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TT

-Desce daí Nando, porra !-falei bolado-se tu cair aí de cima Dafne vai quebrar nós tudo na porrada

-Calma pô, tá igual mocinha-deu risada, ele esticou o braço pra pegar a manga do pé

Barão saiu de trás do muro correndo e deu dois tiros de 38 pro alto. Nando escorregou e caiu da árvore.

-Olha os cachorro porra, olha os cachorro-Dante gritou e correu

-Cachorro oque maluco, é ganso caralho-Raví gargalhou e deitou no chão pra rir

-Corre porra, o passarinho tá com o demônio no corpo-Nando me puxou

-Bora Raví, deixa de ser vacilão, eles vai amassar todo mundo-puxei ele]

Ele levantou e nós começou a correr, Raví não parava de rir. Os ganso tava quase chegando perto, gritando pra caralho

-Até todo mundo pular o muro eles já pegou porra, vai fazer oque ?-Dante gritou

-Senta o dedo nos ganso porra, senta o dedo neles-começou a atirar pra trás rindo. 

Balancei a cabeça e sentei no colchão, as vezes minha mente vai longe aqui pô. Esse dia Nando quebrou um braço, e como o sangue tava quente só foi perceber na hora que tava quase chegando na favela. Os ganso que barão matou saiu até no jornal, mas não tinha filmagem.

Todo dia aqui eu tô sonhando com a liberdade, abraçar minha mãe, fumar um com os crias, beber uma breja geladona na tranquilidade.

Fizeram a contagem e algemaram todo mundo, foi passando um por um pra descer pro pátio de cabeça baixa. De longe eu vi Isadora sentada encima de um pano, com as vasilha de comida.

Esperei tirarem minha algema e fui andando pro lado dela.

-Pintou o cabelo né Isadora-balancei a cabeça

-Lancei o loirinho, cara de madame-deu risada-trouxe tudo que você gosta, eu que fiz, só o feijão que foi tua mãe, ela me falou que tu gosta

-Esculachou-dei um beijo nela e sentei-tu sabe de como tá Akin ? 

-O bebê ? a mãe dele estava com ele lá na sua mãe ontem, comentou que essa semana ele faz um ano-falou e eu coloquei comida no prato

-Deve tá tão grandão-balancei a cabeça-que padrinho fodido que ele tem, não vou ver nenhuma fase do crescimento dele

-Vai sim, isso aqui não vai ser pra sempre-segurou na minha mão-ontem eu conversei com o advogado, ele falou que se você continuar com bom comportamento, tu pode cumprir entre 3 e 4 anos

-E tu acha isso pouco ?-abri os braços-é porque não é tu que tá aqui dentro !

-Em uma pena de 8 anos ? sim ! eu acho pouco, você reclama demais das coisas-balançou a cabeça-sua mãe mandou um abraço, perguntou se as cartas chegaram todas 

-Fala que chegou-falei, comi e deu a hora dela ir embora. A hora que a neurose bate ! tu ver as pessoas ir embora e tu ficando.

Dentro da cela eu peguei as cartas e ascendi um cigarro, li tudo de novo. Cada palavra das cartas da minha irmã.

A minha vontade é sair daqui correndo, de sumir. Inara sente falta daquele verme na vida dela, eu não consegui fazer ela esquecer, não consegui ocupar o lugar.

Eu praticamente criei Inara, ele nunca fez nada por ela. Mas tudo que ela falou, de saber que ela escreveu tudo chorando, saber tudo que ela sente...porra !

Eu atrapalhei o crescimento da minha irmã, isso acaba comigo.

Juízo Final. (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora