Uma por todas, todas por uma

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- Hey, não – Falei para Helena assim que abri a porta e ela desabou no choro.

- Vem, vamos entrar, tenta se acalmar – Disse trazendo ela com meu braço em volta do seu corpo.

Helena conseguiu se controlar depois de algum tempo. Apresentei Mary a ela e então ela se desatou a falar.

- Então por isso não queria ir pra casa, a Brenda ou o Daniel poderiam ir lá e eu não quero que minha mãe nem o Kaio saiba, seria uma confusão – Ela terminou de se explicar fungando ruidosamente.

- Mas essa Brenda aí não é sua amiga, ela é uma cobra, da mais peçonhenta – Mary disse e eu não pude segurar o riso.

- Achei que ela fosse minha melhor amiga e que Daniel não desceria tão baixo pra me atingir – Helena disse com pesar.

- Amiga, esses dois não merecem uma lágrima sua, mas se for pra chorar que coloque tudo pra fora pra não ficar se lamentando aos poucos – Mary disse ativando o seu modus operandi psicóloga.

- A Mary tá certa. Embora eu não sei o que você viu naquele garoto, não acredito que ele é amigo do Kaio, ele me pareceu um babaca de imediato – Falei para Helena que sorriu com o meu desabafo.

- Na verdade Duda, Kaio é o babaca dos dois, mas parece que resolveram trocar de lugar – Ela disse me parecendo sincera.

- Eita que aí tem coisa, desembucha logo mulher – Mary disse e nós três gargalhamos.

- Não é grande coisa, é só que o dilema do Kaio é o de “ame-as e deixe-as", enquanto o Dani nunca teve, na verdade, acho que nunca o vi com uma garota antes de mim, mas agora... – Eu a interrompi completando a sua frase.

- Agora Kaio parece um Romeu e o Daniel um galinha que pegou sua melhor amiga na sua frente - Falei séria.

- Sim, mas tem mais, a Brenda sempre teve um caso com o Kaio, mas ele nunca deu muita bola pra ela, acho que ela abriu as pernas fácil demais pra ele – Helena completou e eu ruborizei no mesmo momento, Mary me encarava com aquele olhar de “espero que você não tenha dado para ele”.

- Não tem essa de abriu as pernas fácil demais, mas sim pra quem abrimos as pernas – Eu disse na defensiva.

- Mas parece que só fazemos isso pro cara errado – Helena acrescentou.

- Ainda bem né, se fôssemos acertar de primeira não ia ter a diversão da procura – Mary falou e nós três caímos na risada.

- Vocês são duas piranhas – Helena disse ainda sorrindo.

- Duas piranhas que se dão valor – Acrescentei e rimos mais ainda.

A noite passou voando, assaltados a minha quase inexistente adega e pedimos todo tipo de comida delivery, se fosse para sofrer que soframos em grande estilo. Fomos para o karaokê depois de comer e quando estávamos bêbadas o suficiente começamos com o Just Dance até cairmos exaustas nos edredons que colocamos no chão da sala. Acordei e senti meu corpo reclamar, eu estava no meio das meninas que ainda dormiam espalhadas sobre o edredom. Levantei pensando em todas as coisas que contribuíram para o meu corpo estar tão dolorido:
1. Just Dance me moeu
2. Dormir no chão contribuiu
3. Sexo bruto com um homem das cavernas com certeza é o motivo da rigidez e ardência nas minhas partes, sem contar as marcas que ficaram
Concluí minha lista mental indo para o banheiro. São 6:40 da manhã, não vou acordar as meninas, mas também não posso ficar para quando elas acordarem, hoje a primeira aula é com o Sr. Certinho. Sorri ao lembrar do encontro inesperado ontem a noite. Ele é mesmo um certinho de merda. Me arrumei e sai sem merendar, não queria acordar as meninas mexendo na cozinha, então só deixei um bilhete atencioso. Fiz o mesmo percurso que já havia virado uma rotina, mas dessa vez nenhum babaca derramou minha vitamina na minha roupa e meu vestido florido e solto está impecável, talvez casual demais, mas dane-se, eu amo me vestir assim e ele está fazendo jus ao meu humor.

Anjo DepravadoOnde histórias criam vida. Descubra agora