A paixão é ver o fogo e querer brincar com ele

131 3 0
                                    

Jorge não estava brincando quando disse que eu teria trabalho, embora eu ache que ele tinha ficado relutante em me dar acesso direto com casos especiais. Nem almocei para deixar tudo pronto em duas horas, tive que refazer todo o contrato e apontar minhas alterações e observações, sei que fui bem ousada em fazer alterações quando só me foi pedido para revisar, mas acho que ele ficará mais que satisfeito com meu trabalho. Bom, se ele tivesse dado o ar da graça, o bastardo tirou a tarde de folga, provavelmente para trepar com a Sra. Cavalcanti desdenhei dentro do elevador. Depois de ter perdido a fome mexendo na papelada do Sr. Luan me envolvi em casos de outros advogados,  obviamente que me passaram o trabalho duro, burocracia e essas coisas práticas, mas eu quero aprender e esse é o preço de ser uma estagiária. Com isso, o estresse, a rotina pesada e a fraqueza por não ter comido nada, fiquei enjoada. Avistei Jorge encostado no seu carro que estava na sua vaga privilegiada, ele estava me esperando? Pela cara, acredito que sim. Sai do elevador e tudo rodou, procurei a primeira coluna que encontrei e me escorei para no cair. Caralho, como eu vou dirigir nesse estado? E Jorge, o que será que ele quer? Ainda tem o Kaio me esperando em casa.
 
- Esse dia não acaba mais? – Perguntei para mim mesma.
 
- Também tive um dia de merda – Senti o sopro do seu hálito quente na minha orelha.
 
- Como um dia de folga pode ser uma merda? – Perguntei normalmente, tentando me desvencilhar dele.
- Folga? Não, você entendeu errado, Lorenna também é uma cliente do Themis – Ele retrucou como se eu fosse inocente para não saber que eles são íntimos demais para serem apenas advogado e cliente.
 
- Uma cliente muito especial pelo visto – Falei passando por ele.
 
- Sim, muito especial se é assim que você quer classificar – Respondeu ao me puxar para si pela mão, fiquei tonta com o giro que tive que dar.
 
Fechei os olhos para me equilibrar sobre os saltos e ele franziu o cenho tentando entender.
 
- Suas mãos estão geladas, você está bem? – Jorge perguntou me segurando como se eu fosse desmaiar a qualquer momento.
 
- Você não devia tá cuidando da sua cliente especial? – Alfinetei prepotente.
 
- Ela já é bem grandinha e sabe se cuidar, já você parece ter 5 anos – Ele retrucou e eu realmente me senti como se fosse uma criança levando uma bronca do pai.
 
- Olha Jorge, eu trabalhei pesado hoje, não comi nada e minha pressão está baixa, além disso não vou pra casa e nem troco de roupa desde ontem, então, se você puder me deixar ir pra casa eu ficaria muito grata – Disse com os olhos marejados de cansaço.
 
- É o que? Por que caralho você não comeu nada o dia inteiro? – Gritou me assustando.
 
- Desde quando eu te devo explicação? Você é apenas meu chefe – Respondi sem me alterar para tentar igualar as forças, acredito que não descer do salto é melhor do que ser um bárbaro, assim como Atenas foi melhor que Esparta.
 
- Desde quando seu pai me fez a porra da sua babá – Falou mais contido, mas ainda imponente como um rei.
 
- O desde cuando estaba dentro de ti – Sussurrou com sua boca a centímetros da minha.
 
Ficamos alguns segundos apenas nos olhando, umedeci os lábios com a espera, por que eu sou tão fraca mesmo? Não consigo resistir a uma voz rouca em espanhol! Muito menos a esses olhos negros cheios de desejo e... precaução? Droga! Por um momento eu esqueci que estamos no estacionamento do escritório, qualquer um pode descer e nos ver.
 
- Vem – Mandou me puxando consigo pela mão.
 
- Não ande tão rápido – Falei e ele não diminuiu o passo.
 
- Eu tô enjoada, será que pode andar mais devagar? – Repeti.
 
- Não, não posso – Disse virando-se para mim.
 
- Mas eu posso fazer isso – Falou e sem aviso, ele se curvou e me pegou no colo, me levando para um corredor que aparentemente era o almoxarifado e, no fim, a saída de emergência.
 
Me senti verdadeiramente uma menininha incapaz durante o trajeto. Mas quando Jorge me desceu de seu colo e colou meu corpo ao seu, fazendo do meu pescoço seu alvo, o sentimento de ser vulnerável deu lugar ao desejo. E, pela primeira vez, com seus beijos lentos e comedidos, ele me ganhou. Sua boca trilhava um caminho que eu estava ansiosa para que chegasse ao seu destino, enquanto ele era o oposto de mim, pois parecia curtir cada pedaço, cada textura, cada cheiro... e isso ia enchendo o copo da expectativa, fazendo parecer que eu nunca tinha tocado seus lábios e que se o fizesse, algo explodiria dentro de mim.
 
- Sabia que ainda podemos ser pegos aqui? – Indaguei sussurrando no seu ouvido.
 
- Quer que eu me apresse Srta. Medeiros? – Sua voz era morna, cheia de provocação quando falou assoprando seu hálito quente sobre a minha pele. Nem tive a chance de responder.
 
-  É uma pena, porque eu sou o chefe – Falou enquanto sua mão descia possessivamente pelas minhas costas.
 
- Eu quem mando – Arfei com suas palavras e ele continuou seu jogo de sedução agora com seus lábios passeando no meu cangote.
 
- Sou eu, Srta. Medeiros... – Pausou, cheirando meu pescoço, causando arrepios.
 
- Sou eu quem dita o ritmo – Continuou a me inibir com suas palavras.
 
Suas mãos ultrapassaram o limite das minhas costas, apertando minha bunda, me puxando para si, esfregando seu membro em mim.
 
- Sou eu quem digo onde... – Disse enquanto sua mão subia para meu cabelo, segurando firme na nuca.
 
- Eu digo quando - Alinhou sua boca a minha.
 
Ofeguei com as pernas já trêmulas de desejo, esperando pelo seu ato de misericórdia.
 
- E sou eu quem digo quando parar – Sussurrou a milímetros dos meus lábios.
 
- Sou eu quem dita as regras, Darling – Afirmou, sem se mover um centímetro.
 
Seus olhos avaliaram meu rosto, capturando minha expressão e guardando para si, cheio de si, totalmente controlado, enquanto eu era um vulcão de desejos e sensações. Beijou o canto dos meus lábios, apenas provocando. Então se afastou, abri os olhos completamente frustrada, ele sorriu presunçoso com nossos olhares travados. Uma nuvem de tensão ao redor. Até que o toque do meu celular me despertou do transe. Peguei o celular da bolsa, era Kaio, havia esquecido completamente dele. Jorge observava curioso enquanto eu atendia.
 
- Oi linda – Sorri com o elogio, por que ele tem que ser tão perfeito?
 
- Oi – Respondi timidamente, é difícil fazer isso com Jorge me encarando daquela forma.
 
- Então, você já é toda minha? – Kaio perguntou com a voz melosa, o que teria me derretido se eu não soubesse que Jorge havia escutado.
 
E como eu sabia disso? Aquele olhar assassino o denunciou. Sua expressão calma, de dono da situação se desfez ali. Ele cerrou os dentes, provavelmente para se conter. Afinal, o que ele fazia ali ainda? Assim, tão próximo...
 
- Sinto muito - Jorge disse ao tomar o telefone da minha mão antes que eu abrisse os lábios para responder.
 
- A Srta. Medeiros irá me acompanhar em um jantar e eu creio que não voltará cedo, garoto – Cuspiu a última palavra com tanto desdém que acho que Kaio percebeu do outro lado da linha.
 
- Mas o horário de estágio dela já acabou – Kaio reclamou.
 
- Foi a própria Eduarda quem pediu para ser inclusa nesse tipo de coisa. Precisamos ir – Jorge foi frio ao extremo ao falar e desligou o celular sem aviso.
 
- Precisava disso? – Ergui o queixo com arrogância o encarando da mesma maneira como ele costuma fazer comigo.
 
- Você não vai ficar sozinha naquele apartamento com aquele merdinha – Disse indiferente.
 
- E desde quando você dita com quem devo estar? – Falei corajosamente.
 
- Desde quando você se ajoelhou pra mim naquele quiosque e depois fodeu comigo de todas as formas na minha sala – Se aproximou, sussurrando essas palavras no meu ouvido.
 
- Foder com você não me torna sua puta – Respondi usando minhas últimas forças.
 
Porque sim, ele estava perto demais, imponente demais. Tudo nele era a armadilha perfeita para me dominar. E eu sabia que não podia ceder, só não sabia como. Então ele se afastou, me deixando respirar aliviada, pelo menos até ver o sorriso arrogante que ele exibia.
 
- Pois prove que não é – Respondeu orgulhoso.
 
Então pegou um molho com quatro chaves do bolso ainda me olhando com aquela arrogância. Andou tranquilamente até a porta do almoxarifado e a abriu. Voltou para o mesmo lugar a minha frente com a mesma calma. O que ele planeja com isso?
 
- Vamos, pegue seu celular e vá pra casa – Falou como se quisesse que eu fizesse o que ele disse.
 
- Se não o almoxarifado vai ser sua última escolha da noite – Suas palavras era o oposto da sua expressão.
 
Engoli em seco. O olhar dele queimava sob a minha pele. Era uma escolha aparentemente fácil. Pegar meu celular e ir embora, provando que ele não tem poder sobre mim e o fazendo engolir aquela arrogância goela abaixo. Mas seu olhar perverso fazia promessas que assustaria qualquer garota, menos a mim. Só queria entender o porque eu estava excitada? Por que não posso ser como as outras garotas e correr de um cara como ele? Esse pensamento fez as coisas ficarem mais fáceis. Agora era só eu encontrar outra forma de me mover novamente. Dei um passo em sua direção e seu cheiro invadiu minhas narinas, me fazendo repensar minha escolha. Um filme dos nossos momentos de prazer passou pela minha cabeça me mostrando o quão gostoso seria. O prazer que é deixá-lo me dominar por completo. Tentei ignorar meu corpo traiçoeiro e pegar meu celular. Mas a verdade era que eu não tinha escolha. Ele colocou o celular no bolso ao mesmo tempo em que fui pegar. Avançou sobre mim que nem tive tempo para pensar, quando percebi já estava sendo carregada meio cambaleante para detrás daquela porta minúscula. Jorge me virou abruptamente me empurrando contra a porta fechada. Fechei os olhos e respirei fundo quando ele se afastou. Ouvi o som da sua braguilha abrindo. Sei que ele não vai pegar leve comigo.
 
- Assim... – Ele disse projetando meu quadril para trás, me fazendo ficar numa posição muito erótica.
 
E antes que eu pensasse em qualquer outra coisa, a minha calcinha foi afastada para o lado e seu pênis, lubrificado apenas pela minha excitação, se afundou em mim sem floreios. Espalmei as mãos contra a porta e empinei mais o bunda para dar mais acesso. Gemi alto.
 
- Sem barulho, Eduarda! – Exclamou, com seu jeito mandão.
 
Eu obedeci? Como podia? A esse passo era impossível controlar. Senti-lo assim, de forma bruta entrando e saindo de mim era enlouquecedor. Ele levou a mão a minha boca tentando me conter, mas isso só deixou o ato mais intenso para mim. A posição “os oportunistas”, o lugar, o vai e vem incessável, a forma que estou sendo subjugada, tudo era depravado. A expressão de Jorge eu não podia ver, mas eu imaginava seus olhos profundos, cheios de luxúria, suas veias saltadas no antebraço e na testa pelo esforço, sua mandíbula rígida por tentar se conter... Ahh esses pensamentos me atropelaram como um trem bala com um orgasmo que abalou o céu e a Terra. Gritei, gemi, me derreti ali, deixando o estresse e o cansaço se esvair ali, numa rapidinha contra a porta. Jorge ficou imóvel dentro de mim enquanto eu me desmanchava. Sentia seu pênis sofrendo as contrações musculares causadas pelo meu orgasmo.
 
- Buceta mais perfeita – Sussurrou com a voz rouca enquanto me segurava pelo busto, massageando meus seios vagarosamente.
 
Sorri com seu elogio, mas fiquei tímida, me encolhendo toda sob ele.

Anjo DepravadoOnde histórias criam vida. Descubra agora