Haidê.
Coloquei um pratinho de salgado no meu colo e um de docinho na minha frente.
Minha barriga está bem grande, foi um custo para eu conseguir viajar de avião. Fiquei quase 2 semanas tentando conseguir uma passagem de ida e volta, tive que passar em vários médicos.
Vou ficar no Brasil três dias, na Segunda eu vou embora. Marquei um ensaio fotográfico com a irmã mais velha de Lissandra, ela é incrível no que faz. Quero um ensaio bem lindo de gestante.
Desde o momento que eu cheguei meu pai não saiu do meu lado, toda hora me abraça, me beija... Está encantado com minha barriga.
-Que filha linda que Deus me deu, tu me lembra tanto sua mãe-deu um sorriso-tu e Barão tem os olhos dela...
Minha mãe... As vezes é tão estranho "superar" a morte dela, é estranho viver sem ela aqui. Eu vivi muitos anos sem a presença da minha mãe, mas quando eu pude cuidar dela e ter ela comigo foi muito significativo. Aurora por onde passava era uma presença marcante, uma pessoa inesquecível !
Ela foi e é inesquecível, nunca será diferente ! Minha avó e minha mãe fizeram acontecer, até hoje me contam histórias sobre elas.
Minha mãe foi a minha avó foram mulheres livres, viveram a vida como pensavam ser certo. São duas mulheres fortes e guerreiras. Minha mãe teve os erros dela, mas não apaga tudo que ela conquistou e viveu.
Hoje eu falo isso com tranquilidade, eu perdoei os erros dela, com todo meu coração. Hoje eu olho para a minha mãe com olhos diferentes, as vezes eu acho que ela se foi rápido demais. Mas tudo é no seu tempo, na sua hora.
Grilo estava em uma mesa com Dante, rindo e brincando com ele. Leila estava vermelha de tanto rir.
-Eu ainda não acredito que tu tá grávida-falou sentando do meu lado.
-Nem eu, a vida tem dessas loucuras-falei e coloquei um docinho na boca.
-É um menino né, pô ?-me olhou. Otto estava tão perto de mim, que meu coração estava acelerado para responder.
-É sim, os meninos te contaram ?-peguei um copo de refrigerante.
-Eu já sabia, sempre achei que tu ia ser mãe de menino-deu risada-quando eu tiver filho eu quero um moleque, quero colocar o nome de...
-Ítalo-completei, balançando a cabeça.
-Isso pô-sorriu-qual nome tu deu pro teu filho ?
-Dei um nome composto, coloquei Ruan como segundo nome. Significa "Deus é gracioso"-falei, desconversando da pergunta que ele fez.
-Itálo Ruan-falou balançando a cabeça-ia ser um nome lindo pô
-É verdade-falei com o coração apertado-eu vou ir fazer xixi, tô apertada.
Me levantei e fui andando para dentro, entrei na cozinha e tomei um copo de água.
-Tu tá passando mal ?-Grilo perguntou parado na porta.
-Não, engasguei com o salgado-respondi.
-Tu ficou ainda mais linda grávida-olhou dentro dos meus olhos-Haidê, eu te amo muito e isso fode com a minha mente. Eu não consigo deixar de te amar e de sentir carinho por tu. Eu sei que tu não sente a mrm coisa por mim, mas me responde com toda consideração que tu ainda tiver pelas coisas que tu viveu comigo-falou.
-Pode falar-olhei para ele.
-Esse filho é meu ?-perguntou com o olhar em mim, meu coração estava tão apertado. Grilo estava com um olhar tão triste.
-Samuel... Não faz isso, no seu coração você já sabe a resposta-senti meu nariz arder e minha garganta formando um nó. Se eu piscasse a lágrima iria escorrer.
-Eu quero escutar da tua boca, por favor-me olhou nos olhos.
-Não Samuel, esse filho não é seu-respondi.
-Eu daria tudo pra tu ser a mãe dos meus filhos, tu ocupou na minha vida um lugar que ninguém ocupou. Mas o teu coração nunca foi meu, Dê-beijou minha testa-Tt merece saber que esse filho é dele, ele merece viver essa felicidade.
Grilo me deu um abraço e saiu da cozinha. Abaixei a cabeça e solucei, sentindo um peso no coração.
-Irmã, tu e Grilo falam um pouco alto-Inara me chamou-eu estava no banheiro e escutei.
-Inara, eu não sei oque vou fazer-chorei-eu não quero desistir do meu sonho, quero viver aquilo tudo. Otto vai querer manter meu filho aqui, e eu não vou deixar ele para trás.
-Irmã, não comete os mesmos erros que tua mãe-encostou o rosto no meu.
-O erro da minha mãe não foi sonhar, não foi ser uma mulher idependente. O erro da minha mãe foi esquecer dos filhos, Inara.
-Eu sei, eu não estou te julgando irmã-passou a mão na minha barriga-mas a raça não nega, esse menino vai nascer a cara de Otto. E ai vai ser pior !
-Inara, Otto é casado ! Com uma menina, porque para mim ela é isso, uma menina. Uma menina que largou família para viver com ele, marchou cadeia com ele, coisa que eu não fiz e não me arrependo. Otto na primeira oportunidade colocou uma galha na minha cabeça ! E na primeira colocou na dela também.
-Haidê...
-Não, não !-balancei a cabeça negativamente-eu amo Otto, ele tem o meu coração. Mas o homem da minha vida tem 7 meses e eu estou gerando, é o único que eu vou viver por ele. Eu não vou entrar no lar de ninguém Inara, não vou carregar essa culpa comigo.
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Juízo Final. (Livro 3)
Non-Fiction+18I Neurose é contra a fé, só Deus é o sublime, caí na vida errada e te apresento o crime.