•Capítulo 20•

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Luise Martins 🌻
14:54 PM

A transferência tinha dado certo, agora eu estava aqui no hospital junto com a Safira. Os meninos tinham ficado na favela, eles não tinham descansado nada, e eles não podem tá bobiando por aqui.

-Amiga cê não quer ir em casa tomar um banho ou comer alguma coisa? Depois você vem.-Safira falou.

-Não quero sair de perto dele.-Falei vendo ele através do vidro, quem irá ficar de acompanhante dele é eu.

-Ele tá sendo supervisionado pelos médicos e tem gente da facção pelo hospital vigiando.-Safira falou baixinho.

-Eu sei, eu vou mas vai ser coisa rápida.-Falei.

Fomos pra casa e eu tomei banho, ajeitei algumas coisas e voltei pro hospital de novo.

É horrível isso, ver teu filho numa cama de hospital. Vi ele ali, como meu menino cresceu, todo lindo. Por um erro de uma pessoa, eu perdi anos da vida do meu filho.

Sabe o que é se auto mutilar? Todo dia você tentar se matar e todas as tentativas darem errado? Todas as noites eu me maltratava, todas as noites eu fazia tortura piscologica comigo mesma.

Eu martirizava que a culpa era minha, mas na verdade nunca foi.

Isso foi horrível, arrancaram tudo que eu mais tinha de valioso na terra naquele dia, não foi coisas materias não, arrancaram um filho de uma mãe, eu não pude acompanhar ele na escola, eu não estava quando ele tirou 10 numa prova, quando ele fez apresentação no dia das mães, não estava naquele jogo que era super importante pra ele, não estive quando ele precisava do meu abraço, dos meus conselhos...

Isso sempre vai doer no meu coração, eu não sei como vai ser a reação dele quando acordar, não sei o que vai ser daqui pra frente. Mas eu vou segurar a mão dele até o meu último suspiro, vou estar presente sempre.

Duas semanas depois.

Estava na poltrona do lado da cama segurando a mão do Arthur, nessas duas semanas que passaram ele ainda não acordou.

Estava segurando a mão dele quando eu sinto ele apertando a minha, logo ele abre os olhos e fica me encarando.

-Sou eu filho.-Falo.

-Não pode ser, eu morri e tô no céu é isso?-Arthur falou.

-Não meu filho, você tá aqui com a mamãe, é uma longa história, mas agora o que importa é você tá aqui comigo.-Falei.

-Senti tanto a sua falta mamãe.-Falou com lágrimas nos olhos.

-Eu também senti a sua meu rei Arthur.-Falei me lembrando do apelido dele quando pequeno.-Vou chamar o médico pra ver se tá tudo certo.-Falei e saí.

Branquinho 🐯

Mano cês não tão entendendo, a minha mãe tá aqui comigo, MINHA MÃE, a qual a alguns anos atrás foi decretada como morta. Ela tá mais bonita do que já era, como eu senti falta dela...

Durante todo esse tempo eu e meu pai sempre correndo um pelo outro, mas tudo mudou quando ele arranjou essa prostituta filha da puta que ele chama de mulher, odeio essa mulher com todas as minhas forças. Desde quando ele botou essa praga dentro de casa que tudo começou a desandar.

Culpa dessa desgraçada que tô nessa porra de hospital.

Ela ainda me paga.

Mas agora tenho minha mãe, o foda é que eu não sei de nada da vida dela agora, não sei o que se passa nem nada, não sei o que rolou todos esses anos na vida dela e nem ela sabe o que se passou na minha.

É foda isso parceiro.

O médico veio e me examinou e falou que tava tudo certo e logo fui levado pra um quarto do hospital.

-Sei que temos muito o que conversar, mas me diz o que aconteceu naquele dia, os caras são treinados pra essa invasão.-Minha mãe falou e logo veio a lembrança daquele dia.

-Tava na boca principal quando os foguete foram lançado, eu ia subir junto com uma tropa pra casa quando a puta da mulher do meu pai colou do meu lado chorando, a gente foi subindo pra casa quando a gente ouviu os tiro se aproximando e a praga da mulher do meu pai me puxou pra um beco, foi tudo muito rápido, quando vi os cara já tinham metido a bala em mim e nem sinal daquela puta.-Falei e minha mãe tava com uma expressão de puro ódio.-Ela sempre me maltratou por trás do meu pai, na frente dele era um amor.

-E tu contou isso pro teu pai?-Ela perguntou.

-Contei, mas não adiantou de nada, ele falou que tudo isso era porquê eu não queria ninguém no seu lugar e falou que eu queria separar e destruir o relacionamento dele com ela.-Falei me lembrando daquele dia.

-Teu pai é um filho da puta, junto com essa mulher aí, não acredito que ele confiou em uma vagabunda qualquer ao invés de te que é filho dele de sangue, eles que me aguarde, vou ter uma conversa com essa mulher no pé do ouvido.-Ela falou puta de raiva.

-Mas mudando de assunto, como tá sua vida ao longo desse tempo aí.-Perguntei dela.

-Logo depois que tudo aquilo aconteceu eu entrei em uma depressão profunda, tentava me suicidar mas as tentativas sempre deram errada, não me alimentava direito que cheguei a perder um filho, tava grávida de três meses.-Ela falou com uma carinha triste.-Quando tudo isso aconteceu o teu tio Maxsuell me ajudou a me reerguer e fomos pra São Paulo, lá fizemos faculdade, se formamos juntos, agora somos advogados e um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil e exterior é o meu.-Falou com os olhos brilhando de alegria.-Um tempo desses que se passou eu tive um relacionamento abusivo, saí dele com a ajuda do Xavier, hoje o cara tá morto, e eu tô namorando com o Xavier o pai do Bruno.-Ela falou e as lembranças vieram a tona, Bruno me falou da madrasta dele mesmo, só não sabia que era minha mãe.

-Caraca, que orgulho da mulher que você se tornou, nem imaginava que quem era a madrasta do Bruno era você, ele me falou mó bem de você mãe, Xavier é um cara bom pra caralho e muito importante pra mim.-Falei me lembrando de tudo que ele já fez pra mim.

Conheço ele e o Bruno desde menor, o cara é brabo mano, tenho maior admiração por ele, ele e o pai dele é lenda na facção.

-Ele é muito importante pra mim também, ele e o Bruno.-Falou.

-Bruno é um lek de ouro mesmo, será que ele vem daqui a pouco me visitar?-Perguntei.

-Claro que vem.-Ela falou mexendo no celular.

(...)

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