Capítulo VII - O Leão e a Tessa

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Está um silêncio demasiado constrangedor. Mexo e remexo no frango com o garfo enquanto penso em algo para dizer. Olho para Molly em modo de ajuda.

- Como é que vocês se conheceram? – Ela pergunta.

Pego no copo de água para manter a boca ocupada enquanto o Zed fala.

- Bem... Conhecemos-nos lá no trabalho. Comecei há quase um mês. – Ele olha para mim e dá-me a mão em cima da mesa.

Quase me engasgo com a água e pouso o copo com a outra mão e sorrio para ele.

- A primeira vez que a vi... - ele diz olhando diretamente para os meus olhos. Sinto a ficar vermelha. – Foi como amor à primeira vista. – Ele diz.

Sem pensar, olho para o Hardin e vejo-o a revirar os olhos. Quase me dá vontade de rir mas volto a olhar para o Zed.

- Olha que ainda fico com ciúmes! – Molly diz a sorrir.

Riu com ela sem achar a mínima piada. Zed sorri e continua a comer. Hardin mantêm-se impassível. Sinto o seu olhar a queimar na minha cara enquanto como. Aposto que se olhar matasse estava morta neste momento. Consigo sentir a raiva dele daqui.

- Vocês namoram? – Hardin surpreende-me perguntando.

Arregalo os olhos e olho para a Molly tentando entender se ela acha estranha a pergunta. Ela apenas olha para nós curiosa. Apesar de já saber a resposta.

- Sim. – Eu digo. Zed engasga-se assim como o Hardin e Molly olha para mim com a boca aberta. – Quer dizer... Mais o menos. – Tento-me desculpar. O que é que eu fui dizer? – Estamos a conhecer-nos melhor. Não ligo muito a rótulos para dizer a verdade. - continuo a mastigar a comida para parecer pouco importada. No fundo, só me apetece enfiar debaixo da mesa.

O  resto do jantar decorre normalmente... Molly monopoliza a maior parte da conversa, e ainda bem. O Zed aparenta ser um rapaz bastante simpático e simples, se pudéssemos ignorar o facto que está obviamente obcecado por mim sem nem sequer me conhecer direito. Depois da sobremesa acabamos por ficar sozinhos na sala.

- Fala-me sobre ti... - diz.

- O que queres saber? - pergunto sorrindo.

Na realidade a companhia dele nem é assim tão má, percebi ao longo do jantar que consegue ter algum tipo de conversa interessante e não se deixa intimidar com estranhos. Se não fosse toda esta situação de merda, ainda podíamos ser bons amigos.

- Se disser, tudo... ficavas muito assustada? - responde sorrindo.

Acabo por ri também. Se calhar toda esta versão de menino apaixonado é apenas uma faceta da sua personalidade. Acabamos por conversar sobre diversos temas. Percebi que nasceu em Los Angeles e viveu a maior parte da sua vida com a avó, quando os seus pais faleceram num acidente de viação tinha apenas 10 anos. Sinto por ele imediatamente, sabendo que lidar com toda essa dor deverá ter sido demasiado difícil. Não sei como reagiria se perdesse os meus pais de repente.

Momentos mais tarde somos interrompidos pela Molly e Hardin que decidem juntar-se a nós. Sentamo-nos todos na sala para ver um filme e apagamos as luzes. 

- Que filme querem ver? - pergunta Molly animada. 

- Qualquer coisa. - respondo eu e Hardin ao mesmo tempo com o mesmo tom de desinteresse.

- Gostava imenso de ver o Don Juan, dizem que está muito bom. Mas não sei se já saiu dos cinemas. - Zed responde. Olho automaticamente para o Hardin e reparo que já está a olhar para mim. Sinto-me a ficar embaraçada e levanto-me para ir apanhar um bocado de ar.

ENTRE QUATRO PAREDESOnde histórias criam vida. Descubra agora