Matt
Olho para o teto e espero pacientemente os cinco minutos que faltam para o despertador tocar. Todo santo dia era assim... Levantar-se as quatro, correr, voltar para o alojamento, tomar café, treinar um novo grupo de agentes, solucionar os casos simples em que trabalho e manter meu emprego exatamente do jeito que está... Uma vida totalmente segura e sem surpresas. Não tão segura, já que usava uma arma na cintura, mas, mesmo assim, cada dia era extremamente calculado.
O que tem de errado em querer viver assim? O que tem de errado em querer um futuro tranquilo e morar numa casa de cercadinho branco?
Para a Louise tinha tudo... Era chato demais, seguro demais. Que graça tem em viver sabendo o que vai acontecer amanhã? Que graça tem em viver sem receber as honras pelo trabalho feito?
Foi exatamente isso que ela me disse quando terminou um relacionamento de anos para seguir uma carreira de modelo fora do país.
— Bom dia senhor! – Sarah, minha assistente, me recebe no corredor das áreas de treinamento com sua inseparável prancheta na mão. – Temos dois novatos hoje. Um deles é um antigo fugitivo do protocolo TEFA – Olho espantado. Esse protocolo havia sido abolido há mais de dez anos. Muitas das crianças que participava na época foram mantidas numa instalação da agência que funcionou como orfanato. Alguns, mais velhos, conseguiram fugir e nunca mais deram as caras, então eles reaparecerem eram eventos raros. Ainda mais para integrar à nossa equipe.
— E o outro garoto? – Eu pego a prancheta de sua mão para olhar a ficha dos novatos.
— Garota. E ela é um probleminha maior... – Toma sua prancheta da minha mão – Causou a maior confusão na delegacia que hackeou. Tudo para descobrir informações sobre um dos nossos casos. Algo relacionado a um pai que ela não vê há anos.
— Recruta com motivação pessoal... Não gosto disso! – Abro a porta de vidro que dava acesso a sala de treinos onde os dois novatos e mais cinco recrutas nos esperavam. – Bom dia!
— Bom dia, Senhor!
Treinamento diário, a parte que eu mais gostava. Para muitos ser treinador dos novos recrutas era como uma punição, mas esse era o lugar onde eu mais me sentia confortável... Ensinar sempre foi algo que eu gostei de fazer. Repassar meu conhecimento com a paixão que eu tenho pelo trabalho, fazia eu sentir que estava fazendo a minha parte com o mundo.
— Quem é ela? Não está na minha lista! – July me tira do transe – Espera! Por que ela está entrando por ali? Os meninos estão treinando na arena com os óculos de realidade virtual, ela vai se machucar! – Acompanho o olhar desesperado da morena, que agora já estava correndo para o autofalante que se ligava a arena de treinos para pedir que parassem as lutas.
— Clhöe? – Vejo quem é a moça que invadiu a sala e instantaneamente me ponho a correr em sua direção antes que seja atingida pelo bastão que um dos agentes tinha em mãos — Cuidado! – Empurro-a no chão, pouco antes de ser atingida, e seu fone de ouvido cai mais ao longe. Quem anda de fone de ouvidos em uma área de treinamentos? Alias... Quem anda em uma área de treinamento?
— Você é louco? – Me empurra para o lado.
— Está tudo bem, senhor? – Os meninos correm até nós depois de largar seus equipamentos no chão.
— Sim! – Levanto do chão analisando a figura pequena que recebia a ajuda dos dois recrutas. – Estão dispensados por hoje! – Eles se retiram da sala e eu observo mais uma vez aquela menina, que agora era uma mulher. Como ela havia crescido... Continuava atrapalhada como há três anos. – Quer ajuda? – Observo ela procurar algo agachada.
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S.W.A. 3 - As Decisões Da Nossa Verdade
RomanceSinopse: [...] O cofre finalmente foi aberto e mais segredos foram revelados... e junto a eles mais problemas apareceram [...] - [...] Esses enigmas podem ser a resposta que todos sempre procuraram [...] - [...], mas também podem ser o fim de toda...