- Bom dia – Disse ao entrar na sala.
- Bom dia – Jorge respondeu enquanto eu caminhava até sua mesa.
- Eu queria me desculpar pelo atraso de hoje, foi um imprevisto e não teve como evitar – Despejei tudo de uma vez. Jorge apenas sorriu e me apontou a cadeira, que sentei logo em seguida.
- Eu já estou a par de tudo Eduarda, foi um incidente, não se preocupe com isso. Mas não posso deixar de mencionar que tenho assuntos pendentes com você e gostaria que fosse almoçar comigo para falarmos sobre – Simplesmente disse, como se não fosse nada.
- Gostaria é? – Levantei a sobrancelha em uma careta totalmente sacana.
- Não é hora das suas travessuras criança – Jorge cerrou os olhos ao falar com uma voz suave, que não era o tom que normalmente usava.
- Você não me achava uma criança na primeira vez que me viu – Fiz biquinho para dar ênfase a minha atuação.
- Pelo contrário, havia uns surfistinhas de merda apostando pra te levar pra cama, eu apenas quis te fazer companhia porque achei que poderia acontecer, sei lá, algo ruim – Agora fiquei de queixo caído. Como eu não vi esses caras? Eu realmente não saberia o que fazer se tentassem algo contra mim.
- Você pode se achar bem grandinha e que sabe de algo sobre o mundo, mas a verdade é que nunca saiu de baixo das asas do seu pai. E isso fica nítido só de olhar pra você – Ele tinha mesmo que estragar tudo não é? Por que todo mundo tem que ficar apontando o dedo para a superproteção do meu pai? Eu já estava abaixando minha guarda.
- Não vejo como almoçarmos, você , digo, o senhor, marcou com o Sr. Miranda, sobre a aquisição – Decidi ignorar sua provocação disfarçada de preocupação falando sobre o escritório.
- Justamente. Você irá comigo. E como marquei essa reunião para o horário de almoço vou ter um tempo livre e então serei todo seu – Ele sorriu com o flerte e eu o olhei com cara de desinteresse.
- Se me permite uma opinião, Olivia não seria mais útil dado a importância desse almoço? – Perguntei curiosa.
- Tenho certeza que a você não é só um rostinho bonito Srta. Medeiros – Seus olhos se fixaram em mim agora.
- Tanto que vejo que já está a par de tudo. Verificou a agenda e está informada sobre os acontecimentos em apenas dois dias – Cacete! É a primeira vez que me elogia, bem, indiretamente, mas fico feliz por ter dado essa primeira impressão.
- Bem, eu pretendo dar meu sangue – Jorge me interrompeu rolando os olhos simulando tédio.
- Guarde esse discurso para uma entrevista de emprego, sabemos que você não precisou dar nada para está aqui. Mas se quisesse dar, seria muito bem aceito - Esse babaca está indo longe de mais, ele está se divertindo as minhas custas, e de novo!
- Tá, tá... Não precisa invocar o Super Sayajin Deus, só queria que você ficasse mais a vontade, afinal, somos praticamente família – Ele levantou as mãos na defensiva.
- Haha! E você é o tiozão do pavê pelo visto – Falei, mas acabei sorrindo de verdade com Jorge quando ele apenas me encarou.
- Ótimo! Você não é uma velhinha de 87 anos no corpo de uma jovem. Vamos lá, um pouco de ânimo, não quero esse clima pesado entre a gente já que vamos conviver muito, mas isso quero discutir depois do almoço, a agenda tá apertada hoje e está no horário do expediente – Voila. O chefe palhaço acabou de ser mandado pro espaço agora. Jorge é muito volátil, pois quando o vi na praia não imaginaria ele onde está agora, todo engravatado e presidindo um escritório, mas quando o vi aqui, como Sr. Rodrigues, não consegui relacionar as duas personalidades.
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Anjo Depravado
Chick-LitEduarda Medeiros, aos 18 anos, vive intensamente tudo que não pôde viver enquanto estava sob vigília dos seus pais, que sempre a trataram, assim como todos à sua volta, como uma bonequinha de porcelana. Que ela até parecia ser, por sua aparência ang...