Capitulo 13

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Era tudo maravilhoso. Meus olhos iam se abrindo lentamente enquanto eu sentia os lençóis quentinhos sob mim. Os braços de Mart me aqueciam, assim como seu peito em minhas costas. Devido a noite, o quarto estava escuro, fazendo com que meus olhos demorassem para se acostumarem e poderem enxergar um pouco. 

Pisquei algumas vezes, coçando os olhos. O cheiro de Mart estava em todo meu corpo e aquilo só me reconfortava. Virei-me lentamente, fitando a janela, fazendo com que Martin - que dormia como uma pedra - me libertasse de seus braços, virando-se para o lado contrário. Eu encarava a lua do lado de fora, que iluminava pouca parte da janela e menos ainda o que estava perto da mesma. Porém não foi preciso muita luz para que eu enxergasse a poltrona na qual me sentei quando cheguei ao quarto. Minha boca secou no mesmo instante e meus olhos travaram naquele foco. Meus dedos pareciam paralisados, assim como todo meu corpo, fazendo com que eu tivesse a mesma sensação quanto ao meu coração e pulmões. Puxei o lençol para mim, numa tentativa inútil de cobrir parte do meu corpo. Tudo parecia girar, não fazer sentido. Só podia ser o pior dos pesadelos. 

Os olhos de Zayn me fuzilavam. Só faltavam soltar uma luz vermelha para que ele completasse a imagem de um demônio à minha frente. Suas mãos estavam entrelaçadas e os dedos indicadores estavam juntos levados à boca. Os cotovelos apoiavam-se cada um em cada braço da poltrona e uma de suas pernas permanecia cruzada sobre a outra. Eu só via menos da metade de sua figura com clareza, mas era o suficiente para eu desejar sumir naquele momento. Só então lembrei de Mart ao meu lado, e minha boca - que antes estava seca - agora enchia d'água, assim como meus olhos, enquanto meu estômago dava sinais de que libertaria tudo dentro dele. Mordi o lábio inferior com tanta força para não vomitar que comecei a sentir gosto de sangue. Pelas minhas bochechas, eu sentia finas lágrimas descendo... estava tudo fodido. Eu, Mart, Lou e Harry teríamos que sofrer com a consequência. 

- Você é imunda. - Zayn disse cada palavra com convicção, emanando repulsa não só na voz, mas na expressão. Aquelas palavras pesaram, obviamente, dentro de mim. Eram cruéis, mas eu tinha a certeza absoluta de que eu merecia ouvi-las. Sim, eu era imunda e já fazia tempo. Esta frase se repetia em minha mente, ecoando, como se eu tivesse tido uma parada de funcionamento acidental, mas ao invés de ser a voz de Zayn ecoando pela minha mente, era a minha culpando-me pela puta tolice que cometi. - Tem dez segundos para sair da minha frente. - Disse no tom necessário para que só eu escutasse. Me levantei com pressa no mesmo instante, curvada, com os braços juntos ao peito na tentativa de esconder parte dos meus seios. Corri catando minhas roupas, mas deixei o chanel vermelho no quarto. Não tinha tempo de escrever um bilhete ou algo do gênero para me despedir de Martin, mas não o queria achando que tinha sido apenas uma alucinação novamente. 

Vesti minha calcinha com pressa, colocando a blusa. Zayn se levantou, então segurei o par de sapato, a calça e a jaqueta de couro e o resto das coisas, me direcionando à porta. Quando a abri, ouvi a voz de Zayn, que ainda permanecia de pé. 

- Niall está lá embaixo te esperando. Não tente nenhuma idiotice, se não aparecer lá em dez segundos, tenho a ordem de te... - Não o deixei continuar. Fechei a porta do quarto com cuidado, sentindo o chão sob mim sumir. Zayn seria capaz de matar e essa certeza aumentava minha dor. Mas eu não tinha tempo para simplesmente parar no corredor e chorar, muito menos para vestir uma calça de couro, então corri para fora do apartamento, entrando direto no elevador. Me olhei no espelho, vendo meu cabelo bagunçado e como eu estava "vestida": parecia uma puta expulsa da casa de algum homem casado pela mulher do mesmo. Aquilo arrancou de mim um riso inusitado, me fazendo esquecer da realidade na qual eu me encontrava. Ao ouvir as portas abrindo-se novamente, encontrei Niall, de pé, à frente do elevador. Ele tinha a expressão fechada quase igual a de Zayn, mas de alguma maneira seu olhar me passava um ar de divertimento, como se aquela correria toda fosse excitante para ele. Niall me deu as costas e eu o segui. Não vi Lou nem o carro usado para chegar aqui, o que me causou um desespero maior. Logo outro pensamento me veio à cabeça: Martin. O que Zayn estaria fazendo com ele lá em cima? Eu não fazia a mínima ideia. Só sei que entrei em um outro carro, uma BMW preta, na parte de trás. Niall entrou na frente, no carona, e eu nunca desejei tanto ver Zayn. Não no bom sentido, mas quanto mais tempo ele passava no apartamento de Martin, mais tortura eu imaginava para ele, o que me matava. 

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⏰ Última atualização: Feb 03, 2015 ⏰

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