Capítulo 14

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Henry

Estou me esforçando. Dia após dia, tenho feito de tudo para me adaptar a minha nova realidade. Daqui há poucos meses eu seria pai, e isso me assusta muito.

Como prometi, tenho acompanhado Leah nas consultas pré-natais, e até estou fazendo o curso para pais de primeira viajem. Afinal, os livros que Eliza havia me presenteado, não foram de todo em vão.

Não vou mentir. Não estou nem um pouco empolgado com tudo isso, afinal, nunca foi meu desejo. Mas estou tentando ver tudo de um jeito positivo.

Sempre instiguei meus pacientes a verem acontecimentos inesperados por eles, de uma forma positiva. Bom, talvez esteja na hora de seguir meu próprio conselho.

E realmente, tem tido sim seu lado positivo nos acontecimentos das últimas semanas.

Primeiro que finalmente Leah me deu uma oportunidade de conversamos, no que resultou em nosso reconciliamento. É claro que ela impôs algumas "regras", na qual aceitei sem nem pensar duas vezes. Por isso das consultas e o curso de pais. Inclusive, agora, no mínimo duas vezes por semana, ela tem passado as noites comigo.. Em nossa casa. Isso já é um avanço.

Mas enfim, continuando, outra coisa positiva é que finalmente, Katie parou de me incomodar. Sinceramente, nunca entendi sua cisma por mim. Eu nunca abri uma brecha sequer de demostração de interesse por ela.  Eu sempre amei e sempre vou amar a Leah. Não há espaço para qualquer outra mulher em minha vida, que não seja ela. Então espero que ela realmente nunca mais me procure, porque chance comigo, nunca terá.

E terceiro, ultimamente, não tenho mais visto a vida que vem sendo gerada em seu ventre, como uma coisa. Também não tenho tanto afeto assim por ele, mas..  já não é mais tão estranho assim.  Nas noites em que dorme comigo, já me peguei acordar algumas vezes na madrugada com minha mão sobre seu ventre, e sentir seus movimentos sutis.

Será esse um sinal de que estou começando a ama-lo?

Sinceramente, eu não sei. Mas estou disposto a descobrir.

[...]

Semanas após a consulta em que fomos e não foi possível saber o sexo do bebê, voltamos á clínica novamente para uma nova "bateria" de exames.

Foi conferido tudo: peso, alimentação, se Leah sentia dores ou desconfortos, entre outras coisas. Em seguida, foi a vez de conferir tamanho, peso, a formação do bebê, e por fim, seu gênero. E novamente, não foi possível vizualizar. Como na primeira vez, ele também estava com as perninhas cruzadas, impossibilitando a tentativa de identificá-lo.

Mas isso não pareceu frustrar Leah. Muito pelo contrário. Ela estava contente. Transbordava leveza e felicidade. Só o fato dele estar bem, já a deixava contente. E isso me fazia feliz..

Por mais "desleixado" e não prestasse totalmente atenção aos sinais sutis que minha esposa me passava ao longo desses anos, a felicidade dela sempre foi minha prioridade. Mesmo que já tenha falhado com isso algumas vezes.

Mas agora estávamos no caminho certo.

Estávamos felizes, juntos, e com um bebê a caminho..

Um filho, fruto de um descuido nosso (já que ela havia se perdido na contagem do anticoncepcional, unido ao fato de não usarmos mais preservativo já há alguns anos), e consequentemente, também, fruto do amor que sentimos um pelo outro.

É bem óbvio que ele é muito mais amado por ela, do que por mim. Mas tentar gostar dele não custa nada, certo?

[...]

Após a última consulta com a obstetra, mesmo sem saber se o bebê é menino ou menina, como eu havia tirado o resto do dia livre, a acompanhei nas compras para o enxoval dela.. Ou dele.

Cuidadosamente, Leah escolhia peça por peça, que fosse possível tanto para menina quanto para menino.

Nos dias em que se seguiram, foi a vez de começar a arrumar o quarto do bebê. Nos meus tempos livre, ajudei o máximo que pude com a pintura, na compra, e na montagem dos móveis.

Minha linda esposa estava feliz. Eu percebia isso em seus olhos. Ela estava feliz, por eu ter escolhido tentar, e não desistido de nós.. e nem do bebê...

Pensando nisso, decidi que estava mais do que na hora de demonstrar algum afeto por ele.. Não que eu não não tentasse demostrar. Isso eu já fazia todos os dias, em coisas que ela me pedia auxílio, tentando ao máximo mostrar meu interesse.. Mas eu sentia que mesmo fazendo todas aquelas coisas, ela ainda se sentia um pouco insegura. Eu precisava fazer mais. Precisava fazer algo, que provasse de uma vez por todas para Leah, que eu nunca me arrependeria da escolha que fiz há mais ou menos três meses atrás..

Então fui atrás da única pessoa que poderia me ajudar nesse momento..

— Tem certeza que quer minha ajuda? — questiona Arthur, conferindo alguma coisa em seu estúdio de gravação..

— Se não precisasse, não estaria pedindo..

— Eu sei, mas você? Justo você que sempre foi independente, nunca precisou de ninguém para nada.. Nem quando se machucou e precisou ficar com o braço imobilizado por algumas semanas quando era criança..

— Vai me ajudar ou não, Arthur? Se não for, fala logo que...

— Tá bem.. tá bem, nervosinho. Do que você precisa..

— Eu estava pensando em fazer uma surpresa para Leah.. — começo a dizer, me apoiando em uma banqueta. — Eu já a ajudei com a arrumação do quarto do bebê na casa dos pais dela, mas em nossa casa, não fizemos nada ainda.. Então, como você é pai de dois, e já passou por isso duas vezes, estive pensando se...

— Se eu posso te ajuda a arrumar o quarto do bebê em sua casa, estou certo?

— Sim.. Você pode?

— É claro que posso. Você é meu irmão.. Meio cabeça dura as vezes, mas estou aqui para sempre que precisar.. E também, estamos falando do quarto do meu sobrinho.. ou sobrinha.. Você pode ter bom gosto em escolher móveis, texturas e cores, mas sem ofender, é horrível para escolher coisas de criança.

— Não ofendeu. Eu sei que não levo jeito para isso, por isso procurei você.

— Fez certo. Bom, me espere aqui. Eu só vou levar isso para o roteirista, e já venho te ajudar..

— Ok.. — digo observando-o se afastar, e logo sumindo de vista..

[...]

Arthur disse que iria me ajudar, e realmente ajudou, e muito.. Depois que ele voltou, seguimos, cada um em seu carro, até uma enorme loja com coisas de bebê..

A única coisa que escolhi, que pareceu agradar meu irmão, foi o papel de parede..

Como não sabemos se é menino ou menina, acabei escolhendo um papel de parede da cor azul, com o desenho de várias nuvens. E isso agradou Arthur, porque, segundo ele, azul serve tanto para meninos quanto para meninas.. Para ele, não tem essa de que rosa é só para meninas e azul para meninos. Todas as cores são "neutras", não é isso o que vai definir o que uma pessoa é.. Um ótimo argumento..

E após a escolha do papel de parede, seguimos em busca dos móveis, e algumas roupas e coisas para decorar. Ele, é claro, foi quem escolheu tudo. Apenas perguntou uma vez ou outra se eu concordava com suas opções..

Com tudo escolhido, fiz o pagamento de todos os itens, e só então, seguimos para minha casa.

Levou pelo menos uns três dias para que terminassemos de arrumar tudo. E não é que ficou bonito. Fiz bem em ter chamado ele para me ajudar nessa surpresa para Leah..

Agora eu só precisava comprar algumas coisas no mercado aqui perto, e chama-lá para jantar..

Só espero que ela goste de tudo também..

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