Prólogo

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Nataly

— Será que é seguro tomar esse chá? – Cochicho – Esse tem um cheiro esquisito!

— E os outros não tinham? – Alex sorri para mim – E ela disse que esse era para ajudar a relaxar... Que mal pode fazer? – Bato em sua mão que levava a xícara a sua boca.

— Não significa que seja seguro beber! – Retruco – Eu ainda quero um marido vivo. – Dou um tapa em seu ombro e sua cara fingida de dor me faz dar um beijo em sua bochecha.

— Já disse que vocês são lindos juntos? – Jana entra na sala – É pedir muito ter essa ligação, que vocês têm, em nossas sessões?

Ainda é difícil olhar para ela sem estranheza...

Três dias sem dormir, duas semanas de interrogatório incessante e mais um mês de testes e regressões com essa versão riponga da minha mãe e eu ainda não sabia bem o porquê de estarmos tentando isso... Nem acreditávamos em hipnose.

— Podemos ir logo? – Alex se ajeita no sofá que dividíamos – Temos uma festa de aniversário na escola da nossa filha!

Não, nós não tínhamos uma festa de aniversário para ir, mas Alex, claramente, estava entediado com tudo aquilo.

— Nesse caso vamos começar logo! – Senta-se numa cadeira a nossa frente, pega um incenso e espalha pelo ar.

Lá vamos nós de novo... Ela nos hipnotiza (ao menos tenta) e faz a gente voltar à infância a fim de desbloquear a suposta memória que guardávamos em nosso subconsciente... A resposta para abrir o cofre, que supostamente ela mesma colocou lá quando éramos duas crianças.

— Você tem certeza de que nunca viu esses números? – Alex pergunta e eu tento segurar o riso ainda de olho fechado.

— Trabalhar com vocês quando crianças, foi bem mais fácil... – Resmunga – Vocês nem estão tentando! – Abro um dos olhos e vejo que ela está tomando o chá de cheiro esquisito recostada no sofá.

— Alex tem razão! Como é que você nunca viu os números? Se foi você que supostamente os colocou na nossa cabeça.

— Achei que já tínhamos passado da fase de interrogatório... Vão começar, de novo, com essa pergunta?

— Somos detetives! Esse é o nosso trabalho! – E tínhamos uma certa esperança, que um dia ela esquecesse ou desistisse desse teatro todo e nos contasse a verdade.

— Pela milionésima vez, eu não sei os números! Claudia me entregou dois envelopes e eu os entreguei a vocês. Eu nunca li o que estava neles.

— Ok! Vamos continuar! – Alex se ajeita no sofá desistindo de lutar contra e voltamos a sessão.

— Agora relaxem!

Abro meus olhos, depois de alguns minutos e estávamos sozinhos na sala. Eu dormi? Onde aquela mulher foi parar?

— E aí? Como foram? – Kátia entra na sala assustando Alex, que ainda tinha os olhos fechados.

— Do mesmo jeito que tem sido o último mês, sem progresso. – Levanto frustrada.

— Jura? Do jeito que ela saiu feliz da sala, imaginei que tinham conseguido algo.

— Ela é louca, mãe! – Alex levanta nervoso – Eu não sei por que ainda fazemos isso. – Começa a andar de um lado para o outro – A gente devia estar cuidando da Agência e das nossas filhas e não perdendo duas horas do dia numa sala de interrogatório cheia de velas, tentando descobrir o que tem naquele bendito cofre. Se ela quisesse que ele fosse aberto, teria deixado essa senha anotada em algum lugar mais fácil do que dentro das nossas cabeças. – Encaramos Alex, assustadas.

S.W.A. 3 - As Decisões Da Nossa VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora