Barão.
Meu pai sempre foi presente na minha vida, mas meu pai tinha muita coisa pra preocupar.
Quando eu era criança minha mãe era diferente, eu lembro como se fosse hoje ! Aurora era muito carinhosa, era outra pessoa.
Haidê ainda era pequena quando ela resolveu meter o pé pro asfalto, eu já era grande e escolhi não ir. Tinha decidido que ia ser bandido.
Passou uns meses e Aurora resolveu separar do meu pai. E parece que ela dormiu e acordou outra pessoa, Aurora não ficava em casa, Haidê era criada pela empregada que trabalhava pra ela.
Com o tempo meu pai descobriu e tomou Haidê dela, ela nem ligou. Foi aí que ela curtiu a vida intensamente ! Só postava foto em lugar caro, todo dia um homem.
Haidê morou com meu pai uns anos, e meu pai conheceu Brenda. Pouco tempo eles passaram a morar juntos.
Minha cabeça era muito fechada com ela, papo reto ! Por ela ser mais nova que meu pai, eu achei que ela só queria dinheiro e fama.
Mas Brenda foi mostrando ser batalhadora ! A casa sempre tava um brinco, ela sempre correu atrás dos bagulho dela. E oque me conquistou foi que Brenda sempre tratou Haidê muito bem.
Quando Haidê foi começando a virar moça, certos bagulhos eu e meu pai não sabia explicar. E foi Brenda que tomou a frente ! Ensinou tudo, e sempre teve muita paciência e cuidado com ela.
Quando Aurora ficou sabendo que meu pai tinha arrumado outra pessoa e que Brenda cuidava de Haidê. Ela ficou envenenada, fez maior show e levou Haidê pra morar com ela de novo.
Mas não demorou muito tempo pra tudo voltar, Haidê ficava com fome quando a empregada não ia, perdia escola, ficava sozinha em casa.
Aurora foi fazer uma viagem pra resolver uns bagulho de trabalho e mandou Haidê pra ficar na casa da Dafne.
Haidê passava muito tempo com todo mundo, menos com Aurora.
Mas nesse dia a guerra tava grande. No segundo dia que Haidê estava com Dafne ela veio aqui pra casa, e teve o acontecido.
Ali eu me senti morto, eu não conseguia sentir nenhum sentimento bom. Só ódio, só queria vingança.
Eu queria matar, nesse dia era oque eu mais queria ! E no fim eu tomei gosto, fiz muita mãe chorar.
Não importa o tanto que eu matei, o tanto de sangue que eu vi escorrer. A culpa nunca me abandonou.
A minha própria mãe me condenou ao inferno, e eu aceitei que eu merecia.
-Hoje tu entregou a vida da tua irmã na mão daquele homem. E eu espero que você carregue essa culpa pro resto da sua vida ! o demônio nunca vai te dar paz, nunca ! tu nunca vai ter amor Raví, tu vai acabar contigo mesmo, vai sempre carregar esse peso nas tuas costas.
Eu quis defender outras pessoas e deixei a minha irmã, a pessoa mais importante pra mim, correndo perigo. Eu praticamente entreguei a minha irmã para acontecer aquilo. Esse pensamento nunca vai me abandonar.
Em toda minha história, eu não tive muito tempo pra conversar. Aurora não foi presente muito tempo e meu pai tinha preocupações. Eu me criei emocionalmente sozinho !
Otto, Nando e Dante sempre foram meus irmãos. Sempre pulei na bala ! Sempre ajudei com os problemas deles. Mas os meus eu guardei pra mim, porque eu sempre consegui resolver sozinho.
Me envolvi com Maria Clara e descobri que eu ainda tinha coração, porra, quando eu olho pra ela eu penso que eu daria minha vida pra não ver ela sofrer !
Mas eu sabia das coisas ruins que eu tinha feito, que isso tudo ia me custar ! Eu deixei ela acreditar que ia ser feliz comigo, mesmo eu sabendo que eu sou uma pessoa ruim.
Eu senti tanto a dor desse filho, porque eu cheguei a falar com Deus, que tinha mais de 10 anos que eu não fazia. Eu pedi perdão, eu pedi pra que ele me mudasse pra eu poder merecer Maria e o meu filho.
Mas ver Maria sangrar, me fez sentir a mesma sensação de uns anos atrás. E eu novamente não estava em casa, e quando eu cheguei ela já estava ensaguentada.
Eu tenho medo de tocar nela, tenho medo de fazer ela sofrer de novo. Não quero condenar Maria a ficar do meu lado.
Ela e Haidê tem a única parte pura que ainda sobrou no meu coração. Só de pensar em ver alguma das duas sangrar de novo, eu entro em desespero.
E essa dor toda eu tive que ter uma forma de entorpecer, mas o vício vira uma desgraça !
Maria Clara desistiu de mim. Ver ela saindo pela porta hoje, foi como se eu estivesse sendo torturado.
Ela queria conversar, queria diálogo. Mas eu não sei conversar, eu não sei dividir as coisas que eu sinto. Eu não tive ninguém pra me ensinar, pra me ajudar com meus problemas. Sempre foi eu, por mim. E doeu igual uma facada ver que eu perdi ela por isso !
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Juízo Final. (Livro 3)
Non-Fiction+18I Neurose é contra a fé, só Deus é o sublime, caí na vida errada e te apresento o crime.