Capítulo 5

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Maria já estava aqui em casa e estávamos nos arrumando. Eu havia contado a ela, chorado um pouco, mas Mah conseguiu me acalmar e me animar. Só havia um problema: Martin ainda estava sumido. Talvez ele estivesse na casa de um dos amigos ou algo do tipo. Eu terminei de vestir uma calça jeans skinny preta com uma blusa verde escura e scarpin e arrumei meus cabelos, deixando-os soltos. Lápis de olho, rímel, blush e gloss foram suficientes e discretos. Do jeito que eu gostava. Maria usava um vestido cinza que ia até as coxas e sandálias pretas baixas. Seus cabelos estavam presos num rabo de cavalo simples.

- Cadê a sra. Peterson? - Mah perguntou, arrumando as coisas.

- Trabalhando, né. - Respondi, ajudando-a. Alguém bateu na porta, fui até a mesma e a abri. Zayn estava arrumado novamente, me olhando com um olhar vazio.

- Eu estou saindo daqui a cinco minutos. - Falou e saiu andando. Suspirei, fechando a porta. Mah me olhou, pronta.

- Courtney vai sair como? - Perguntou, relevando minha cara de bunda pelo ato dele. Ri, sincera.

- Mike a buscou, já. - Respondi. - Vamos logo, não quero irritarZayn... não mais. - Ela pegou sua bolsa e nós descemos as escadas, indo até o Jaguar. Entramos atrás e Zayn, assim que fechamos a porta, acelerou com tudo. Nem sequer me olhar pelo retrovisor ele olhava. Mas era melhor assim, para mim e para ele. Por mais sem graça que pudesse ser, era o certo.

- Hey, conseguiu falar com Martin? - Mah me perguntou e eu fechei o flip do celular.

- Er, não... Droga, eu tô morrendo de preocupação. - Mordi o lábio inferior. - Ele não faltaria ao show.

- Com certeza ele vai estar lá. - Ela sorriu, confiante. Não pude deixar de retribuir o sorriso. Ao chegarmos, Zayn estacionou e nós duas saímos do carro. O pub estava cheio e eu desejava mais do que nunca que uma daquelas pessoas fosse Martin.

- Milane. - Zayn me chamou enquanto eu e Mah íamos para dentro. Ela parou, me esperando e eu fui até ele.

- Sim? - Perguntei, sem olha-lo.

- Vou estar estacionado no outro lado da rua. - Disse, girando as chaves na mão.

- Por quê? - Perguntei, não querendo andar, depois de estar exausta num show, até o outro lado da rua.

- Tem mais prostitutas facilmente lá. - Bufou irônico.

- Zayn, eu... - Falei, finalmente olhando-o. Mas ele me deu as costas e entrou no carro, me ignorando, e acelerou. Bufei e andei até Mah novamente e entramos no pub. Estávamos um pouco atrasadas e eu ouvi a música dos meninos já tocando. Era a única que eu conhecia, a que Martin tocou para mim. Andei rápido pelas pessoas, me perdendo de Mah, na esperança de vê-lo lá em cima cantando. E sim, ele estava lá. Um alívio percorreu meu corpo, ele estava bem, pelo menos parecia bem. Sorri, contente. Mas lembrei de Zayn e meu sorriso se foi, meu corpo pediu por um pouco de álcool. Andei até o bar e me sentei no único banco vago. Pedi uma cerveja, não queria exagerar. Enquanto via Martin cantando, eu bebia sem nem perceber que bebia rápido demais e bebia muito. Olhei para o balcão e vi quatro garrafas. Estranhei, recontando. Merda, não podia ficar bêbada, não naquele dia. Me levantei, um pouco tonta, indo ao banheiro. No caminho, vi Maria com um garoto, conversando. Acenei e ela retribuiu, sorrindo. Voltei para o meu caminho de pessoas até o banheiro, finalmente inalando um cheiro agradável lá dentro. Me olhei no espelho e lavei o rosto, secando-o em seguida. Parando para pensar em tudo na minha vida, tudo parecia perfeitamente bem: eu, uma brasileira filha de um italiano e uma brasileira ricos, estava em Londres a intercâmbio e tinha feito sexo com um motorista. Digo, o que tem de ruim nisso tudo? Por que essa merda de vazio? Eu era ingrata, era isso? Uma garota tipo Courtney, fútil, como Zayn disse? E por que ele teria razão? Ele não precisava ficar puto comigo só porque fiz sexo com ele por um certo interesse. Sendo que eu queria, tinha certeza disso, mas era melhor ele não saber mesmo. Enxuguei o rosto com o papel e saí de lá de dentro. Aquele cheiro de cigarro, bebidas e de sujeira invadia minhas narinas e tudo o que eu queria agora era estar deitada em uma cama com cheiro de amaciante. Voltei para meu lugar no bar, tendo mais vontade de um pouco de álcool. Só mais um pouquinho não faria mal... Pedi, agora, tequila. Não ardia tanto quanto ardia quando eu bebia sóbria, logo eu continuei bebendo. Um enjôo tomou conta de mim e a tontura chegou.

Síndrome de EstocolmoOnde histórias criam vida. Descubra agora