Capítulo XVI - O Encontro

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Fico surpreendida quando percebo que não vamos para um restaurante caríssimo. Trevor estaciona perto de um parque, encaro-o com uma sobrancelha erguida.

Ele sorri para mim.

- Não te preocupes. Vou-te levar à melhor rulote de NY.

Finjo-me assustada. 

- Eu não como carne! - digo chocada com a mão no peito.

Ele fica sério por uns momentos enquanto tenta pensar automaticamente numa solução. Não aguento e caio na gargalhada enquanto o vejo a ruborizar. 

- Muito engraçada. - diz irónico com um sorriso no rosto.

Agarra na minha mão e puxa-me para ir com ele. Automaticamente penso em afastar-me depois de alguns minutos de mãos dadas a andar, mas não quero parecer rude. Depois de uns cinco minutos a caminhar pelo parque encontra-mos finalmente o "restaurante". 

Fico surpresa com o ambiente que nos envolve, crianças a brincar enquanto os pais comem descansados nas suas mesas. Velhinhos a comer em pé na frente da rulote enquanto conversam animadamente. Sorrio com a visão á minha frente, parece tudo tão... em paz. Sinto-me automaticamente feliz por ter concordado em vir.

Trevor escolhe uma das mesas disponíveis e eu sento-me na minha cadeira, não deixando de reparar nos seus modos enquanto puxa a cadeira para mim. 

- Eu já volto. - diz enquanto me pisca o olho e vai fazer o nosso pedido.

Um cavalheiro, estou a ver. 

Olho á minha volta para ter a certeza que ainda me encontro no século 21. Rio mentalmente com o meu pensamento.

Nem todos os homens são o mesmo pedaço de merda que o Hardin.

Apetece-me cortar os pulsos assim que percebo que continuo a comparar o Trevor ao Hardin. Deixo para lá, quando vejo Trevor a voltar com a nossa comida.

Aspeto tem...

- Que tal?  - pergunta animado.

- Parece delicioso... apesar de não entender como é que um chefe de cozinha prefere vir comer a uma rulote. - sorrio.

- Prova e vais perceber.

Assinto com a cabeça e faço o que me pediu. Provo o que parece ser um hambúrguer de queijo duplo, com tomate e alface pelo meio. Ele olha para mim durante todo o tempo, analisando todas as minhas reações. 

Fecho os olhos quando sinto o sabor, sabe a...

Hambúrguer.

Ok, não é um hambúrguer qualquer, é bom... muito bom. Mas não deixa de ser um hambúrguer. 

Estarei eu a ser demasiado picuinhas? Quer dizer, eu amo Mcdonalds. 

- É incrível. - digo depois de engolir o primeiro pedaço. Reparo que os olhos dele brilham em felicidade e acho piada a isso. - Come também, ou vais ficar a olhar para mim o tempo todo?  - pergunto sorridente.

- Esta comida e esta visão... poucos homens aguentariam. - diz brincalhão.

Reviro os olhos ao comentário dele. 

- Homens fracos. - respondo enquanto dou outra trinca na comida.

- Mulheres irresistíveis. 

O  resto do jantar passou calmamente, entre conversas provocadoras e momentos silenciosos pouco desconfortáveis. 

Normalmente, quando se conhece uma pessoa nova, existe sempre aquela pressão para nunca faltar tema numa conversa, como se toda a amizade fosse automaticamente avaliada nessa situação... se não tivermos tema de conversa, é porque não somos assim tão compatíveis. 

ENTRE QUATRO PAREDESOnde histórias criam vida. Descubra agora