Haidê.
Desembarquei no Rj e peguei minha mala. Comprei uma água que custou um rim meu e fui saindo do aeroporto. Indignada !
-De cabelo vermelho ? eu não acreditooo, maluca !-Inara gritou e veio correndo me abraçar, larguei a mala e pulei no colo dela.
-Que saudade, irmã-falei com voz de choro. Inara estava ainda mais bonita, estava radiante.
Ela balançou a chave do carro pra mim e eu dei risada.
-Eu não acredito que tu está digirigindo, cara-coloquei a mão na boca
-Estou, filha ! Com a permissão de Deus, porque habilitação eu não possuo-deu risada-mas eu sou medrosa, dirijo na moral. Morro de medo de morrer, ou matar alguém.
Entramos no carro, todo bonitinho, carro de perua ! A cara da Inara mesmo.
-E esse volante de oncinha, Inara ?-gargalhei
-Ih, luxo ! Só isso que eu digo-mandou beijo.
-Estou louca pra ver meu irmão-falei com a mão no coração
-Qual ?-Inara perguntou
-Os dois !-falei sorrindo-ainda não tive a oportunidade de apertar aquelas bochechonas do Lorran, de beijar ele todinho. Fico tão triste dele já ter 5 meses e eu nunca ter segurado ele.
-Ele é uma fofura, ele e Akin são uma piada-deu risada
-Ai, meu Akin-me derreti-nossa cara, que saudade de tudo, doida pra ver o Nando, a Brenda, Barão, meu pai..
-E Aurora...-Inara lembrou, coloquei a mão no rosto e balancei a cabeça.
-Nem me lembre, tenho até medo do que eu vou escutar. Ela me ligou falando que tinha que conversar, depois de 18 anos ela quer conversar-suspirei-eu só estou aqui porque Brenda e meu pai falaram que é sério, se não eu mandava ela falar por áudio.
Chegamos na favela e eu dei um sorriso. Inara estacionou no portão do meu pai e nós descemos.
-Ai, meu coração não aguenta-Brenda apareceu no portão e abriu os braços, fui correndo e abracei ela. Que saudade da minha Brendinha !
-Que cheiro de torta de frango-deu um sorrisão-assim tu me domina
-Entra amor-beijou meu rosto- seu pai, Barão, Nando e as crianças estão lá na piscina.
Entrei sem fazer barulho, pé por pé e vi eles na área de churrasco. Nando estava acendendo a churrasqueira e Barão estava na piscina com Akin na boia e Lorran no colo.
-Eu quero é saber se hoje eu vou comer picanha-gritei. Nando arregalou o olho e sorriu pra mim.
-Tá igual o curupira-Barão gritou rindo. Abri os braços e Nando veio me abraçar.
Foi aquele chororô da minha parte, Barão me abraçou e eu me acabei de chorar. Estava com tanta saudade desse abraço, tanta saudade do meu irmão !
-Tem abraço pro papai ?-meu pai perguntou
-Muitos e muitos-abracei ele e parei meus olhos em Lorran.
Nas ligações ele era lindo, mas pessoalmente é perfeito. Cada detalhezinho tão delicado.
Akin apertou minha perna e eu dei um grito sorrindo, peguei ele e dei vários beijinhos, muitos cheirinhos nele. Akin cada dia fica mais parecido com Nando, ele apontou para Lorran com o dedinho e eu peguei Lorran no colo.
-Ne-ném-falou emboladinho e meu coração até errou as batidas. Matei toda minha saudade, enchi Akin e Lorran de beijinhos e cheiros.
Inara abriu uma breja e encheu meu copo.
-Está velha de saber que eu não bebo cerveja, cara-balancei a cabeça
-Achei que tu tinha virado gente-deu risada
-Eu mimo pô, toma oque tu gosta-Barão me entregou uma garrafa de Tanqueray, falou minha língua !
Peguei a chave do carro com Inara e peguei minha mala. Entreguei os presentes das crianças e eles fizeram maior festa ! Brinquedos bem barulhentos, do jeito que eu adoro.
-Eu te odeio-Nando balançou a cabeça-quando tu tiver um filho, tu lembra viu !
Dei risada, Brenda entrou com um pratinho e me entregou. Sou rendida nessa torta de frango !
Inara e Nando foram pra piscina com os meninos, Brenda e meu pai estavam na churrasqueira.
-Como tá a tua faculdade ?-Barão sentou do meu lado
-Muito puxado, mas vai valer a pena-respondi-você e Maria acabaram mesmo ?
-Ela ta morando sozinha pô, quase não vejo ela mais, nem anda pelos lados de cá-falou-tô resolvendo minhas parada também, mas Maria é nova e tá começando a viver agora, tá curtindo pô.
Ele deu um gole no copo e olhou pra mim.
-Não era pra ser agora, e eu tô ligado-falou-eu vou ir vivendo minha vida e ela a dela.
-Se for pra ser, vai ser-encostei a cabeça no ombro dele-e aqueles problemas ?
-Ainda tô usando, vício é foda-balançou a cabeça
Me dói não estar aqui, não poder abraçar ele todos os dias. As vezes Brenda me contava as coisas que ele fazia quando estava drogado e eu chorava de soluçar.
Eu não conheço esse Barão, eu conheço oque brinca comigo, que sorri pra mim, que me liga quando pode.
A gente nunca acha que as coisas vão acontecer na nossa família, achamos que acontece só na família dos outros. E é nessa que nós quebramos a cara !
Achamos que o viciado é só na família dos outros, que a pessoa que mata é só na família dos outros. E não é !
Beijei o rosto dele e ficamos conversando bastante tempo.
-Tu vai ir falar com ela ?-perguntou
-Tu foi ?-perguntei e ele balançou a cabeça que sim
-Conversar é muito forte, eu fui escutar-falou-tu já sabe oque é ?
-Não, queria saber antes de ir-olhei pra ele, ele suspirou e deu mais um gole no copo.
-Ela disse que é câncer, que é terminal.
Meu corpo esfriou, senti uma coisa tão estranha. Eu não esperava isso, nunca...
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Juízo Final. (Livro 3)
Non-Fiction+18I Neurose é contra a fé, só Deus é o sublime, caí na vida errada e te apresento o crime.