Amor Indestrutível

•Capítulo 36•

Luise Martins 🌻

—Agora não adianta pedir desculpas Pedro...—Falei e ele deu um sorrisinho de lado.

—Tu é a única que me chama de Pedro. Eu te amo, papo reto, saudades de tu.—Falou e meio que as palavras dele me atingiram mas mantive a postura.

—Mas eu não te amo, aliás, pensando bem, eu nunca te amei, só era carência momentânea, eu não te amo, não sinto saudade, saudade é para quem sente amor e eu nunca te amei. Eu não quero sentir o seu toque, os seus beijos molhados na minha nuca, nossos corpos ocupando o mesmo espaço. Eu não sinto falta do seu abraço, de mexer no seu cabelo bagunçado após uma noite de sexo. Eu não suportaria  planejar um futuro ao seu lado. Eu nunca te amei.—Falei tudo aquilo tentando olhar nos olhos dele mas algo me impedia, falei na tentativa dele me deixar em paz, na real eu realmente amei esse vadio.

—Fala na olhando no meu olho que eu nunca signifiquei absolutamente nada pra você. Fala que você nunca pensou em mim nem um segundo sequer. Fala que você sabia desde o primeiro olhar que trocamos que eu não seria nada pra você. Fala pra mim que você nunca pensou em ter um futuro comigo. Fala, mas fala tudo olhando nos meus olhos.—Falou, abri a boca várias vezes pra falar alguma coisa mas nada saia, dei uma última olhada pra ele e fui embora.

Maldita mente que adora me sabotar.

Eu o amo. Ainda amo e sempre amarei. Ele foi uma onda enorme que deixou muitas marcas em minha vida, e vou sentir o peso desse amor até morrer. Já aceitei isso.

Ele me deixou marcas que eu jamais conseguirei apagar. Foi a primeira pessoa que eu amei com todo o meu coração. eu imaginei uma vida inteirinha do seu lado e isso teve um significado enorme pra mim.

Podem me taxar de trouxa e várias outras coisas, mas qualquer um que estivesse na mesma situação que a minha entenderia.

Não sei o que acontece que esse amor que sinto por ele não desaparece.

Queria ser como essas pessoas que conseguem fingir que nada aconteceu. Não lembram que já magoaram, ou que causaram dor a alguém. Antes disso, seguem facilmente como se nada tivesse acontecido. Admiro também aquelas que superam com facilidade, perdoam facilmente e deixa a vida seguir seu fluxo.

Eu sempre irei lembrar de tudo, minha mente repetirá minuciosamente cada detalhe, seja os bons momentos quantos os ruins. Talvez por já ter perdoado demais, chega uma hora que a gente simplesmente não consegue mais agir humanamente.

Eu queria gostar menos. Bem menos, a ponto de não gostar nada. Mas, não consigo. Aliás, nem seria eu.

Tentei esquecer ele e seguir em frente. Eu não consigo tornar ele um nada; rasgar a página do livro, apagar como se ele estivesse escrito à lápis na história, porque eu escrevi de caneta permanente.

Eu não superei e nem vou superar. Porque meu coração sempre bate forte quando penso nele e quando lembro das coisas que ele gostava. É instantâneo lembrar dele, de nós, de tudo.

Eu ainda sinto falta dos dedos dele enroscados no meu cabelo, dos s beijos quando eu menos esperava e principalmente da mulher que eu era quando estava com ele.

Sinto falta das nossas pequenas coisas, dos filmes assistidos no sofá da sala. Mesmo depois de tanto tempo ele ainda continua sendo o meu gatilho emocional, amar ele deixou marcas profundas em mim e mesmo que eu escrevesse um livro não conseguiria expulsar ele dos meus pensamentos.

Estou sem saída, sempre pensei que se esperasse, com o tempo ele sairia da minha cabeça mas isso não aconteceu.

Dizem que quando o amor é verdadeiro ele dura pra sempre... talvez nunca vou esquecer ele, posso me enganar em outros beijos, outros abraços... Mas será uma tentativa falha, porque tudo que eu mais queria era ele.

Melhor rir para não chorar, não é? As cicatrizes que ele me deixou foram profundas e acho que, mesmo que um dia alivie, sempre estará em mim. Queria arrancar ele de mim, sem deixar resquícios. Eu queria me livrar dele e de todas as memórias que temos.

Eu não esqueci ele, mas finjo que sim. Eu não superei, mas engano todo mundo e até a mim mesma, dizendo que não me importo com ele. Não me permito pensar em nele, ou lembrar da voz dele dizendo que me ama, porque se eu fraquejar, nem que seja por um segundo, vou acabar voltando.

Assim que cheguei na entrada de Heliópolis pude ver meu irmão encostado no carro junto com os seguranças e olhei pro mesmo lugar que vi o Xavier pela primeira vez, e lá estava ele junto com os caras, de boné enterrado na cabeça, camisa preta no ombro, os cordões no pescoço, o relógio no pulso, bermuda jeans e um tênis. Quando olhei pro rosto dele ele tava conversando com os caras, mas parece que percebeu e logo olhou na minha direção, quando ele olhou senti um grande arrepio.

Ficamos nos encarando por um bom tempo até a Beatriz chegar com a filha dele e quebrar o nosso contato visual.

Parece que ali eu voltei a realidade e neguei com a cabeça, e fui na direção do meu irmão.

—Pensava que tinha ficado paralisada ali.—Falou e logo veio me abraçar.—É maninha, o amor fode com a gente de uma forma...—Sussurrou, depois de alguns segundos se separamos e entramos no carro, assim que o carro entrou em movimento os outros vieram atrás.

(…)

—Amiga, talvez vocês se esbarrem e se conheça de novo com o olhar mais maduro e o coração mais decidido. O que for pra ser, será. Se não for, que se foda. Tudo que vem um dia vai embora, Luise. Pessoas, tristezas, alegrias. Vivemos num mundo feito de ciclos e é necessário aprender a viver com isso, ah como dói, mas despedidas existem, finais existem sejam eles bons ou ruins. Tente viver intensamente cada momento da sua vida e lembre-se que tudo tem um propósito ou uma explicação. O que for pra ser, será.—Imperatriz falou depois de eu ter desabafado com ela.

Ela alisava meus cabelos e ficava brincando com o meu anel solitário, estava deitada com ela na minha cabeça.

(…)