Capítulo 9 - A História

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Chlöe

— Eu gostaria de dizer que não sou nenhum professor de história, ou muito menos um gênio que nem você, então não me culpe caso não seja a aula mais interessante que você verá na sua vida. – Arrasta uma lousa de vidro até o centro de sua sala e pega um piloto para começar a escrever.

— Eu gosto de história, lembra? – Me ajeito no sofá empolgada – Não tem como eu achar isso chato. Ainda mais se envolvem linhas do tempo.

Matt e eu estávamos em nossa segunda semana seguida de encontros. Nos víamos três dias no meio da semana e aos domingos, já que eu ainda não havia pedido demissão dos meus empregos, somente dado um aviso prévio de que em breve eu sairia, ou pelo menos era o que eu acreditava que pudesse acontecer nas próximas semanas, visto que eu estava começando a me animar com ideia da próxima fase dos nosso acordo, onde eu conheceria um pouco mais do dia a dia dos agentes, pelo menos a parte menos glamurosa de treinos e preparações dentro do prédio.

Ainda estávamos na fase das histórias, que para a minha surpresa eram bem grandes e cheias de detalhes. Ele negava, mas era um ótimo contador de história, tinha tudo em sua cabeça e se empolgava com cada detalhe. Semana passada viramos uma das noites, teorizando, em cima das poucas informações que tínhamos, sobre como teria se dado a criação da agência e o que seria o tal dinheiro infinito que ele havia comentado outro dia.

Num resumo, depois de muito procurar, finalmente chegamos à alguns documentos em português que pareciam bater com as datas e partes da história que tínhamos. Eles narravam as histórias de alguns bandeirantes que encontraram uma civilização perdida cheia de riquezas. Matt não deu muita atenção a este assunto após nossa discussão, mas eu fiquei fascinada com os mistérios que rondavam aqueles contos e esse virou meu vício, pesquisar, ler e traduzir muitos textos e teorias sobre. E apesar do meu português não ser dos piores, a linguagem dos arquivos era de um português muito mais antigo ao qual eu e ou qualquer um da minha idade tinha acesso, o que dificultou um pouco meu entendimento sobre o tema.

Todos os arquivos tinham mais de 100 anos e após esses datados ninguém nunca mais havia procurado ou encontrado nenhum artefato referente àqueles, pelo menos não havia relato de tais fatos em lugar algum. Esse mistério deixou todos intrigados por décadas, levando muitos a tentarem achar o local, seja por curiosidade, por solidariedade aos entes queridos, ou por ganância em tentar conquistar o tal tesouro, até um dia ser esquecido nos livros.

Isso era uma história que faria qualquer um perder o sono, e eu e minha crise de ansiedade com certeza acabamos assim, então se fosse para perder o sono que seja com o final da história que conectava isso com o nascimento da agência. Coisa que era apenas suposições baseadas nos poucos fatos que tínhamos, já que, de acordo com Matt, o livro que contava essa parte sobre a agência estava desaparecido desde que meus pais se entendiam por gente, e não se conhece ninguém vivo que já tenha lido ele, não alguém disposto a falar sobre.

Matt finalizou a história, garantindo, que mesmo para eles, tudo aquilo não passava de um mito, uma teoria da conspiração. Não havia comprovações de nada, somente histórias contadas para assustar ou conquistar novos agentes. Nada era confirmado, apenas os links entre a época que se fundou a agência, sua localização e as datas desses manuscritos que faziam todo sentido.

— E assim, entre todos esses buracos na nossa linha do tempo, surgira a atual S.W.A., responsável pela segurança mundial e todas as loucuras que ainda nos rondam. Principalmente seus pais, é claro. Que temos certeza de que são dois grandes imãs para problemas. – Dá uma risadinha de leve, tampando o piloto com que escrevia do quadro — Pelo menos eram, antes de você nascer.

S.W.A. 3 - As Decisões Da Nossa VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora