Nando.
Os tiros estavam sem parar, o rádio não parava.
Subi na moto e acelerei, só escutava as portas batendo e as janelas fechando.
-Toque de recolher, todo mundo pra dentro!-gritei, Tt estava no portão com o fuzil atravessado nas costas.
-Cadê Elida e Akin ?-Tt perguntou
-Tá tudo trancado lá em casa, deixei uma arma com Elida. Ficou ela, minha mãe e Akin-respondi
Tt chamou Barão e ele apareceu no portão.
-Eu não vou, não vou errar de novo. Haidê tá aqui dentro, não vou deixar ela sozinha de novo.
Eu acredito no destino pô, Barão precisava disso pra colocar um ponto final nessa mágoa. Ele precisava desse perdão.
Pra ele o tempo tá voltando, o tiro tá comendo e ele tem duas opções. Ele tá escolhendo a opção que ele nunca se perdoou por não ter escolhido anos atrás.
-Tu não tem que ir, tu não é bandido-Tt falou e abraçou ele
-Tu merece paz no coração-toquei com ele. Subi na moto e Tt subiu na garupa.
Acelerei e o barulho dos tiros foram aumentando, passei por duas ruas e Tt gritou. Senti um impacto e a moto caiu.
Atirei e Tt me puxou, corremos pra dentro de uma viela e ficamos entre o muro de uma casa e os tiros.
-Tu tá sem colete, porra-Tt bateu a mão no peito
-Colete é ilusão porra, eu vim pro mundo careca, pelado e banguelo, e sobrevivi-balancei a cabeça
Eles foram se aproximando e eu corri pra um beco, Tt correu pro outro. Meu coração estava batendo tão forte que parecia que ia parar.
-Parado porra, parado!-escutei e senti uma dor na perna, coloquei a mão e caí no chão.
Minha mente ficou em branco, só escutava minha mãe me contando como meu pai morreu.
Hoje o presente resolveu imitar o passado, pra todos nós. Ele chutou minha barriga e começou a esculachar.
Ele pisou na minha perna e eu gritei. As porradas não paravam, mas minha cabeça estava longe.
Não mexa com ela
Que ela nunca anda só
Carrega Sete navalhas
Em malandro ela dá nó
Seu nome é Maria Navalha
Guardiã da lei maior
Anda de noite, anda de dia
Na luz, na escuridão
Quebra feitiço e demanda
E desfaz amarraçãoO povo da rua nunca me desamparou, esse ponto estava desde cedo na minha cabeça. Me mostrando um caminho, me revelando algo.
Escutei os tiros e assustei. Escutei um barulho e Elida estava parada, com a arma na mão.
Elida tinha o caminho com ela, Elida nasceu com o chamado! Maria navalha estava ali, colocando ela no meu caminho mais uma vez.
Elida me levantou e me apoiou no ombro dela, foi me arrastando e atirando nos verme no fim da viela.
Ali eu soube que estava com o caminho traçado, na luz ou na escuridão seria aquela mulher. Tudo nos puxou até viver esse momento, esse dia.
Na minha decisão de hoje, Elida estava ciente. Ela quis fechar comigo, viver a mesma vida que eu.
Por ela eu sou capaz de morrer e de matar. Elida é minha primeira dama, minha sina!
Elida guerreou, me sustentou ferido até chegar em casa. Meu filho estava protegido e minha mãe também.
Elida não faz só por mim, ela faz pelas pessoas que eu amo. Eu sei que nunca vou encontrar alguém igual, que bate de frente com o mundo por mim.
-Eu tomei minha decisão a muito tempo Nando, minha decisão é você!
-Aonde pingar o teu sangue, vai jorrar o meu-beijei a testa dela
Essa frase sempre foi falada entre eu, Barão, Tt e Dante. Nós crescemos, tomamos decisões e seguimos caminhos diferentes, mas essa frase nunca mudou.
Elida e Akin são meus pilares, merecem o mundo aos pés.
Reinar ou morrer tentando!
Capítulos finais!!!!!
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Juízo Final. (Livro 3)
Non-Fiction+18I Neurose é contra a fé, só Deus é o sublime, caí na vida errada e te apresento o crime.