Capítulo 5

6.2K 268 39
                                    

Quinta-feira evitei a todo custo ir até o AlphaMott, não queria encontrar o amor da minha amiga barra fogo da minha periquita.

Evitar a fadiga, não dar corda ao diabo, essas coisas.

E justo na quinta Letícia decidiu não trabalhar e colocar "outras pendências em dias" – palavras dela – e aquilo foi o fim.

Gritaria no telefone com os fornecedores, aspirador de pó e sertanejo alto foi só algumas das coisas que me fizeram lembrar como era um carnaval o apartamento na presença dela. Quando morávamos juntas poucas vezes ela estava de bobeira em casa, normalmente eu quem fazia as tarefas de faxina enquanto ela arcava com a maioria das despesas.

Sabia que minha amiga era louca, mas estava beirando o insuportável tentar trabalhar com ela ali.

Poderia ir até o consultório e trabalhar lá, estava tudo pronto e esperando por mim, mas preferi esperar até segunda-feira para começar meu novo serviço, se assim posso dizer.

Na sexta-feira logo no primeiro atendimento eu já estava surtando com a cantoria fora do quarto, mas me mantive firme porque já poderia ir para o meu apartamento e por fim conseguir arrumar minhas coisas na minha nova vida.

Sábado e domingo acordei bem cedinho para colocar as coisas em ordem, Letícia apareceu por algumas horas, mas logo foi embora porque estava se sentindo muito cansada e com o corpo dolorido da faxina que fez no seu apê.

Exagerada como sempre.

No domingo à noite, com o apartamento em ordem e minhas roupas quase todas organizadas no guarda-roupa, convidei a Let para um jantar depois de passar no hipermercado que tinha no final da rua. Fiz alguns legumes no vapor e um peixe, abri um vinho e quando ela chegou eu estava procurando por modelos de carros pelo celular, não tendo a mínima ideia de qual comprar.

– Menina, se eu enrolasse mais dez minutos desistiria da comida e ia direto pra cama – o furacão entrou falando mais que a boca e acabei me assustando já que ela nem bateu na porta.

– Você só quer saber de dormir agora, aí depois não consegue dormir a noite, precisa ocupar seu tempo depois do serviço – comentei ainda olhando no aplicativo os anúncios.

– Podia ir na academia comigo – disse se sentando no sofá ao meu lado e tomando um gole da minha taça.

– Me inscrevi na que fica na rua do consultório, é mais fácil pra mim ir depois que atender – contei e ela fez cara de azeda.

– Eu faço em uma uns três quarteirões daqui, qualquer dia fazemos um treino aqui no prédio mesmo.

– Combinado.

Engatamos um assunto sobre organização e Letícia tentava a todo custo me fazer contratar uma personal organizer para arrumar meu closet e utensílios de cozinha, mas mesmo com muita lábia ela não conseguiu me fazer gastar esse dinheiro atoa.

– Depois que ela salvar sua vida nunca mais vai conseguir viver sem.

– Vai caçar minhoca Let – resmunguei caminhando até a cozinha para comer.

Jantamos ao som de Letícia me pedindo dieta e reclamando que tinha engordado alguns quilos enquanto eu seguia na busca incansável de um carro bacana.

– Você vai ver isso a noite toda? – minha amiga pegou o celular da minha mão e olhou para o anúncio do Tiguan.

– Gostei desse, o que acha? – olhei para o carro achando bonito o modelo e melhor ainda o preço.

– Acho que deveria ir em uma agência, você sequer sabe o que é uma Fiorino – Letícia revirou os olhos antes de me entregar o celular.

– Claro que sei, é o carro pra jogar a gata – falei gargalhando referindo-me a música do Gabriel Gava.

Ardentemente SuaOnde histórias criam vida. Descubra agora