( treze )

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CAPÍTULO TREZE
a escolha mais importante




Aqui está o maior problema sobre se ser um Aborto além de, bem, o óbvio: Trouxas não gostam de te olhar mais do que necessário. Draco nunca soube disso antes e foi uma ótima surpresinha para se receber ao ser jogado em uma escola longe de tudo e todos que ele conhecia.

Na maior parte do tempo, Trouxas não sentem que há algo de errado com você, eles nem percebem que não estão olhando, eles só sabiam, em uma parte muito instintiva e subconsciente deles, que não deveriam encarar demais. Que aquilo que estava na frente deles não pertencia e nunca iria pertencer, que havia algo diferente, algo perigoso sobre aquilo. Draco passou seis anos inteiros sem ninguém o olhar nos olhos e quando se tratava de Trouxas, era essa a razão.

Quando se tratava de bruxos, então era porque todos os bruxos que Draco conhecia achavam que Abortos eram tão nojentos e inferiores que só os olhar iria fazer a magia deles ficar mais fraca. Os Trouxas divertiam Draco, de certa maneira. Faziam ele se sentir superior, muitas vezes.

Os bruxos faziam ele se sentir sub-humano.

Os pais dele, principalmente.

E Harry– Harry ia contra tudo que Draco tinha aprendido a esperar de bruxos. Todas as expectativas que Draco tinha em relação a como ele ia agir ao saber a verdade sobre Draco, em relação a como ele ia tratar Draco, Harry simplesmente quebrava tudo sem nem perceber.

Ele era a pessoa mais incompreensível que Draco já tinha conhecido.

A mais interessante também. Talvez exatamente por causa disso.



Draco não ficava feliz.

Ele era incapaz. Tinha se tornado incapaz no exato segundo em que fez onze anos e nenhuma carta chegou, no exato segundo em que enfiou a mão naquela tapeçaria, no exato segundo em que acordou depois e Lucius fez carinho nele, só por um momento, e então o soltou pelo resto da vida dele, dando um último adeus para toda a relação deles.

Desde então, houveram breves momentos em que ele não estava triste ou bravo, breves momentos em que ele não estava querendo morrer ou querendo queimar algo, em que fogo não era a única coisa em que ele conseguia pensar. Quando ele tirava total em uma prova. Quando Dobby preparava algo doce especialmente para ele. Quando ele deu o primeiro beijo dele em Collins. Nada disso o fez sorrir, mas fez ele se acalmar, mesmo que só por um segundo. Mesmo que brevemente.

Isso era muito, muito impressionante. Draco não esperava nem aqueles breves momentos, nunca teria esperado mais. Ele não ficava feliz. Era uma regra e uma regra do tipo que não tinha nenhuma exceção.

As próximas semanas passaram muito rápido. Impossivelmente rápido, na opinião de Draco. Harry o deixou ler o Profeta quando eles estavam sozinhos e o contou tudo que estava acontecendo no Mundo Bruxo, tudo que os pais de Draco nunca tinham deixado ele saber porque não era o lugar dele. Eles leram juntos, os ombros dele se tocando, e de vez em quando Harry apoiava a cabeça dele no ombro de Draco, claramente não interessado em ler tanto quanto Draco estava.

E Draco estava tão interessado. Ele considerava cada pequena notícia que Harry o dava como um milagre, como os melhores presentes que ele já tinha recebido, e só pensar o dava vontade de chorar. Fazia tanto tempo que alguém o permitia ouvir sobre aquele antigo mundo dele. Se não tivesse sido por Dobby e pela maneira como os pais dele tratavam dele, Draco provavelmente teria achado que havia imaginado a existência de magia anos atrás.

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