Leah
Depois do jantar, caminhamos um pouco pela cidade de mãos dadas, apenas aproveitando o tempo um ao lado do outro.
Tenho que admitir que realmente senti muito a falta desses momentos apenas entre nós dois.
Henry nunca foi do tipo "romântico", como em filmes clichês em que o personagem faz mil e uma coisas para agradar e impressionar sua amada. Mas ele é sim: atencioso, cuidadoso, carinhoso. Mas nunca foi preciso que demonstrasse a todo momento o quanto me ama.
Um simples elogio de: "Wow, você está incrível hoje", ou uma massagem nos pés antes de dormir, ou até mesmo o fato de sempre prepararmos nossas refeições juntos, já era seu jeito de demonstrar o quão importante eu era para ele.
Coisas simples, da rotina de qualquer casal.
Se tem uma coisa que tenho muito orgulho em nosso casamento, é nosso companheirismo. Desde que oficializamos nossa união e começamos a morar juntos, dividimos exatamente tudo, principalmente as tarefas de casa.
Afinal de contas, casamento é isso. Viver juntos, dividirem as responsabilidades (afinal de contas, não faz mais do que a obrigação), e estarem sempre juntos.
É claro que não me esqueci dos acontecimentos passados. Até porque, perdoar não significa esquecer, ainda mais feridas não totalmente cicatrizadas. Mas não custa nada tentar.
São 17 anos juntos, sendo 14 anos deles casados. E além do mais, ele é pai do meu filho. Fruto de um descuido nosso, mas que já amo incondicionalmente, e tenho certeza de que ele amará algum dia também.. Mesmo que demore um pouco.
— O que será que tanto passa nessa linda cabecinha, para estar tão quieta agora? — questiona, passando o braço pela minha cintura, dando um beijo em meu rosto.
— Nada demais. Só estou feliz, por estarmos juntos. — digo me aconchegando em seu peito, permitindo-me ser guiada por ele, enquanto andamos.
— Eu também estou. Senti tanto sua falta. — diz parando de andar, olhando-me fixamente, alisando meu rosto com a mão livre — não vejo a hora de que volte logo para casa.
— Por enquanto, é melhor não. Prefiro que seja assim, você lá e eu com meus pais. — digo o olhando, segurando sua mão — eu confio em você, e te amo muito.. mas a ferida aqui... — digo levando sua mão em direção ao meu coração — ainda não cicatrizou totalmente.. preciso de um tempo, até me sentir confiante de novo..
— Eu entendo. E prometo ser paciente. Esperarei o tempo que precisar, até que se sinta bem para voltar para nossa casa.
— Obrigada.. — sorrio pequeno, encostando minha cabeça em seu peito..
— Pelo tempo que precisar minha anjinha.. — diz, dando um beijo em minha cabeça, em seguida me envolvendo em seus braços — É melhor eu levar você para casa. Está começando a esfriar, e você não pode ficar doente.. — disse, me apertando levemente em seus braços, e voltamos a caminhar, seguindo até o local em que havia estacionado o carro..
[...]
— Pronto, está entregue! — diz, parando em frente ao edifício, e acaricia meu rosto — Obrigado por ter aceito meu convite, e por me dar mais uma chance..
— Não precisa me agradecer nada, só segui a voz do meu coração.. E da consciência também... Realmente, precisávamos conversar. Não só por nós.. — digo pegando em sua mão, surpreendendo-o ao colocá-la sobre minha barriga — Mas por ele também..
— Eh.. eu... — pigarreia, desviando um pouco o olhar de mim, e volta a me fitar — Ele já vai ter um pai idiota, merece pelo menos ter os pais juntos..
— Você não é idiota, só não se acostumou com a ideia de termos um filho ainda.. Mas vai se acostumar, e tenho certeza de que será um ótimo pai.
— Espero que sim.. Eu só não quero decepcionar você, e nem ele..
— Ou ela.. Mas você não vai, tenho certeza disso.. Você já deu o primeiro passo, veja isso como um recomeço para nós como uma casal.. E um começo para nós três como uma família..
— Você quer uma menina?
— Na verdade, eu não me importo com isso.. Só quero que ele ou ela esteja bem, e que venha no tempo dele..
— Você sempre pensando no bem dos outros antes de qualquer coisa.. — disse envolvendo seus braços em minha cintura, me beijando carinhosamente — é isso que eu amo em você..
— apenas isso que você gosta em mim? — pergunto colocando meus braços envolta de seu pescoço..
— Não mesmo.. e você sabe disso... — disse voltando a me beijar, e se afasta um pouco em seguida. — Podemos almoçar amanhã?
— Te espero espero às 13h na recepção do hospital.. — sorrio dando um selinho nele, e me afasto um pouco, pegando minhas chaves dentro da bolsa — Até amanhã..
— Até amanhã, meu anjo..
Entro no edifício, e antes de fechar a porta, vejo Henry entrar em seu carro, e dar partida, seguindo seu caminho.. Com um sorriso bobo nos lábios, fecho a porta da entrada, caminho em direção ao elevador, acionando o botão até meu andar..
Quando o elevador para no meu andar, sigo em direção a porta, a abrindo e entro em casa.
— Ainda acordados? — pergunto, passando pelo hall, vendo a luz da tv iluminando a sala..
— Estamos terminando de assistir um filme, daqui a pouco estamos indo pro quarto. — minha mãe responde, indicando o sofá para que me sentasse ao seu lado — como foi o jantar, querida?
— Foi ótimo.. Nós conversamos, o Henry me pediu perdão, disse que sentia minha falta.. — digo dando um suspiro — Enfim, nos resolvemos e agora está tudo bem..
— E quanto ao bebê?
— Ele se comprometeu a assumir as responsabilidades dele como pai. Disse que ainda está se acostumando com a ideia, e que fará de tudo para não me magoar de novo.. ou decepcionar o bebê..
— Acho bom mesmo que ele assuma as responsabilidades dele e não a magoe novamente.. Ainda não esqueci aquela história de ter deixado você voltar para casa sozinha, em pleno natal, e ainda por cima grávida...
— Papai, isso já passou.. Não importa mais agora. A única coisa que deseja nesse momento, é ter uma gestação tranquila e me resolver com meu marido, para assim podermos cuidar do nosso filho juntos..
— Tudo bem, você está certa. — meu pai diz, se virando de frente para mim, pegando em minha mão — Você já é adulta, sabe o que faz. Mas saiba que pode contar sempre conosco. Somos seus pais, e sempre vamos apoia-lá em qualquer decisão de tomar.
— Eu sei, e obrigada por sempre estarem comigo. — sorrio acariciando sua mão. — enfim, agora eu vou subir e descansar um pouco.. amanhã eu começo cedo no hospital.
— Tudo bem, pode ir. Durma bem, filha..
— Obrigada, vocês também.. Boa noite, mamãe..
— Boa noite, durma bem minha filha..
Deixo-os, e subo as escadas, seguindo em direção ao meu quarto. Coloco minha bolsa em cima da poltrona, e começo a tirar minha roupa, indo em direção ao closet. Escolho um pijama de moletom confortável, em seguida, me encaminho até minha cama, me deitando.
Quando estou quase dormindo, ouço meu celular vibrar. Uma mensagem..
Henry..
"Obrigado pela noite maravilhosa, e por voltar a ser o centro da minha vida..
Durma bem, meu anjo!Amo você!!"
Após ler sua mensagem, respondo apenas um "nós também te amamos", e me viro para o lado, com um sorriso bobo, e adormeço rapidamente!
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Uma Surpresa Inesperada!
RomanceLeah e Henry se conheceram por acaso a caminho de uma livraria.. Desde então, se aproximaram e acabaram por se apaixonar um pelo outro.. Casados há 14 anos e sem filhos, suas vidas acabaram por se tornar monótona, e o casamento começará a esfriar...