Chlöe
— Precisa de ajuda? – Tomo um susto e quase derrubo alguns objetos que empilhava com toda concentração em cima de uma caixa minimamente pesada que carregava naquele longo corredor até o local onde estava trabalhando há uma semana.
Fazia duas semanas que eu estava "trabalhando" na agência. A estratégia, a contragosto do meu pai e do Matt, foi me deixar participar de todo o trabalho de investigação para capturar todos os bandidos envolvidos nessa seita. Essa seria a forma de me treinar, de certa forma, para o papel que eu ainda não sabia se iria querer.
Logo que tomamos essa decisão, minha mãe me comunicou que Isaac acreditava que estávamos dando um tempo, devido a querer-me concentrar em estudar. Eles haviam mandado uma mensagem do meu celular para ele. Que insistiu de todas as formas em ouvir minha voz, mas sem sucesso. Eu até me preocupei dele acabar aparecendo na minha casa, ou algo assim, mas claro que sendo filho de quem ele era e sabendo de quem eu era filha ele nunca iria dar as caras e colocar todo o plano dele em jogo. Até porque numa altura desse campeonato, ele podia imaginar que eu estava entrando para a agência.
Dentro dessa missão e dentro dessa agência eram poucos os momentos que eu lembrava dele. Era empolgante e uma perfeita distração para minha mente ansiosa e meu coração quebrado. Ainda mais com a companhia da equipe de Matt, que era a responsável pela missão da qual eu estava incluída. Eles não faziam ideia da grandiosidade do que estávamos investigando, para eles estávamos caçando meu ex-namorado e o pai dele que eram chefes do contrabando de armas e líderes de uma seita maluca fundada pelo Mauricio, que buscava afundar a agência. O verdadeiro propósito, de chegarem a tal cidade perdida eles não faziam ideia, isso era algo que a minha mãe não confiava a ninguém. Até porque se realmente houvesse um mapa e nós descobríssemos, o risco de sermos atacados era bem maior. E a responsabilidade de avaliar todas as questões históricas e auxiliar a equipe, com informações que eles não tinham era minha. Apesar de Matt ser o líder e conhecer a história, eu tinha um olhar mais profundo sobre tudo.
— Hey! – Matt chama minha atenção e eu percebo que ele ainda está parado na minha frente com as mãos estendidas para que eu entregue a pilha de coisas para ele.
— Obrigada! – Entrego a caixa para ele com cuidado, que pega com facilidade. Dois agentes passam pela gente e comentam algo que não consigo entender.
— Você se acostuma! – Observa meu desconforto com cena e sorri.
— A ser o centro das atenções? Não! – Respondo enquanto andamos pelo corredor – Esse papel é dela e não meu.
— Você é a caçula! Como pode dizer que não é o centro das atenções? – Para na porta da sala de seu time
— Como você pode dizer que eu sou? – Encaro-o indignada.
— Você é o que? – Nick aparece na porta nos dando um susto.
— Deu para escutar a conversa alheia agora? – Matt engrossa o tom e eu me encolho por um momento.
— Que culpa tenho eu se meu papai fica de conversinha fiada enquanto eu trabalho? – Nick rebate segurando o riso e vejo Matt revirar os olhos e segurar o riso.
— Como vai a nossa investigação? – Ele passa por Nick entrando na sala. Eu sigo logo atrás.
— Nada demais, mesma movimentação de ontem. Eles são bem monótonos. – Olivia grita de sua mesa sem me encarar.
— Boa tarde Chlöe! – Noah vem em nossa direção ajudando Matt com minhas coisas e levando até a minha nova mesa que ficava de frente para a de Matt.
— Boa tarde! – Respondo um pouco baixo. Apesar de serem muito receptivos, eu ainda me sentia meio deslocada ali, principalmente depois de ouvir uns comentários meio maldosos no refeitório.
— Achei que você nem vinha hoje. – Théo surge com uma toalha no ombro e todo suado. Visivelmente tinha acabado de vir da academia ou algo assim – Se eu soubesse tinha te esperado para as aulas que te prometi.
— Que aulas? – Matt, que havia ido para o ouro lado do salão, surge do nosso lado com a cara fechada.
— Eu tinha prometido para o nossa nova mascotezinha do grupo que ia ensinar uns movimentos maneiros para ela usar quando a gente encontrasse o ex dela – Sim, eu era o "mascote" do time. Era engraçado como eu tinha virado a irmã mais nova deles. E não era ruim, como na vida real. Os meninos me perturbavam e tentavam me animar e ameaçavam quebrar a cara do Isaac toda vez que o nome dele era ciado. As meninas me PROIBIRAM de ver imagens dele nas câmeras de vigilância deles. Além de terem me levado para fazer compras dois dias atrás.
— Você pediu pra treinar com ele? – Matt parecia chateado.
— Ele me ofereceu ontem à tarde, nada demais. – Dei de ombros e comecei a desembalar os documentos de dois objetos que tinham dentro da caixa. – O que foi? – Observo que Matt ainda está plantado na minha frente como se esperasse por algo. A raiva era nítida em seu rosto e agora todos tinham sua atenção voltada para nós.
— Matt, você pode vir aqui rapidão? – Nick grita da estação de Ethan, ele fecha os olhos lentamente e os abre como se estivesse acordando de um transe, e segue até o Nick, enquanto todos os outros se encaram como se concordassem em algo.
Matt
— O que foi? – Aproximo-me de Nick que me encarava assustado e desconfiado.
— Tá tudo bem?
— O que isso deveria significar? – Meu estresse era visível, mesmo que eu não soubesse o motivo.
— Que você teve uma crise de ciúme ridícula na frente de todos?! – Diz quase num sussurro e eu fico branco.
Ciúme? Eu? Da Chlöe?
Claro! Ela era como a minha irmã mais nova, e ela é nova. Não quero ver nenhum marmanjo de trinta anos dando em cima dela. Todo mundo aqui foi receptivo com ela, os meninos até demais pro meu gosto. Mas não significava que iria aceitar muitas liberdades com ela. – Observo ela se sentar, prender o cabelo em um coque, colocar luvas e colocar os óculos para começar a analisar o vaso que tinha em sua mesa. Ela estava empolgada e feliz de estar ali. Ela dá uma leve olhada nas pessoas que haviam voltado a fazer suas tarefas, parando por ultimo em mim que a encarava. Nossos olhares se cruzam e eu sinto um negócio esquisito dentro de mim, que passa ao mesmo tempo que piora quando ela solta um de seus sorrisos ternos para mim.
Eu queria morar naquele momento, naquele sorriso.
— Depois não diz que eu não te avisei! – Nick sussurra no meu ouvido e eu desmancho o sorriso que eu nem sabia estar carregando, enquanto encarava Chlöe que já havia quebrado o contado visual e se concentrado em um vaso e alguns papéis, e endireito minha postura.
— Do que você está falando? – Encaro ele impaciente, que apenas sorri sarcasticamente enquanto balança a cabeça negativamente. – Cansei de você! – Afasto-me dele indo em direção a saída.
Precisava de ar.
Precisava descarregar essa adrenalina e esse estrese que estava carregando.
Estava sufocando.

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S.W.A. 3 - As Decisões Da Nossa Verdade
RomantizmSinopse: [...] O cofre finalmente foi aberto e mais segredos foram revelados... e junto a eles mais problemas apareceram [...] - [...] Esses enigmas podem ser a resposta que todos sempre procuraram [...] - [...], mas também podem ser o fim de toda...