Juízo Final. (Livro 3)

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Nando.

Fazendo mais um ano hoje pô, firmão. Acordei e acendi minhas velas, bati cabeça e agradeci.

Akin veio cedo me abraçando, com um pão e um copo de café na mão. Akin é o motivo da minha gratidão de tá vivo hoje, de levantar todo dia da cama.

Pelo meu filho um leão por dia é pouco ! Meu pai não teve a oportunidade de me ver crescer, de me criar.

Mas eu quero viver isso tudo com Akin, ver ele andar, falar, aprender.. Tem preço não, filho é um bagulho muito louco.

Por ele eu bato de frente com qualquer situação, qualquer hora.

Barão me ligou e falou que hoje tem churrascada, insistiu que tinha que comemorar. Pô, Barão me fortalece demais, faz questão do meu filho a beça.

Mandei comprar as peças de picanha e os fardos de refrigerante.

-Akin, desce daí-falei e ele assustou.

-Ai papai-deu risada. Esse menino é uma peça pô, terrível.

Em menos de 5 minutos eu chamei a atenção dele 3 vezes, é muita benção pra uma criança só. Papo reto.

Elida lavou a varanda e ficou me olhando. Fiquei uns dias sem muito papo com ela, Elida foi toda errada.

Elida acha que oque ela fala é lei, e comigo não é assim. Ninguém é perfeito pô, não existe essa de tá certa o tempo todo.

Mas ela deitou, pediu desculpa e assumiu que tava errada. Elida não gosta de dar o braço a torcer, mas não é assim que a banda toca.

Ela me abraçou por trás e beijou minhas costas. Elida essa madrugada tava uma perdição, me deu o presente da melhor forma. Minha morena me deixa maluco.

Ascendi a churrasqueira e Elida colocou os refrigerantes pra gelar.

-Cadê Akin ?-perguntei

-Correu pro portão, vai lá ver oque é-falou

Saí na varanda e fui no portão.

-Demorou pô, achei que tu ia me deixar no solzão-falou sorrindo e balançando a muleta pra mim.

Porra, eu saí do meu corpo. Não sei nem dizer quanto tempo eu não vejo Dante assim na minha frente.

Troquei ideia com ele por chamada de vídeo esse tempo, mas eu fui cuzão. Dante teve comigo desde quando eu vi o mundo a primeira vez, todos os anos da minha vida.

E quando ele sofreu o acidente eu não tive coragem de botar a cara lá, eu não fui homem. Ver Dante naquela cama, sem andar, sem mexer, ia ser demais pra mim.

Eu ascendi vela, pedi cura pro meu irmão ! Todos os dias, eu pedi por ele.

-Me perdoa-abracei ele-me perdoa por não ter ido te ver, me perdoa-implorei

-Nando, eu tô aqui pô ! Passou !!-me abraçou forte

-Dante, você está em pé !!-Elida apareceu no portão e gritou, colocando a mão na boca.