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Inara.

-Maura eu vou te dar um coió se tu não tirar essa porra dessa toalha de cima da minha cama-gritei

Ela veio toda bolada, resmungando igual criança, mas pegou e estendeu a tolha.

-Isso mesmo, caladinha do jeito que eu gosto-mandei beijo

Sentei na cama e peguei o caderno e a caneta. Esses dias eu estou me sentindo muito sufocada, a pessoa que sempre me ajudou foi meu irmão.

Então na carta eu contei tudo, desabafei sobre a falta que eu estava sentindo do nosso pai,do quando eu queria ter ele aqui e o quanto me machucava não ter tido a oportunidade de conhecer ele. 

Eu nunca tive coragem de falar com a minha mãe, mas a presença do meu pai sempre me fez falta, eu queria um pai pra ter ciúme de mim quando eu começasse a beijar na boca, pra amarrar meu cabelo de forma errada, pra me defender e me mal criar quando minha mãe chamasse minha atenção.

E oque sempre me deixou mais magoada e foi o motivo de muitas noites de choro, foi que meu pai foi tirado de mim ! Sempre falaram muito mal do pai, mas eu nunca tive oportunidade de conhecer ele pra tirar a prova se realmente era verdade. Ele poderia ser diferente comigo ! Poderia ter sido diferente como pai.

Eu pesquisei e consegui achar a matéria na internet, sobre a morte dele, meu pai foi morto igual um porco. Isso sempre encheu meu coração de revolta.

Tomei um banho frio e lavei o cabelo, saí e passei creme no corpo, vesti um macaquinho de pano e calcei um chinelo.

Penteei meu cabelo e deixei secando naturalmente mesmo.

-Maura, eu vou subir na casa da minha mãe-passei a mão na chave e saí. Minha mãe tem uma casa lá no Manguinhos, mas está ficando bastante por aqui, na casa dela aqui da Alta.

Bati no portão e ela gritou pra eu entrar, ela estava na mesa da cozinha com alguns papéis.

-Tá resolvendo oque  ?-perguntei

-Algumas coisas das barbearias-falou

-Algum problema ?-peguei uma garrafa de água na geladeira

-Não, tanto a daqui, quanto a do asfalto estão indo muito bem, graças a Deus !-falou-mas eu, Tainá Vieira, vou abrir mais uma na zona Sul ! Porque Deus faz tudo perfeitamente-encheu o olho de lágrima, dei um grito e abracei ela.

Depois que TT foi preso, minha mãe passou por algumas provas. As barbearias caíram bastante de lucro, teve corte de funcionários, e minha mãe chorava de soluçar.

Mas minha mãe persistiu, não deixou faltar nada pro meu irmão, Paraíba também ajudou muito ! Minha mãe foi atrás de descobrir o porque da queda, inovou o atendimento, investiu em divulgação, e Deus recompensou.

A pouco tempo atrás ela estava em risco de ter que fechar alguma das duas e hoje, Deus está dando pra ela a oportunidade de abrir mais uma ! 

Se um dia eu for metade da mulher incrível que é a minha mãe, eu vou ser eternamente feliz.

-Advinha quem chegou-tampou meus olhos

-Não acredito-dei um grito, tirei a mão dela do meu olho e levantei pra abraçar minha vó-quanto tempo dona Roberta, tava morta de saudades vovó

-A benção, idosa-minha mãe abraçou ela

-Deus te dê a benção-beijou a testa da minha mãe-gente oque vocês estão tomando ? cada vez que eu apareço a bunda tá maior

-Transando muito-dei risada-e tu ? não se arranjou com um bofe lá de perto da sua casa ?

-Eu não preciso de homem, eles que precisam de mim, mas eu não consigo ficar sem sexo-deu risada

Minha vó é muito pra frente, já deve estar com 60 anos ou beirando eles. Fico passada com as coisas que ela fala.

-Mas me fala aqui, que milagre é este que tu deu as caras por aqui ?-minha mãe perguntou

-Vim ver Débora minha filha, diz que ela deu uns probleminhas de saúde e não está muito bem-falou-ai Bruno saiu de Minas e eles vieram pro sítio que eles tem aqui no interior.

-Nossa, Débora é tão ativa-abri maior olhão

-Mas todo mundo adoece minha linda-passou a mão no meu cabelo-aí eu trouxe minhas coisas e vou passar um tempo aqui no Rio ajudando a cuidar dela, mas creio que não seja nada demais.

Como minha vó falou que ia dormir aqui essa noite e amanhã ela iria pro sítio do Bruno, nós decidimos fazer um programa de menininhas.

Juízo Final. (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora