( dez )

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CAPÍTULO DEZ
mark evans




Draco Malfoy não era uma boa pessoa. Alguém estava realmente chocado?

Desde que ele era bem pequeno, ninguém nunca precisou olhar para ele por mais de um segundo antes de chegar aquela conclusão, abaixando os olhos por instinto, por medo ou nojo ou uma mistura dos dois. Draco tinha olhos que cortavam como facas e um rosto que te fazia sentir um gosto amargo na sua boca só de o encarar. Ele era terrível. Desde que ele era bem pequeno, todo mundo sabia que não havia porque gastar o tempo e a esperança deles dando chances para um menino como Draco.

Então, aqui estava a verdade nua e crua: antes Harry, Draco tinha passado mais de meia década sem ser olhado nos olhos como um igual, como se ele fosse humano.

Ele tinha passado mais de meia década sentindo como se ele não fosse isso. Humano, no caso. Ele ainda sentia, na verdade. Ele ainda olhava no espelho e sentia, lá no fundo da barriga dele, que estava olhando para um monstro. Ele ainda olhava para as mãos dele e sentia como se estivesse olhando para dois pedaços de carne e pele estranhos e retorcidos, que não pareciam realmente fazer parte do corpo dele, que não pareciam capazes de fazer qualquer coisa que não fosse destruir.

Draco não era bom. Por que fingir surpresa?

Ele assustou todos os tutores que os pais dele arranjaram para ele e assim que ele foi colocado em uma escola de verdade, a primeira coisa que ele fez foi aterrorizar todos os colegas dele. Ele destruiu as coisas na mansão e colocou fogo no campo de futebol da escola sem hesitar e merda, colocou fogo em tantas outras coisas, desde pedaços de papel até livros até cortinas, só porque ele gostava de observar as chamas, só porque ele queria se livrar do frio ao menos por um tempinho.

Draco tinha feito crianças chorarem antes. Tinha feito adultos tremerem de medo e saírem correndo. Isso tudo tinha feito ele sorrir, feito ele se sentir um pouco mais alto, um pouco menos como uma criança deixada de lado e esquecida.

Draco nunca tinha feito nada bondoso. Para que mentir e dizer que em algum momento ele tinha tentado?

Ele sempre soube que era fodido. Ouviu isso um milhão de vezes, seja nas palavras que os adultos ao redor dele realmente falavam ou no silêncio ensurdecedor que vinha com as ações de ditos adultos. Ele estava quebrado. Ele nasceu errado, nasceu podre, e demorou um pouco para os pais dele descobrirem exatamente o quão arruinado ele era, mas uma vez que eles descobriram, eles desistiram completamente.

Ninguém nunca tinha tentado por ele e Draco nunca tinha tentado por ninguém.

Bem, eles diziam para nunca se dizer nunca, não?



Draco estava mexendo com o isqueiro dele, andando distraidamente em direção ao parquinho em que ele sempre ficava. Ele não diria que tinha esperanças de encontrar Harry, porque Draco se recusava a esperar por coisas como um trouxa, mas ele achava que Harry iria estar lá e apesar dele não querer admitir em voz alta, isso tinha pesado na decisão de Draco de ir naquela direção.

Ajudava que ele realmente não precisasse pensar muito para onde estava indo. Draco já tinha ido para lá tanto que ele poderia fazer o caminho com os olhos fechados. E, claro, os olhos dele estavam abertos agora, mas eles não estavam focados em nada a não ser as chamas na mão dele.

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