Que Comecem Os Jogos

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- Jorge? O que você tá fazendo aqui? - Perguntei franzindo o cenho ao entrar na sala.

- Eu precisava falar com você, temos um assunto pendente – Falou se levantando e abotoando o primeiro botão do seu terno.

- Não poderia ter deixado para quando eu estivesse no escritório? Aliás, não me lembro de ter deixado nada pendente no escritório – Eu sabia sobre o que ele queria falar, mas eu já havia encerrado esse assunto e não estava a fim de discuti-lo.

- É um assunto pessoal. Só queria discutir com você antes de falar com seu pai – Filho da puta! Não acredito que ele vai usar isso contra mim.

- Achei que já tínhamos discutido esse assunto, já deixei meu ponto bem claro. Agora, se me der licença, tive um dia longo hoje e gostaria de descansar – Falei olhando diretamente para o Kaio, para demonstrar que tínhamos planos para a noite.

- Desculpe, mas acho que o seu namorado pode esperar, ou você fala comigo, ou eu falo com o seu pai – Ele me fuzilou com os olhos ficando todo empertigado, pronto para a guerra.

- Agora quem vai me desculpar é o senhor, está claro que ela não quer falar com você, então você vai ter que se retirar – Kaio se levantou ficando na minha frente. Uau! Não achei que ele fosse se intrometer. Jorge sorriu cínico.

- Olha aqui garoto, não sou eu o estranho aqui. Eduarda é nova na cidade e o pai dela me pediu que cuidasse dela, então antes que eu chute sua bunda pra fora do meu prédio, senta aí caladinho - Terminou com seu tom de voz mortal, tenho certeza que ele usa esse tom para intimidar a maioria das pessoas e conseguir o que quer, mas de mim não, não depois de ter visto o quanto ele fica vulnerável enquanto goza praguejando meu nome.

Jorge me puxou pelo braço passando por Kaio, que segurou meu outro braço.

- Você não tem que ir com ele – Me encarou sério, a calmaria que seus olhos verdes escuros sempre me passava não estava mais lá, sei que ele estava se contendo por mim, coisa que o outro brutamonte segurando meu braço não teve a decência de fazer.

- Não quero briga, só vou resolver esse assunto e já volto pra você – Falei no meu tom conciliador.

Segui Jorge para o meu quarto. Deixando Kaio sozinho na sala novamente. Ao entrar no quarto sou puxada para Jorge que me beija possessivamente. É um beijo bruto, sua língua domina a minha não deixando espaço para resistência. Seu corpo me aperta para perto de si me deixando imóvel, sem poder resistir. Uma das mãos que me seguravam foi para meu cabelo puxando bruscamente quando ele finalmente cessou sua demarcação de posse.

- Uma ova que você vai voltar pra aquele bastardo – Sussurrou na minha boca, e só agora percebo seu hálito de whisky, o que justifica sua atitude estranha essa noite. Mas logo esse pensamento fica em segundo plano na minha mente quando sua outra mão foi para o meu pescoço apertando sutilmente.

- Não terminamos o que começamos - Desceu a mão que estava no meu pescoço pelo meu ventre colocando a mão por baixo do meu baby-doll. Ele a desceu até a minha vagina massageando por cima da calcinha. O que fez minha buceta palpitar de desejo. Deus me ajude! Cadê o meu autocontrole? Não acredito que vou deixar ele me foder com Kaio na sala.

- Se você quer ser uma puta, que seja a minha, não de um moleque qualquer que você acabou de conhecer – Jorge falou e me beijou em seguida.

Eu mordi seu lábio inferior com muita força e ele me soltou de imediato. Mais pela surpresa do que pela dor.
- Vai embora! – Apontei para a porta para enfatizar o que acabei de falar.

- Nós não conversamos ainda – Me deu um daqueles olhares de cachorrinho com o rabinho entre as pernas, igual aos que meu pai dava a minha mãe quando ficava bêbado e aprontava alguma, quase cedi, lembrar do meu pai é um dos meus pontos fracos.

- Tenho certeza que você não está em condições de conversar agora. E eu realmente espero que quando estiver sóbrio, você pare de me atacar como se fosse meu dono e de me ofender como se eu tivesse me prostituído pra você. Foi apenas um boquete, nada de mais, tenho certeza que um cara como você sabe separar as coisas. Não sei porque tanto drama nisso, como você viu, não foi nada pra mim, se tem a ver com a sua relação com o meu pai, se é isso que te fez ficar dessa forma, não chegará nele, não por mim, então esquece – Fiquei quase sem fôlego ao terminar de falar, não queria dizer essas coisas agora, não com ele assim, mas já tô farta desse julgamento medíocre dele em relação a mim. Ele apenas assentiu e saiu do quarto. Respirei fundo e o segui até a sala a tempo de vê-lo sair sem dizer nenhuma palavra. Bom, acho que essa partida eu venci: 1x0 para mim.

Kaio estava impaciente no sofá encarando a caixa de pizza que agora estava em cima da mesa de centro.

- Bom, mais uma vez interrompidos – Sorri para ele que se levantou sério.

- Pois é. Acho melhor eu ir embora também. Você tem aula amanhã e não quero atrapalhar o seu descanso – Falou sem nenhuma expressão. Será que ele viu algo?

- Não precisa ir embora agora. Gosto da sua companhia. Fica pelo menos um pouco, comemos e assistimos e depois você vai – Não menti, é realmente bom estar perto dele. Segurei sua mão pensando em ser mais persuasiva.

- Me diz uma coisa, o que você pretende ter comigo? Seu chefe achou que eu fosse seu namorado – Ferrou, não sei o que dizer agora. Kaio não parece ser do tipo que gosta de relacionamento sério, porém, eu iria parecer uma vadia se dissesse que não queria compromisso e apenas diversão, mas por outro lado, ele está investindo muito em mim. Acho que o melhor é tentar distraí-lo desse pensamento, não sei o que ele quer ouvir.

- O Sr. Rodrigues só pensou o óbvio. O que você pensaria se encontrasse um cara na casa de uma moça a noite? Além do mais, ele é amigo do meu pai, ou seja, acho que ficou encarregado de ficar de babá – Tentei brincar com a situação.

- Boa noite Duda! – Me deu um beijo na bochecha e saiu sem dizer mais nada.

Desabei no sofá exausta. Ainda agora tinha dois deuses gregos na minha sala e agora não tem mais nenhum. Senti meu estômago protestar, lembrei que só comi o café da manhã hoje. Olhei para a mesa de centro e sorri. Bem, no final, nada melhor do que a boa e velha pizza com televisão, com ou sem companhia. Abri a caixa de pizza, vendo que era de calabresa, uma das minhas preferidas, peguei um pedaço e comi bem mais rápido do que o necessário. Senti minha boca seca e tive uma grande ideia. Nada melhor para combinar com a boa e velha pizza do que o bom e velho vinho. Fui na minha inutilizada cozinha e peguei uma garrafa de vinho e comecei a beber pelo gargalo mesmo. Liguei o sistema de som que começou a tocar Perfeição de Legião Urbana em um volume considerável. Cantar, dançar, pular, beber, comer, chorar... fiz isso até cair na cama e não ver mais nada.

Anjo DepravadoOnde histórias criam vida. Descubra agora