Capitulo 3

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Eu estava com fome, não havia comido nada desde o café da manhã. Me levantei lentamente de minha cama, tonta. O crepúsculo lá fora parecia mais vivo do que nunca, não soube por quê. Saí do meu quarto, descendo para a cozinha. Courtney estava lá e não estava sozinha. Fiquei estática, não sabia o que fazer, não sabia se era um sonho ou se eles dois me viram. Simplesmente não pude acreditar na cena que eu presenciava, e não, eles não me viram, porque continuaram se amassando na pia. Se eu já estava enjoada pela fome, agora parecia que eu ia vomitar o nada que havia no meu estômago. Saí dali para não passar vergonha ao ser vista.

Courtney e Zayn se amassando na cozinha. A ficha não havia caído e minha fome não ia passar tão facilmente. Pelo visto, nem minha inexplicável raiva passaria. Subi correndo para meu quarto e troquei de roupa, vestindo a primeira que vi no closet: um vestido vermelho tomara-que-caia balonê que ia até o meio das coxas e coloquei um casaco preto da GAP, calçando meus chinelos logo em seguida. Saí do quarto com minha bolsa, e desci novamente, fazendo barulho para que qualquer um na casa soubesse da minha existência. Abri a porta da frente, dando de cara com Martin sentado na escada da porta. Olhei-o sem entender.

- Ah, oi. - Ele isolou o cigarro que estava em sua mão, tímido. Forcei um sorriso educado.

- Oi. - Falei, passando a mão pelos cabelos.

- Aonde vai? - Martin perguntou, me olhando. Dei de ombros.

- Comer algo... - Respondi. - Tchau. - Falei, começando a andar.

- Quer companhia? - Ele se levantou, tirando as chaves do bolso. Dei de ombros novamente, sorrindo.

- Pode ser. - Fomos até o Roll preto que estava estacionado fora da garagem e entramos. Ele ligou o som e Asthenia, do Blink-182, começou a tocar. - Está fazendo faculdade pra quê? - Perguntei, fuxicando seus cds. Ele tinha bom gosto musical.

- Fotografia. - Sorriu. - Mas não vou ser um fotógrafo falido - Filho, nem que você fosse gari você seria falido, olha sua família! -,vou trabalhar no estúdio da minha mãe.

- Hum... - Murmurei.

- E você? Vai fazer pra quê? -Martin fazia muitas perguntas para meu gosto, mas era só o rumo que o assunto tomava.

- Não sei ainda... - Rimos. - Provavelmente algo que deixe meus pais felizes. - Respondi, lembrando dos meus pais. Me senti uma criança por ter sentido saudades deles, sendo que estava há poucos dias fora de casa.

- E quanto a você? - Outra pergunta. O olhei, sem entender. - Digo, não quer nada que a deixe feliz?

- Sim, mas... - Eu não soube responder. Ele tinha razão, eu não pensei em mim, o que era frequente quando se tratava do meu futuro. Suspirei em derrota e Martin riu.

- Desculpe. - Falou, me olhando quando o carro parou no sinal.

- Não é culpa sua. - Sorri. - Aonde vamos? - Me lembrei de que não sabia aonde íamos.

- Starbucks, sei lá. - Ele deu de ombros. - Pode ser?

- Okay. - Virei para frente, em silêncio. Martin aumentou o som, percebendo que eu queria ficar calada e apenas a música acabava com o silêncio. A imagem de Court e Zayn se beijando na cozinha invadiu minha mente de novo.

"- Court? Quanta intimidade. - Encostei a cabeça na janela do carro, com vontade de vomitar.
- Você nem imagina... - Sr. Malik disse, rindo."

Essa lembrança ecoava na minha cabeça enquanto a imagem dos dois a acompanhava como um tipo de filme macabro. Fechei os olhos com força, me sentindo perturbada com aquilo tudo. Tombei a cabeça na janela fria, tentando organizar meus pensamentos.

Síndrome de EstocolmoOnde histórias criam vida. Descubra agora