CAPÍTULO SEIS
bêbado na beirada
Draco sempre achou que a frase "com os nervos à flor da pele" não devia ser vista literalmente, mas ele estava começando a mudar de ideia, porque merda, ele estava com os nervos à flor da pele. Ele podia literalmente os sentir, todo o corpo dele parecendo estar pinicando, todo o corpo dele parecendo eletrizado, mas eletrizado em uma voltagem grande demais para aquele lugar, uma voltagem que era perigosa, que estava destinada a explodir.
Ele estava destinado a explodir.
Algo que sempre acontecia quando Draco explodia daquela maneira? Ele atingia todo mundo que estava perto dele deliberadamente, como se, se ele conseguisse os machucar, então ele não iria ter que pensar na dor que ele próprio estava sentindo.
Era aquele sentimento que tinha o feito decidir pôr fogo no campo de futebol.
Aquela leve coceira embaixo da pele dele que não parava não importa o quanto ele se unhasse, aquele sentimento de urgência que aparecia nos momentos mais aleatórios, fazendo o coração dele acelerar e pesar e então voltar ao normal do nada, só por um tempinho, antes dele voltar a enlouquecer.
Quando ele era criança, ele costumava sentar por horas, olhando para a cicatriz na palma da mão dele, pensando em quanto tinha doído a receber. Ele mal respirava, não olhava para nenhum outro lugar, não soltava nenhum som. Ele só a encarava, até os olhos dele estarem secos e ela estar praticamente tatuada na visão dele, e ele podia jurar que ele conseguia sentir o cheiro de carne queimando, ainda, e o barulho do fogo crepitando.
De vez em quando ele ia ficar assim por tanto tempo que quando ele se levantava ele se esquecia de como fazer as pernas dele funcionar, por alguns segundos, e quando ele abria a boca, a voz dele não saia, como se ele estivesse desaprendido como falar do jeito que os pais dele tanto queriam que ele desaprendesse.
Quando ele se recuperava, ele ia gritar com os tutores dele até os homens desistirem do trabalho deles e deixassem Draco em paz. De vez em quando eles choravam. Esses eram os melhores dias, porque aí Draco não chorava depois deles saírem.
Era o que sempre acontecia, porém. Draco sempre começava a sentir aquele fogo dentro dele e ele sempre acabava liberando aquelas chamas em tudo e todos que estavam próximos demais. Ele sempre tinha que estragar algo, tinha que aplacar aquela vontade de destruir, destruir, destruir dentro dele, porque era isso, não era, ele tinha aquela vontade, aquela maldade e sujeira no coração dele, e ele era simplesmente todo errado, ninguém conseguia o amar, ninguém conseguia o aguentar.
Agora que aquela sensação estava voltando, ele só sabia que ia acontecer. Ia, porque Draco não podia parar si mesmo. Não podia parar aquele monstro que havia dentro dele. E nunca tinha sido tão ruim, tão forte, o que queria dizer que–
Que o que quer que ele iria fazer agora iria ser pior do que qualquer coisa que ele já tinha feito antes.
Ele sentou com as pernas cruzadas na cama dele e encarou a palma da mão dele até o sol nascer. Quando ele se levantou, as pernas dele bombearam, mas ele se manteve firme.
Ele pegou o isqueiro dele e saiu de casa.
Era sábado, afinal de contas. Lucius tinha deixado claro que Draco não tinha permissão para ficar lá dentro sábado.
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black sheep, DRARRY ✔️
FanfictionConcluída. Draco Malfoy vinha andando com a "gangue" de Duda Dursley desde o começo do ano. Ele não se importava com nenhum daqueles meninos, não de verdade, mas eles eram uma boa distração. O primo misterioso de Duda só acontecia de ser ainda melho...