( um )

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CAPÍTULO UM
nos olhos




Ninguém gostava de olhar Draco Malfoy nos olhos.

Ele tinha passado os primeiros quatorze anos de sua vida sendo ensinado por tutores particulares na Mansão Malfoy, mantido tão isolado do resto do mundo que ele de vez em quando passava um ano ou mais sem ver ninguém além dos pais dele, os já mencionados tutores e os empregados da família Malfoy.

Todo mundo diria que aquilo não era uma maneira muito boa de se criar um filho, mas demorou um bom tempo para Narcisa e Lucius perceberem que Draco estava se tornando um menino muito arrogante e com um pavio curto e que eles chamariam de frio, mas que o resto do mundo diria só ser cruel mesmo. Normalmente isso não seria visto como um problema tão grande assim, mas Draco estava deixando de ser malvado de um jeito Malfoy e começando a ser malvado de um jeito raivoso e rancoroso e desorganizado que Lucius não podia aceitar.

Foram muitas discussões, mas no final os dois mandaram Draco para uma das melhores e mais velhas e caras escolas no país – o nome dela era Academia Ballincrest e eles se orgulhavam de conseguirem arrancar cada pequeno vislumbre de rebeldia e individualismo dos seus alunos. Eles criavam perfeição. Era o lema deles.

Não funcionou com Draco.

Ao longo da história daquela escola, eles tinham conseguido surrar o espirito e a alma de cada menino que entrou por aquelas portas ao ponto deles nem tentarem se levantar depois de saírem. Mesmo quando eles tinham parado de usar violência física, eles tinham várias outras maneiras de mexerem e quebrarem a mente dos alunos.

Quando eles não estavam com medo demais para sequer respirarem um pouco mais alto do que lhes era permitido, os meninos que iam lá gostavam de chamar os membros do corpo docente de um bando de ditadores sádicos. Eles agiam como se fossem deuses e a palavra deles fosse sagrada. Por séculos e séculos e séculos, era assim que as coisas tinham funcionado naquele lugar e apesar de todos meninos que entraram achando que iriam ser a exceção, eles nunca tinham sido, no fim.

Cada nova geração achava que eles iriam criar uma revolução nunca antes vista. Cada criança achava que iria ser diferente dos adultos que conhecia. Mas, no fim, as regras e as expectativas e os castigos sempre ganhavam.

Nós criamos perfeição.

Nós fazemos eles nos temer demais para pensar por si mesmos.

Bastava Draco entrar em uma sala para os colegas dele hesitarem, olhando para baixo como criancinhas assustadas, esperando pelo que os pais deles iriam os mandar fazer.

Apesar do quanto a administração se orgulhava de ter a melhor disciplina do mundo, todos aqueles professores cheios de credenciais e aqueles milênios de tradição começavam a se despedaçar conforme eram encarados pelos olhos gelados e sem nenhuma empatia de Draco.

Redações e deveres e apostilas tão pesadas que até os meninos muito musculosos do time de luta tinham dificuldade as carregando. Salas de aula e uma rotina cuidadosamente criada para entediar e pais que não se importavam com nada a não ser grandiosidade. Tudo parava de importar, migalhas esmagadas embaixo dos tênis de Draco.

E era fácil. Era tão fácil para ele que ele nem tinha que pensar no que estava fazendo.

Aquela escola era tão velha que haviam regras ali que tinham sido criadas antes mesmo dos Malfoys terem ido da França para a Inglaterra, aquelas paredes de pedra colocadas em pé muito antes das Américas sequer serem descobertas, mas se Draco mandasse os colegas dele desobedecerem os professores deles, eles tinham tanto medo de Draco que eles iriam obedecer Draco na hora, sem se preocupar com as consequências. Ele mandava lá muito mais do que qualquer diretor que a escola já tinha tido.

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