Tive que me abster de ficar perto da Clarinha e de Letícia nos primeiros dias.
Depois da crise que ela teve logo após o parto, Emerson se recusou veementemente a deixar sua filha recém nascida sozinha com a mãe, achei que ele se acalmaria depois da longa conversa que teve com a tia Su, porém quando elas foram liberadas do hospital ele estava na porta as esperando junto a uma mala de roupas.
Ele literalmente se infiltrou no apartamento da Let (o que a deixou feliz feito pinto no lixo) e foi aí que decidi me afastar um pouco.
A neném estava em fase de adaptação e na companhia dos dois pais para lhe dar assistência — o doutor literalmente vinte e quatro horas em cima dela, estava vivendo e respirando a Clarinha, nem mesmo para trabalhar ele estava saindo do apartamento.
Está sendo assim há três semanas e eu evitava a todo custo pensar no casal feliz vivendo no apartamento a dois andares do meu.
Nos primeiros dias até esperei pelas mensagens — principalmente as de boa noite —, como não vieram eu mandei uma perguntando sobre a Clarinha, mas ele só me respondeu o necessário, mais de três horas depois.
Eu tinha acabado de chegar da academia quando Otávio bateu em casa de surpresa, contando que visitou a sobrinha no andar de baixo e decidiu visitar a madrinha também.
— Não faz isso com meu coração não anjinho — o moreno se abanou entrando no meu apartamento após um beijo estalado na bochecha.
Eu estava somente de top e shorts e por pouco ele não me encontrou só de toalha.
— Muito engraçadinho — ironizei batendo no seu peito duro feito pedra.
— Sério, não tenho sangue de barata, eu espero você colocar uma roupa — ele se sentou desviando a atenção para o celular.
— Ok, mas vou tomar banho — aviso rebolando para o meu quarto.
— Valha-me Deus tentação — entrei gargalhando no banheiro e tomei um banho rápido, trocando a roupa de academia para um vestido soltinho.
— Vai ficar na cidade por quanto tempo? — pergunto sentando na poltrona a sua frente.
— Só até amanhã, então você tem que me aproveitar hoje — ele levantou uma sobrancelha e mostrou aqueles dentes excessivamente brancos. — Vamos dar uma volta?
— Ah, acabei de chegar — reclamei me aconchegando no sofá.
— Para de ser preguiçosa! Além do mais estou em uma abstinência terrível, tá difícil ficar trancado no mesmo cômodo que você hoje — ri da sua cara de cão sem dono e mordi o lábio para sacanear.
— Saudades dessa sua boca em mim — brinquei correndo em direção ao quarto para pegar minha bolsa.
— Vai brincando diabinha — ele bateu na minha bunda assim que passei por ele.
Tranquei a porta de casa e fomos em direção ao elevador, mas antes que pudéssemos chegar o mesmo se abriu e o Lucas saltou para fora parecendo nervoso.
— Angel, aquela sua amiga está lá na rua oferecendo o bebê para quem passa — o loiro estava afoito e assim que terminou de falar senti meu coração saltar na boca.
— O que? — gritei exaltada correndo para dentro do elevador, apertando continuamente o botão do térreo.
Otávio conseguiu entrar antes das portas se fecharem, ele já estava com o celular na orelha ligando para o Emerson.
— Mano, volta pra cá, a Letícia está metendo o louco.
Não foi uma ótima explicação, mas o necessário para que o doutor entendesse já que ouvi ele dizendo que estava vindo.
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Ardentemente Sua
Roman d'amourNa mesma proporção que o sexo te dá tudo, você não tem nada. Praticamente como na música da Rita Lee, Angel se viu em meio a uma selva de epiléticos, envolta no antro da putaria e prazer ilimitado, mas tão sozinha como nunca esteve. Apavorada por...