Chlöe
Meu telefone toca pela trigésima vez, e eu ignoro.
Já passava do meio-dia e eu ainda estava na Agência. Havia dormido aqui, depois de uma madrugada cheia de esquisitices. Minha mãe tinha razão quando disse que ia ajudar, socar uns sacos de areia. Na madrugada, a Agência estava bem menos movimentada, imagino que eles também dormissem, então minha mãe me levou em alguns campos usados para treino, como um daqueles tatames rodeados por paredes de vidro e uma sala usada para tiro ao alvo. Eu parecia uma criança querendo copiar os movimentos que ela reproduzia, mas sem sucesso, é claro, já que a minha pontaria era horrível.
Depois de descarregar toda a raiva que eu tinha no momento, nós atacamos a cantina roubando alguns biscoitos e bebidas de lá, e logo em seguida encontramos com meu pai na sala da minha mãe. Ele havia comprado meu sorvete favorito, chocolate amargo trufado, e doce de leite, uma mistura que eu amava fazer desde pequena. Passamos horas assistindo uma série do History Channel, enquanto comíamos besteiras. Eles nem gostavam desses programas, mas assistiram até eu cair no sono no meio dos dois. Eu podia dizer que tinha os melhores pais do mundo neste momento.
Acordei há algumas horas em um quarto, parecido com o que Matt tinha me levado dias atrás para tomar um banho, mas nesse havia um pouco mais de personalidade, como se alguém morasse ali. Mais tarde descobrir ser o antigo quarto da minha mãe, que agora tinha uma cama de casal e era usado apenas caso ela ou meu pai precisassem tirar um cochilo.
— Espero que não seja seus pais te procurando! – Matt surge atrás de mim me dando um susto – Posso sentar-me? – Aceno positivamente para ele, que se senta na cadeira ao meu lado na cantina. Eu estava chamando atenção ali, não sei se por estar sozinha comendo um hamburguer com batata frita e um milkshake grande de café da manhã quase na hora do almoço, ou se por causa da minha cara inchada de tanto chorar e emburrada por todos os milhões de pensamentos que tinha.
— Ninguém está me procurando! – Falo mordendo minha comida com gosto, vendo meu celular tocar novamente e a foto de Isaac fazendo careta aparecer na tela – Quer dizer, ninguém que me importe. – Viro a tela para baixo a fim de evitar olhar para aquela foto estupida que eu havia tirado no dia em que ele tinha me pedido em namoro.
— Entendi! – Segura o riso e rouba uma batata minha, recebendo uma fuzilada – Sabe o que eu aprendi? – Ignora meu aviso e rouba mais uma batata – Que não adianta fingir que não gosta mais, ou que não se importa mais. É mais fácil você aceitar que gosta, mas que vai ter que parar de gostar eventualmente.
— Você parou de gostar? – Falo de boca cheia.
— Hoje, sim! Não que que não me importe, isso ainda me afeta, mas eu superei.
— Qual a receita? Me isolar de todo mundo? – Ele me olha assustado e eu percebo eu exagerei – Desculpa! Eu estou uma péssima companhia hoje.
— Por isso me afastei! – Ele dá um sorriso – Todos somos uma péssima companhia nessas horas.
— O que faz aqui no feriado? – Tento mudar de assunto – Vai trabalhar?
— Não! Só vim buscar uns relatórios. Meu time está de folga hoje, então aproveitei para fazer isso, sem ter que dar mais explicações por ter abortado a missão de ontem.
— Eu não pedi para minha mãe não prender ele, que isso fique bem claro! Por mim, você podia dar um tiro no meio da testa dele. – No fundo eu queria poder dar este tiro.
— Prender ele e o pai dele seriam o suficiente! Mas sua mãe mandou aguardar novas ordens, talvez ela mesma enfie uma bala na testa dele por você.
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S.W.A. 3 - As Decisões Da Nossa Verdade
RomanceSinopse: [...] O cofre finalmente foi aberto e mais segredos foram revelados... e junto a eles mais problemas apareceram [...] - [...] Esses enigmas podem ser a resposta que todos sempre procuraram [...] - [...], mas também podem ser o fim de toda...