado da cama e já são 2h da manha. Amanha tenho que trabalhar e se não conseguir adormecer vou andar o dia todo a morrer pelos cantos.

Pego no telemóvel e ponho os meus fones para ouvir música e me ajudar a relaxar. Passados uns minutos finalmente consigo adormecer.

Acordo com o despertador às oito da manha, os fones ainda estão nos meus ouvidos e sinto a minha cabeça a latejar por ter ficado a ouvir música a noite inteira. Levanto-me devagar e suspiro. Não estou com paciência nenhuma para trabalhar. Sabem aqueles dias em que estás apenas... desanimada? Não vês cor? É assim que estou.

Tomo o meu banho matinal rápido, estico o meu cabelo e ponho uma maquilhagem simples. Visto umas calças jeans de cintura subida, camisola preta justa de gola alta e uma camisa com um padrão xadrez vermelho e preto. Calço as minhas botas pretas, pego na minha mala e saio do quarto.

Graças a deus não está ninguém na cozinha. Molly deve ter folga hoje e o Hardin nunca está acordado tão cedo.

Pego num pão simples e saiu de casa o mais rápido possível. Ainda tenho meia hora para chegar ao trabalho, decido ir a pé para espairecer. Sinto-me demasiado agitada. Estou demasiado nervosa e ansiosa. Toda esta situação me está a fazer demasiado mal, preciso estar concentrada no que realmente interessa quando chegar lá.

Assim que chego, dirijo-me para a minha secretária e ligo o computador. Vejo os emails que recebi e respondo a alguns importantes. Olho à minha volta e ainda não chegou muita gente. Steph ainda não chegou infelizmente, preciso tanto de falar com ela. Vai-me matar quando souber o que aconteceu ontem. Depois da nossa conversa pensei mesmo que ia resolver as coisas e não torna-las ainda pior. Nunca fui pessoa de levar desaforo para casa e muito menos deixar que me humilhem desta forma. Ele vai desejar nunca me ter conhecido na vida. Eu juro.

ENTRE QUATRO PAREDESOnde histórias criam vida. Descubra agora